Poseidon foi o deus Grego dos mares e rios, criador das tempestades e enchentes, condutor de terremotos e destruição. Ele provavelmente foi o deus antigo mais conflituoso, mas nem sempre foi uma força negativa. Ele era protetor dos Marinheiros, e por ser um domador de cavalos, o deus era também considerado patrono desse animal e da procriação do mesmo. Os Romanos o batizaram de Netuno.
Origens e Família
Cultos a Poseidon foram registrados já na parte final da Idade do Bronze e na civilização Micênica (que tiveram o seu auge entre os séculos 15 e 12 a.C.), algo que é comprovado por inscrições em Linear B encontradas em Pilos no Peloponeso e em Cnossos na Ilha de Creta. De fato, O Deus aparenta ter sido uma das divindades Micênicas mais importantes. Algo que não deve causar surpresa dada a proeminente cultura marítima deste povo. Acredita-se que Poseidon seja resultado de uma mistura de um deus nativo pré-Grego com Potis, uma divindade indo-europeia. Pilos, tinha Poseidon como seu Deus principal que era acompanhado por uma sacerdotisa com a função de ser chefe de seu culto.
Na mitologia grega mais tardia, Poseidon era filho de Cronos e Reia, e irmão de Zeus e Hades. Ele foi um dos protagonistas nas batalhas pelo controle do universo travadas entre os gigantes Titãs e Os Olímpicos. Após vencerem a batalha, os três irmãos fizeram um sorteio para decidir quem iria reinar cada domínio, Poseidon acabou ficando com os mares. O deus morava em uma magnifica mansão dourada de baixo dos mares, o local era ornado de lindos corais e flores marítimas. Tradicionalmente, esse palácio submerso, lugar onde os estábulos de seus cavalos brancos eram mantidos, ficava localizado perto de Aegae na Eubeia. Aparentando não estar satisfeito apenas com os mares, Poseidon frequentemente interferia nos planos de Zeus, e uma vez ainda tentou destronar seu irmão com a ajuda de Hera e Atena. Como punição por ter traído Zeus, o deus foi obrigado a construir as paredes Tróia.
A esposa de Poseidon era a Nereida Anfitrite, embora ela tenha sido um pouco relutante na fase de cortejos, tendo uma vez fugido para as montanhas de Atlas. Felizmente, o deus dos mares foi ajudado pelo golfinho Delphinus que convenceu Anfitrite a retornar para se casar com Poseidon. Em agradecimento Poseidon fez uma constelação carregando o nome e formato do golfinho em sua homenagem, para que fosse lembrado para sempre.
O filho mais famoso gerado pela relação entre o deus e Anfitrite foi Tritão, que era metade homem, metade peixe. Rode e Benthesikyme foram outros filhos do casal. No entanto, assim como outras divindades, Poseidon teve vários outros descendentes com outras parceiras. Os mais conhecidos sendo Theseus (com Etra), Polifermo, o Ciclope (o qual Odisseu se deparou em sua longa viagem de volta da Guerra de Tróia), Orion, o caçador (com a filha de Minos), o Cavalo voador Pegasus (depois de violentar a Medusa), Árion, o Cavalo selvagem e Caríbdis (com Gaia) que era um monstro marítimo que devorava Navios e criava redemoinhos terríveis. Talvez, justificadamente, com ciúmes de todos esses casos de amor, principalmente com a paixão de Poseidon por Cila a filha do deus dos mares Fórcis, Anfitrite colocou algumas ervas mágicas no banho de Cila, o que a transformou em um monstro feroz de 12 pés e seis cabeças. Ambos Cila e Caríbdis atacavam os marinheiros que passavam pelo estreito de Messina que fica entre a Sicília e a Itália.
Poseidon também foi responsável por outra criatura terrível: O Minotauro. Como consequência por Minos ter falhado em sacrificar o touro dado de presente pelo deus, Poseidon enfeitiçou Pasífae a esposa de Minos para que se apaixonasse por com o touro; e o fruto de sua relação amorosa foi o metade homem, metade touro que habitava o labirinto de Cnossos.
Em Hesiodo e Homero
O Deus é um dos protagonistas da guerra de Tróia na A Ilíada de Homero, onde ele apoia o Gregos e os encoraja por meio de discurso inflamados, geralmente estando disfarçado de personalidades Acainas, ou os lidera em batalhas com uma sua espada brilhante. No entanto, ele também ajudou o herói troiano Eneias a escapar do terrível Aquiles. Poseidon também aparece na Odisseia de Homero sendo um inimigo de Odisseu. Em vingança por ter cegado seu filho Polifemo, o deus amaldiçoou Odisseu a vagar por 10 anos nos mares. Poseidon é muitas vezes descrito por Hesiodo e Homero como o “Tremor de terra de som profundo”, o “aquele de cabelos escuros” e o “circulador da terra”. O último apelido é devido a crença de que todos os canais hidroviários eram conectados e que toda a terra flutuava sob água. Por isso, fazia sentido que um Deus tomasse conta de todos esses canais que circulavam a terra (mesmo que vários rios e nascentes tivessem suas personificações específicas na mitologia).
Cultos e locais sagrados
Na religião grega, era dito que Poseidon tinha grande consideração por Istmo de Corinto; provavelmente porque o local era uma rota marítima importante. Nesse local o Deus era venerado, homenageado nas corridas de cavalo e em outros eventos dos jogos Pan-Helénicos de Istmo que eram realizados em sua homenagem nas redondezas de Corinto. Os jogos aconteciam uma vez a cada dois anos na primavera, e assim como nos Jogos Olímpicos os atletas, condutores e corredores de cavalo competiam por prêmios, que nesse caso, era uma prestigiada coroa de pinho (no período Clássico essa coroa passou a ser feita com aipo desidratado). A cidade de Corinto também foi uma das primeiras a relacionar Poseidon ao comércio marítimo e à navegação, algo que pode ser confirmado por placas de argila em sua homenagem datadas ao Período arcaico. Sunião foi outro local estratégico próximo ao Deus, seu templo construído no século quinto a.C. ainda continua de pé no promontório que da vista aos navios que adentram o Golfo Sarónico. Nos cabos o Deus era honrado em corridas navios que eram realizadas uma vez a cada 4 anos.
Na lendária competição com Atena para ganhar o patronato de Atenas, Poseidon ofereceu à cidade uma nascente de água salgada e um cavalo como presentes. No entanto, o presente de uma árvore de oliva oferecido pela deusa foi aceito pelos cidadãos, e assim foi ela quem se tornou a patrona da cidade. Mesmo assim, Poseidon era homenageado no festival anual do Poseidon (que tinha mais a ver com a agricultura do que com o mar).
Visto como um protetor durante terremotos (embora ele próprio tenha sido a causa deles em alguns momentos), o deus era muitas vezes recorrido pelo nome de Poseidon Asphaleios, um templo foi construído em Rodes apenas para esse fim. Poseidon tinha um oráculo em Taenarum na antiga Lacônia e santuários importantes nas pequenas ilhas de Calauria em Trezena e Onchestus na Beócia. Onchestus tinha uma cerimônia curiosa em que cavalos puxavam uma carruagem sem passageiros pelo local, se a carruagem batesse em algum lugar, ela então seria dedicada ao Deus. Muitos povoados costais no mediterrâneo levavam o seu nome (por exemplo, Posidonia/Paestum), marinheiros e pescadores por toda a parte faziam oferendas a Poseidon em troca da proteção do deus. Seus adoradores geralmente sacrificavam touros, cavalos e ovelhas macho. Por fim, acreditavam que o deus era o pai de pelo menos 30 fundadores de cidades históricos e patrono de várias tribros importantes por toda a Grécia, demonstrando a importância que o deus tinha no Período Micênico.
Representação na arte
Poseidon era comumente retratado na arte grega antiga como um homem maduro e barbado. Ele geralmente segurava seu tridente, que foi moldado pelos ciclopes, o qual ele usava para criar terremotos ao bate-lo no chão. Ele também é retratado montado em sua carruagem dourada que é puxada por Hipocamps (criaturas que eram metade cavalo, metade serpente e tinham cauda de peixe) ou cavalos de patas douradas, dos quais ele era o patrono. Golfinhos, Cavalos-Marinhos e Atuns são outros animais marinho que podem ser vistos acompanhando o deus na arte.
O deus é retratado junto à Atena em sua competição para resolver quem seria o patrono de Atenas no frontão ocidental do templo Paternon (447-432 a.C.). Poseidon apareceu em moedas, uma das mais notórias foi a Tetradracma de prata da Macedônia antiga (306-283 a.C.) onde ele parece estar prestes a lançar o seu tridente. Talvez a representação mais celebrada do deus olímpico seja sua estátua de bronze de dois metros de altura (460 a.C.) que está localizada no cabo de Artemísio (embora exista uma grande similaridade na representação de Poseidon e Zeus na arte grega antiga, portanto, a estátua pode representar o último). A estátua foi resgatada de um navio naufragado nos anos de 1920 d.C., e agora a magnifica obra de arte domina uma das salas do Museu Arqueológico Nacional de Atenas.