Citas

Definição

Patrick Scott Smith, M. A.
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 18 Março 2021
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Disponível noutras línguas: Inglês, africâner, Chinês, holandês, francês, alemão, grego, italiano, espanhol
Scythians (by Simeon Netchev, CC BY-NC-SA)
Citas
Simeon Netchev (CC BY-NC-SA)

Os Citas eram um povo nômade cuja cultura floresceu entre os séculos VII e III a.C. num território que abrangia desde a Trácia, no oeste, através das estepes da Ásia Central, até as Montanhas Altai, na Mongólia, a leste. Trata-se de uma área com cerca de 4.000 km de extensão. A geografia das planícies abertas e desertos das estepes e das extensões de vegetação típica nas quais se deslocavam levou-os a optar por um modo de vida pastoril, ao invés do sedentarismo resultante da produção agrícola. Como resultado, estes nômadas das estepes tinham poucos centros urbanos e um estilo de vida correspondente: cavalgando, cuidado de rebanhos e vivendo em carroças cobertas.

Origens

Os citas tinham uma identidade cultural comum expressa em seu nomadismo guerreiro, forma de governo e arte e vestimentas únicas.

Ainda que haja muito debate sobre as origens das populações citas, “Heródoto afirma, e a maioria dos estudiosos modernos concorda, que eles vieram [do oeste] da Ásia para a Europa através do grande corredor da estepe” (A. Yu Alexeyev, Schytians, 23). Ainda assim, no século I a.C., o historiador grego Diodoro Sículo declarou que os citas inicialmente vieram do norte, do Rio Araxes, na Armênia. Outra convicção moderna é a de que eles vieram do sul “em várias ondas das estepes do Volga-Ural para o norte do Mar Negro” (A. I. Melyukova, Scythians and Sarmatians, 99). Escrevendo no século V a.C., Heródoto também mostra os sármatas separando-se dos citas do Mar Negro e indo para o leste. Então, recentes descobertas arqueológicas em Tuva, nas montanhas Altai, que datam um povoado cita no final do século IX a.C., sugerem origens orientais. Porém, como os cronistas chineses do século I d.C. falam de seus cabelos vermelhos e olhos azuis, as características caucasianas e idioma indo-europeu apoiam uma origem na Idade do Bronze no oeste, provavelmente dos celtas.

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Considerando a fluidez de movimentos que a estepe da Ásia Central permite, não é de surpreender que tantas migrações existentes a partir de locais diferentes tornem difícil apontar com precisão estas origens. No final das contas, é até possível que, após uma expansão ampla a partir do oeste, houvesse de fato migrações subsequentes de muitos pontos de origem. Ainda que sua origem seja debatida, um consenso geral identifica as culturas citas das estepes eurasianas em sua maior parte composta por quatro grupos principais:

  • Citas pônticos, em torno do Mar Negro
  • Sármatas, do norte do Mar Cáspio e rios Don e Volga, na atual Rússia
  • Masságetas, nas estepes desérticas da Ásia Central
  • Saka, no leste da Ásia Central

Todos os quatro compartilhavam uma identidade cultural comum, expressada no nomadismo guerreiro, forma de governo e arte e vestimentas específicas.

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Scythian Territorial Expanse, c. 700-300 BCE
Expansão Territorial dos Citas, c. 700-300 a.C.
Simeon Netchev (CC BY-NC-SA)

Arte da Guerra Cita

O equipamento militar dos citas incluía um amplo conjunto de armas. Além de disparar flechas enquanto cavalgavam, também usavam machados de batalha, bastões, lanças, espadas, escudos e, para proteção pessoal, armaduras com escamas e elmos. Devido à habilidade coletiva de permanecer em movimento e à cavalaria ágil, Heródoto diz que os citas eram “invencíveis e impossíveis de abordar” (História, 4.46). Com tal armamento e habilidade tática, não é surpreendente que várias nações solicitassem com frequência os serviços militares deste povo.

Em 490 a.C., os arqueiros montados saka ajudaram os persas contra os gregos na Batalha de Maratona e novamente na Batalha de Plateia, em 479 a.C. Os guerreiros citas estavam igualmente na lista dos que se juntaram a Dario III (r. 336-330 a.C.) contra Alexandre, o Grande (356-323 a.C.) na Batalha de Gaugamela, em 331 a.C. O historiador romano Apiano mostra “príncipes citas” do Mar Negro, fundamentais para a vitória de Pompeu, o Grande (106-48 a.C.) contra Mitrídates VI (r. 120-63 a.C.), em 63 a.C (Mithridatic Wars, 17.119). Além disso, como primos e vizinhos dos partos, os citas vieram ajudar a Pártia quando, após uma disputa dinástica, o rei parto Sinatruce I (r. c. 75-69 a.C) foi instalado no trono com seu apoio. De acordo com Cássio Dio, os citas também desempenharam um papel vital ao auxiliar Artabano I (r. 12-38/41 d.C.), ele mesmo meio cita, a garantir a Armênia para a Pártia (57.26). Tácito apoia esta alegação ao relatar Artabano "reunindo auxiliares na Cítia" antes de travar batalha (Anais, 6.44.1).

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Scythian Warriors
Guerreiros Citas
1900 edition of Encyclopedie Larousse Illustree (Public Domain)

Porém, os citas não eram apenas coroadores de reis ou fortes aliados. A mais espetacular vitória dos citas ocorreu talvez contra o Império Aquemênida Persa. Com uma estratégia de desgaste - conduzir o inimigo profundamente em território amigo, estender as linhas de suprimentos e táticas de ataques e fugas rápidas e emboscadas, eliminando os oponentes com flechas disparadas por cavaleiros -, os citas frustraram a incursão de Dario, o Grande (r. 522-486 a.C.) em sua região. Isso deu-lhes a reputação de serem invencíveis. Em acréscimo a esta vitória, Ateas (429-339 a.C.), rei dos citas pônticos, expandiu os interesses do seu povo até a Trácia, estabelecendo o alcance deles ainda mais a oeste, dos rios Don ao Danúbio.

Após a derrota de Ateas e a morte nas mãos de Filipe II da Macedônia (r. 359-336 a.C.), em 339 a.C., e após serem apanhados numa armadilha no rio Jaxartes por Alexandre, o Grande, os citas jamais recuperariam sua reputação como inconquistáveis. Mais golpes vieram quando os citas tentaram tomar o monopólio comercial dos gregos no Mar Negro, atacando suas colônias. Vindo em socorro dos gregos no final do século II a.C., Mitrídates VI administrou uma devastadora derrota aos invasores, assim como os romanos em 63 a.C., quando os citas novamente atacaram o Quersoneso. Finalmente, durante o século IV d.C., os citas desapareceram completamente dos registros históricos ao serem derrotados pelos hunos e assimilados pelos godos.

Governo Cita

Ainda que Heródoto se refira a "reis", alguns pelo nome, como a maior parte dos povos tribais, o governo cita consistia mais numa confederação de tribos e chefes. A estrutura confederada tribal cita fica clara no relato de Heródoto da invasão persa, quando Dario provocou o maior rei da Cítia, Idantirso, a ficar e lutar ou "entrar em acordo com seu senhor". O soberano cita respondeu que este não era o estilo de guerra do seu povo; eles combateriam em seus próprios termos. Mas quando outros "reis citas" ouviram a ameaça de Dario, eles ficaram apopléticos. Imediatamente implementaram táticas de ataque-e-fuga. Em seguida, tentaram destruir a ponte que os persas usariam para escapar. Embora tenham fracassado nesse intento, a convocação dos reis para a ação levou Dario a se retirar da região (História, 4.126-142). No fim das contas, o relato de Heródoto revela que, enquanto um rei ou chefe maior representasse a nação cita na correspondência entre notáveis, outros subchefes também exprimiam sua opinião e tinham voz ativa na tomada de decisões.

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Kul-Oba Beaker
Taça Kul-Oba
Joanbanjo (CC BY-SA)

Tão importante quanto sua estrutura tribal, a organização comunitária dos militares citas é um aspecto não celebrada de seu sucesso. Uma taça dourada manufaturada no século IV a.C. do kurgan Kul'-Oba, na Crimeia, mostra soldados acampados. Enquanto dois deles, com lanças e arcos à mão, parecem contemplar seu destino na ação que se aproximava, um demonstra como esticar um arco; outro remove o dente de um camarada, enquanto um terceiro põe bandagens na perna ferida de um soldado. Outro artefato de ouro em relevo do mesmo kurgan demonstra um ritual comum, no qual dois guerreiros bebem juntos de um chifre. Tais representações revelam estilos de vida cujo objetivo é instilar um propósito compartilhado e camaradagem entre os soldados, pois indivíduos lutando por amigos contra inimigos criam uma frente de batalha mais unida e resiliente. Ainda assim, mesmo que a lealdade entre soldados fosse de fato robusta, o grupo em si era leal à sua tribo e ao seu chefe.

Nomadismo e Arquitetura Cita

Embora não sejam conhecidos por sua infraestrutura, isso não significa que faltava aos citas estilos arquitetônicos adequados às suas necessidades. É amplamente aceito que eram completamente nômades, mas Heródoto menciona dois outros tipos de citas: os tipos “reais” e “rurais”. Mais do que cultivo de subsistência, alguns fazendeiros, de fato, vendiam ou exportavam seus produtos. Não somente estes teriam construídos habitações permanentes mas, uma vez que seus esforços eram provavelmente cooperativos, também devem ter desenvolvido povoados. Ao norte do Mar Negro, nas vizinhanças do atual Rio Dnieper, Heródoto menciona fazendeiros habitando uma terra com largura de “três dias de viagem” e comprimento de “onze dias de jornada” (História, 4.17-20). O tamanho deste distrito reflete uma demanda significativa de grãos. Em termos arquitetônicos, tais empreendimentos também requeriam um sistema de armazéns para estocagem e estradas para pontos de transferência.

As carroças cobertas dos citas eram puxadas por parelhas de bois e podiam ter dois ou três aposentos.

Quanto aos Citas Reais, além da arquitetura de seus outeiros fúnebres, chamados kurgans, compostos de aterros cuidadosamente aplainados e catacumbas, parece que também residiam com algum grau de permanência em povoados fortificados. O tamanho das fortificações da fortaleza de Bel'sk, no vale do Rio Dnieper, na Ucrânia, não somente reflete a conquista de uma superestrutura significativa (32 km de circunferência), mas também indicações de que abrigava um centro de manufatura, riqueza e comércio disseminado. Mesmo assim, como atestam as fontes antigas, os citas eram em sua maior parte nômades. Mais do que uma fonte menciona suas casas sobre rodas. Estas carroças cobertas eram puxadas por parelhas de bois e podiam ter dois ou três aposentos. Dependendo do posto do ocupante, os pisos e paredes podiam ser adornados de maneira opulenta. Desta forma, quando reunidas, estas carroças teriam a aparência de uma cidade.

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A Cultura Cita: Arte, Música e Indumentária

Muito do que aprendemos sobre a cultura cita provém dos recentes achados em kurgans ao norte do Mar Negro. Enquanto as fontes antigas se concentram em seu caráter guerreiro e nômade, os produtos fúnebres adicionam outro nível de compreensão em sua admirável sofisticação cultural e vitalidade social. Além do nível de artesanato intrincado exibido em ouro cintilante, muitas peças contam histórias e, assim, um simples pente é confeccionado para mostrar guerreiros em combate feroz. Um peitoral ou gorjal [parte de uma armadura que protege o pescoço] do kurgan Tolstaya Mogila traz no registro superior cenas do cotidiano com minuciosos detalhes segmentados: a ordenha de uma ovelha, dois homens costurando uma camisa, o cuidado com bezerros e potros. Em contraste, o registro inferior mostra cenas dramáticas de presas e predadores, com gatos derrubando um veado e grifos mordendo e cravando as garras em cavalos. Em locais específicos próximos ao pescoço há cabras, coelhos, cães, gafanhotos e aves em miniatura.

Scythian Golden Pectoral from Tovsta Mohyla
Peitoral Dourado Cita de Tovsta Mohyla
Terminator (Public Domain)

Assim, os artefatos do Mar Negro oferecem instantâneos únicos, algumas vezes dramáticos, da moda, interesses, crenças, hábitos e cenas do cotidiano dos citas como poucos artigos fúnebres o fazem. Muitos, como o gorjal, ostentam temas de presa e predador, mas gatos deitados ou veados reclinados também são comuns. O gosto cita varia entre a captura admiravelmente realista do sujeito retratado em meio à ação e a apresentação abstrata da realidade. Desta forma, um veado ou gato podem ser retratados acuradamente ou altamente estilizados.

Equivalente ao seu gosto imaginativo no outro, "as tumbas congeladas do Altai fornecem uma visão incomparável da vívida exuberância da indumentária nômade: o amor ao brilho, cores contrastantes e decorações intrincadas formadas pela costura, bordado e cortes de couro anexados" (Cunliffe, 207). Outros itens da indumentária incluem sapatos intrincadamente embelezados, calças, mangas e uma capa feminina com uma borda de pele. Da mesma forma, a sofisticação de seus trajes igualava-se à apreciação pela tatuagem. Os conhecedores da tatuagem dos dias atuais apreciariam o talento artístico preciso apresentado nos braços de um indivíduo em Pazyrk. Indelevelmente tatuadas estão imagens abstratas de gatos, veados, carneiros, antílopes e cabras enroscados.

Mummy of the Ukok Princess
Múmia da Princesa Ukok
Kobsev (Public Domain)

Adicionalmente, enquanto as descobertas do Mar Negro revelam a escolha prática de calças e túnicas para os cavaleiros num clima frio, também mostram o amor dos citas pela música e dança. Alguns objetos trazem dançarinas eróticas (novamente capturados com maestria em meio à ação), oscilando com a música. No kurgan de Sachnovka, descobriu-se uma faixa dourada de cabeça que mostra um homem tocando lira. Flautas de pã, fabricadas com ossos de pássaros, foram achadas no kurgan 5, em Skatovka. Em vários túmulos de Pazyryk desenterraram-se tambores de chifre de boi, além de um maravilhoso achado, um instrumento parecido com uma harpa que tinha pelo menos quatro cordas, no kurgan 2. Barry Cunliffe o descreve como “feito de um único ressonador oco de madeira, a parte média do instrumento estava coberta por uma caixa de ressonância de madeira, enquanto membranas de ressonância estendiam-se sobre a parte aberta” (226-27). Os tons emitidos por este instrumento, quando tocado por um músico talentoso, devem ter sido admiráveis.

Origens Religiosas

Uma das coisas que os achados nos kurgans citas revelam é a crença na vida além-túmulo. Além dos objetos artísticos, itens colocados no interior dos outeiros para a elite falecida incluem armas, armaduras, partes de carroças, tapetes, tecidos de vários tipos, apetrechos domésticos, alimentos e vinho selado em ânforas. Tanto cuidado e provisões para os mortos refletem, como afirma Renate Rolle, “uma expectativa do mundo vindouro” (The Scythians, 118).

A adoração e o simbolismo dos elementos integravam todo o sistema de crenças dos citas.

Como todas as culturas antigas, a adoração e o simbolismo dos elementos integravam todo o sistema de crenças dos citas. Graças à extensão plana da estepe sobre a qual pisavam, uma característica proeminente do seu cotidiano era o céu, que se encontrava com a terra no horizonte. Outra característica manifesta, da qual a estepe eurasiana oferece pouco escape, era o sol. E, é claro, havia também o fogo. Garantindo a segurança contra animais selvagens à noite e utilidade prática durante o dia, na cozinha e metalurgia, o fogo nos tempos antigos tornou-se essencial e tinha uma considerável importância simbólica. Não é surpresa, portanto, que a terra, céu, sol e fogo tivessem valor teológico em particular para os citas. Também não surpreende que, em sua réplica a Dario, Idantirso tenha afirmado que Héstia (deusa do fogo) e Zeus (deus do céu) fossem os únicos deuses para os quais se ajoelharia (Heródoto, História, 4.127.4).

Heródoto relata oito divindades veneradas pelos citas. Além de Héstia e Zeus, conhecidos pelos citas como Tábitis/Tabiti e Papéus/Papaios, havia Ápis (mãe terra), Etósiros/Oitosyros (Apolo) e Artimpasa/Argimpasa (Afrodite) Embora Heródoto omita seus nomes, também menciona Hércules, Ares e Poseidon. Estas divindades representavam elementos com os quais os citas estavam familiarizados: Ares associava-se à guerra e Apolo ao sol. O panorama da terra-encontra-o-céu expressa-se na crença de que quando o deus do céu, Papéus, uniu-se à Mãe Terra, todos os outros deuses nasceram. Pouco é conhecido sobre ela, mas acredita-se que o equivalente cita de Afrodite era Artimpasa, cognato de Arti, a deusa iraniana da abundância material. Finalmente, com referência a um elemento essencial ao seu sucesso militar, o cavalo, Heródoto menciona Tamimasadas como equivalente a Poseidon, não como um deus do mar, e sim como patrono dos equinos.

Heródoto compreendia a crença cita da perspectiva do panteão grego, mas afirma que os citas não tinham imagens, altares ou templos. E, de fato, os achados dos kurgans revelam poucos deuses e, em alguns casos, somente de Artimpasa, a mãe-deusa. Conforme menciona Cunliffe, “As divindades dos mais altos escalões do panteão não parecem ter sido antropomorfizados, ou pelo menos não existem representações conhecidas com certeza” (276).

As Mulheres-Guerreiras Citas: A Conexão com as Amazonas

Finalmente, um maravilhoso aspecto do estudo dos citas é o papel eminente que as mulheres desempenhavam na vida militar e política de seu povo. Sem precedentes até os tempos modernos, parece que algumas conseguiram – como grupo – status social igual a de seus homens. A história das Amazonas encontrou seu caminho até a cultura moderna (Mulher Maravilha), mas a veracidade de sua existência há muito tem sido debatida. O relato de Heródoto conta a história de uma raça estrangeira de mulheres-guerreiras vindo da região costeira da Cítia. Como grupo, elas mantinham sua independência, mas eventualmente uniram-se a um bando de jovens enviados pelos anciãos citas. Embora falassem idiomas diferentes, os dois grupos viajaram para leste para fundar sua própria tribo. Heródoto afirma que os sármatas foram o resultado desta união, falando um idioma híbrido cita. Desta forma, estas mulheres-guerreiras ferozes mantiveram sua independência seguindo os costumes antigos, frequentemente caçando por conta própria e guerreando junto com seus homens. Também proibiam as filhas de se casar até que tivessem morto um homem em combate (História, 4.110-117).

Amazonomachy Detail
Detalhe da Batalha com as Amazonas
Daderot (Public Domain)

Apiano confirma o status soberano e guerreiro das mulheres citas. Quando descreve o triunfo romano de Pompeu pela vitória sobre Mitrídates VI, ele inclui na procissão de reis e generais capturados "mulheres governantes da Cítia" (Mithridatic Wars, 17.116-17). O fato de Apiano mencionar líderes femininas, no plural e como contemporâneas, indica um status amplo, compartilhado, comum e cooperativo de governança. Adicionalmente, a referência de Heródoto a Tómiris, a rainha-guerreira dos citas, derrotando Ciro, o Grande (c. 600-530 a.C.) em batalha, séculos antes, sugere novamente uma tradição de soberania feminina (História, 1.205-14).

O registro de sítios arqueológicos indicam igualmente um status amplo e guerreiro, senão soberano, para as mulheres citas. Em 1993, nos limites mais orientais da confederação cita, em Ak-Alakha, no platô Ukok das montanhas Altai, escavadores descobriram um local de sepultamento de uma rica mulher cita. Como era a principal figura do sítio, sepultada com objetos de status, cercada por seis cavalos arreados, parece provável que fosse ao menos uma das principais integrantes da elite de seu povo. Finalmente, de acordo com Cunliffe, no território sármata, "um quinto dos túmulos de guerreiros escavados que datam do quinto até o quarto século são de mulheres, enquanto no território cita são conhecidos mais de quarenta túmulos de guerreiras" (219).

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Perguntas e respostas

Quem eram os Citas?

Os citas eram um povo nômade/pastoril, que percorria as estepes da Ásia Central como uma confederação de tribos, vivendo em carroças. Falavam uma linguagem indo-europeia e compartilhavam uma cultura material que incluía vestimentas elaboradas, arte corporal com animais tatuados, amor pela música e dança e uma religião que venerava os elementos de maneira antropomorfizada.

Pelo que os citas são famosos?

Na Antiguidade, os citas eram conhecidos por sua perícia militar como guerreiros nômades a cavalo. Após a descoberta de seus outeiros fúnebres em épocas modernas, também se tornaram famosos pelas suas excelentes obras de arte em ouro, seja com motivos naturais ou abstratos.

Quem são os descendentes dos citas?

Não existe consenso acadêmico no que se refere aos descendentes dos citas, pois eles desapareceram dos registros históricos.

Bibliografia

A World History Encyclopedia é um associado da Amazon e recebe uma comissão sobre as compras de livros elegíveis.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Patrick Scott Smith, M. A.
Patrick Smith, M.A., apresentou pesquisas para as Escolas Americanas de Pesquisa Oriental e a Academia de Ciências do Missouri. Como redator da Associação para o Estudo Científico da Religião, ele ganhou o Prêmio Frank Forwood de 2015 por Excelência em Pesquisa.

Citar este trabalho

Estilo APA

A., P. S. S. M. (2021, Março 18). Citas [Scythians]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-645/citas/

Estilo Chicago

A., Patrick Scott Smith, M.. "Citas." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação Março 18, 2021. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-645/citas/.

Estilo MLA

A., Patrick Scott Smith, M.. "Citas." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 18 Mar 2021. Web. 02 Mai 2024.