Mitrídates VI

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Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 04 dezembro 2017
Disponível noutras línguas: Inglês, francês
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Mithridates VI Eupator of Pontus (by Carole Raddato, CC BY-SA)
Mitrídates IV Eupator do Ponto
Carole Raddato (CC BY-SA)

Mitrídates VI (120-63 a.C., também conhecido como Mitradates, Mitradates Eupator Dioniso e Mitrídates, o Grande) foi o rei do Ponto (que ocupava a atual região nordeste da Turquia), considerado pelo seu povo como o salvador da opressão de Roma e pelos romanos como o mais formidável - e odiado - inimigo desde Aníbal Barca (247-183 a.C.). Como Aníbal, Mitrídates provou-se uma força incontrolável, derrotando exércitos romanos, manipulando governos vizinhos e até organizando um massacre em massa de romanos e italianos por toda a Ásia Menor para promover a causa da libertação da região do controle romano.

Mitrídates declarou-se um inimigo de Roma logo no início de seu reinado e lutou três guerras separadas contra os romanos – as chamadas Guerras Mitridáticas – entre 89-63 a.C.. Ele escapou de ser capturado, tornou-se imune a venenos ingerindo pequenas doses de vários deles e repetidamente venceu batalhas contra Roma até ser derrotado por Pompeu, o Grande (c. 70-48 a.C.), após a traição de seu filho Fárnaces. Diante da derrota certa e da humilhação de participar de um triunfo romano, Mitrídates cometeu suicídio.

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Sua história é contada quase inteiramente sob as lentes de escritores romanos, tais como Plutarco (c. 50 - c. 120 d.C.) e Apiano (c. 95 - c. 165 d.C.), que naturalmente se mostravam hostis a ele e sua causa. Ainda assim, a admiração pela persistência e determinação do rei é evidente em suas narrativas, cujo foco não é em Mitrídates, mas antes nos romanos que o combateram. Para o povo de seu reino, bem como os das regiões vizinhas, ele foi um grande libertador e defensor da liberdade que recusou a submissão ao que entendia como a injustiça da dominação romana e que encorajou os demais a fazerem o mesmo.

Vida Pregressa e Ascensão ao Poder

Mitrídates nasceu na cidade de Sinope, no Ponto, por volta de 132 a.C.. Era filho da rainha Laódice VI (morta em c. 115 a.C.) e do rei Mitrídates V (150-120 a.C.). Criado no palácio como um príncipe persa, parece ter sido educado em línguas, habilidades militares e artes. Versado em história, ele afirmaria mais tarde descender de grandes reis e conquistadores do passado, sendo bem versado em história. A estudiosa Adrienne Mayor, da Universidade de Stanford, comenta sobre o significado do seu nome e a linhagem familiar:

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Mitrídates é um nome persa, significando “enviado por Mitra”, o antigo deus solar iraniano. Duas variantes foram usadas na Antiguidade – as inscrições gregas preferiam Mitradates; os romanos optaram por Mitrídates. Como um descendente da realeza persa e de Alexandre, o Grande, ele se via como uma ponte entre o Leste e o Oeste e como defensor oriental contra a dominação romana. Um líder complexo de inteligência privilegiada e feroz ambição, Mitrídates ousadamente desafiou a República Romana tardia. (1)

Porém, o estudioso Philip Matyszak contesta a alegação da linhagem de Mitrídates e contradiz Mayor, afirmando:

Embora Mitrídates alegasse descender de Dário, rei da Pérsia, e mesmo de Alexandre, o Grande, sua família provavelmente veio de uma dinastia persa da cidade de Cio, ao norte da Ásia Menor. Mitrídates Ctestes (ou “o fundador”), devido a problemas políticos, fugiu de Cio para o Ponto, na época uma região afastada e sem importância sob controle não muito efetivo do Império Selêucida. Ali ele rapidamente estabeleceu um reino e uma dinastia. (81)

Seja qual fosse sua linhagem, Mitrídates propositalmente enfatizou sua descendência de Dário e Alexandre para conectar-se diretamente a um passado glorioso e dar ao reino um toque mais elevado de nobreza. Pode ser que, de fato, descendesse destes líderes passados mas, verdade ou não, ele faria bom uso de seus nomes para fundamentar sua própria autoridade.

Mithridates V
Mitrídates V
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Tais considerações ainda estavam muito distantes, no entanto, por ocasião do assassinato de seu pai no palácio em Amaseia, por volta de 120 a.C., quando Mitrídates contava apenas onze anos. Ele sucedeu ao pai como o filho mais velho, mas, devido à pouca idade, o poder passou na prática para sua mãe, Laódice VI. Laódice não teve alternativa a não ser reinar como regente, cercada por homens que tinham envenenado seu marido, e aceitar seus conselhos em questões de estado.

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Parece que, mesmo tão jovem, Mitrídates possuía uma forte determinação, enquanto o irmão se mostrava mais dócil. Os conselheiros da rainha e ela própria, portanto, favoreciam o irmão mais novo para a sucessão porque ele seria mais fácil de controlar, o que teria gerado complôs contra a vida de Mitrídates. Matyszak afirma:

Neste período, conforme a lenda, Mitrídates começou a tomar doses homeopáticas de veneno, pretendendo desenvolver tanta resistência quanto possível. Fingindo um vício na caça, ele se retirou da corte de Amaseia e passou sua adolescência em algumas das mais selvagens e remotas partes do país. (82)

Após o retorno à capital, por volta de 116 a.C., Mitrídates prendeu sua mãe e o irmão mais novo e expurgou o palácio de todos os envolvidos na morte do pai. De acordo com alguns relatos, Laódice e seu filho mais novo foram executados; em outros, morreram na prisão. Como Mitrídates foi capaz de derrubar a nobreza de Amaseia e a rainha não se sabe, mas é provável que, durante seu período nas regiões selvagens, ele tenha obtido o apoio do povo passando a imagem do príncipe forçado ao exílio por uma corte corrupta.

Embora seja especulação, este curso dos acontecimentos faria sentido em vista do talento demonstrado pelo rei, em épocas posteriores, em obter o apoio de grandes parcelas da população para sua causa. Os escritores romanos afirmam que ele passou os anos nas regiões selvagens sozinho, mas é possível que tenha mantido o contato com apoiadores na capital, que lançaram as bases para o golpe. A alegação de que Mitrídates simplesmente emergiu das regiões selvagens um dia e derrubou o governo sozinho é indefensável.

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Guerras de Conquista e Disputa com Roma

Uma vez que tomou o poder, Mitrídates mobilizou seu exército e dirigiu-se à Cólquida, próximo ao Mar Negro. Aceitou a rendição de várias cidades, que apelaram a ele para ajuda e proteção contra os citas e, então, recrutou seus soldados para suas forças. Agora com um exército maior e com dois comandantes subordinados, Diofanto e Neoptolemo, atacou os citas ao norte e os sármatos a oeste, derrotando-os e novamente incorporando seus guerreiros. Ele parece ter sido amplamente admirado, mesmo por seus adversários. Matyszak afirma:

Para os bárbaros, que valorizavam a aptidão física, Mitrídates era um rei formidável. Era excepcionalmente alto e forte o suficiente para controlar um carro com dezesseis cavalos. Até uma idade avançada desfrutou de boa saúde, a despeito de ter sido ferido várias vezes. (83)

Ao longo de todo este período, Mitrídates manteve seu interesse inicial em doses homeopáticas de veneno para se proteger dos inimigos. Com o tempo, ele criou um antídoto universal com mais de 50 ingredientes e, segundo se conta, muito eficaz. O rei consolidou seu poder em Amaseia e instituiu reformas nos impostos e na lei, garantindo a melhoria das condições de vida dos súditos, enquanto também renovava tratados comerciais com outras nações.

Tendo estabelecido o controle das regiões norte e oeste do reino, Mitrídates moveu-se para o sul e firmou laços diplomáticos fortes com a Armênia, acertando um casamento entre sua filha Cleópatra e o rei armênio, Tigranes (também conhecido como Tigranes, o Grande, 95-55 a.C.). Tigranes e Mitrídates concordaram em firmar uma parceria de “iguais mas independentes”, na qual cada um controlaria áreas diferentes e perseguiriam seus objetivos sem interferir com os planos do outro. Mitrídates queria controlar a Capadócia, uma região leal a Roma, e tentou várias manobras malsucedidas para instalar um rei marionete no trono; quando estas tentativas falharam, apelou a Tigranes. Este invadiu a Capadócia e a conquistou para o parceiro.

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O Reino do Ponto estava se expandindo rapidamente para se tornar um império, o que desagradou aos romanos.

Nesta época, Roma tinha terminado recentemente a guerra contra Jugurta, no Norte da África, e, envolvida em disputas com seus aliados italianos, manifestou pouco interesse em iniciar um conflito com o Ponto. Ainda assim, eles não podiam permitir que a conquista armênia da Capadócia ficasse impune e enviaram Lúcio Cornélio Sula (por volta do ano 80 a.C.) para restaurar o antigo rei Ariobarzanes no trono. No ano seguinte, o rei da vizinha Bitínia, Nicomedes III, morreu e Mitrídates aproveitou a oportunidade para instalar um de seus próprios homens no trono e, ao mesmo tempo, invadir a Capadócia para derrubar o governo de Ariobarzanes.

O Reino do Ponto expandia-se rapidamente para se tornar um império, o que desagradava aos romanos. O cônsul Mânio Aquílio recebeu um comando para restaurar os reinos da Bitínia e Capadócia e Mitrídates, esperando evitar uma guerra aberta contra os romanos, bateu em retirada com seu exército. Aquílio, porém, ansioso por uma guerra contra Mitrídates, confiava numa vitória romana e ambicionava a riqueza do Ponto. Seu pai, que tinha o mesmo nome, ficara conhecido como um homem especialmente ganancioso, que tinha cobrado impostos elevados do povo da Ásia Menor quando era governador, e seu filho, ao que parece, herdara a mesma avareza.

Aquílio convenceu o novo rei da Bitínia, Nicomedes IV, a atacar o Ponto e enviou forças de vanguarda através da fronteira. Mitrídates repeliu estes ataques e então invadiu a Bitínia, iniciando a guerra contra Roma. Agora comandando um exército ainda maior do que o anterior, deixou o general Arquelau no comando e atacou; Aquílio e Nicomedes IV foram derrotados rapidamente. De acordo com as fontes antigas, Aquílio desfilou através da região amarrado a um burro, além de ser forçado a confessar seus crimes e os do pai contra o povo. Acabou executado por Mitrídates, que fez com que ouro derretido fosse derramado pela sua garganta.

As Vésperas Asiáticas

Há muito Roma controlava a maior parte da Ásia Menor e os governadores e administradores romanos haviam cobrado impostos excessivos do povo por anos. O ressentimento era disseminado e o ódio aos romanos precisava somente de um encorajamento e um líder forte para transformar as brasas numa chama e promover uma conflagração. Mitrídates sabia disso e, assim, mandou mensagens para toda a região para que, numa data específica, o povo se insurgisse e assassinasse cada cidadão romano e italiano, incluindo as autoridades, em toda a Ásia Menor.

Mithridates Silver Tetradrachm
Tetradracma de Prata de Mitrídates
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Em 89 ou 88 a.C., num único dia, mais de 80.000 romanos e italianos foram massacrados. Os escravos que mataram seus senhores receberam a liberdade e os devedores tiveram a promessa de um alívio nas dívidas se assassinassem seus credores. Os historiadores Apiano e Plutarco registram atrocidades nas cidades de Adramítio, Cauno, Éfeso, Pérgamo e Trales, mas o massacre foi bem mais amplo e muitas outras cidades estiveram envolvidas, bem como povoados e vilas do interior.

O número de 80.000 vítimas é considerado uma estimativa modesta e os historiadores modernos apontam para algo muito maior, provavelmente cerca de 150.000 pessoas mortas. Os escritores romanos afirmam que a matança não se deveu somente ao ressentimento contra Roma, mas ao medo de Mitrídates e da sua retaliação aos que não colaborassem. O massacre veio a ser conhecido como as Vésperas Asiáticas e se tornou um momento decisivo na disputa entre o rei do Ponto e a República Romana.

As Guerras Mitridáticas

A Primeira Guerra Mitridática (89-85 a.C.) começou bem para Mitrídates, pois os romanos ainda estavam concluindo sua luta contra os aliados italianos e não podiam enviar uma força decisiva para a Ásia Menor. Além disso, após as Vésperas Asiáticas, outras regiões apelaram ao rei para ajudá-los a se livrar do jugo romano. A Grécia estava entre elas e Mitrídates atendeu os gregos, enviando um grande exército, sob o comando de Arquelau, para expulsar os romanos de Atenas.

Roma, tendo finalmente resolvido seus problemas com os estados italianos, enviou então Sula, à frente de cinco legiões, em 87 a.C., para a Grécia. Mitrídates havia saqueado o santuário sagrado de Delos, levando o tesouro lá existente para pagar mercenários, e Sula, agradecido pela dica, fez o mesmo em Delfos. Como a recompensa em Delfos foi maior, o general romano foi capaz de recrutar mais tropas e tomou o porto do Pireu e depois Atenas, forçando Arquelau a se retirar para o norte, onde acabou derrotado na Tessália. Mitrídates tinha seus próprios problemas com desordens civis em casa e, quando a guerra voltou-se contra ele, negociou a Paz de Dárdano com Sula para encerrar o conflito.

Sula retornou a Roma, onde se declarou ditador e começou um expurgo em cargos governamentais. Um dos resultados destes expurgos foi levar um jovem sacerdote chamado Caio Júlio César a deixar seu cargo para ingressar no exército, iniciando uma carreira militar e política famosa até os dias de hoje. Mitrídates, enquanto isso, recompunha suas forças e consolidava seu poder quando foi atacado por Murena, o governador romano da Ásia, que receava um ataque do Ponto. Este conflito é conhecido como a Segunda Guerra Mitridática (83-82 a.C.). Murena invadiu o Ponto à frente de um exército e acabou derrotado. Mitrídates parece ter planejado um contra-ataque, mas recebeu ordens de Sula para desistir e obedeceu.

Sulla
Sula
Carole Raddato (CC BY-SA)

O rei não seria tão submisso no futuro, porém, e fortaleceu sua aliança com Tigranes, enquanto também entrava em acordos com piratas cilicianos, a dinastia ptolemaica do Egito, tribos trácias e o líder dos escravos rebeldes, Espártaco. A ideia parece ter sido de assediar Roma e interferir com o comércio, evitando o engajamento numa guerra aberta, mas, em 75 ou 74 a.C., o rei Nicomedes IV da Bitínia morreu e, em seu testamento, legou o reino a Roma.

Mitrídates recusou-se a aceitar a decisão, alegou que o testamento era falso e instalou seu próprio candidato como rei da Bitínia, num claro desafio a Roma. Os romanos solicitaram que ele removesse seu candidato e, quando Mitrídates recusou, declararam guerra ao Ponto. A Terceira Guerra Mitridática (73-63 a.C.) não começou tão bem para o rei como a primeira. O general romano Cota foi derrotado facilmente, mas Lúcio Licínio Lúculo (c. 89-56 a.C.) provou-se um adversário mais formidável. o general romano expulsou Mitrídates da Bitínia e então invadiu o Ponto. As fortificações caíram uma após a outra e Mitrídates finalmente precisou fugir para a Armênia, onde foi bem recebido na corte de Tigranes.

Lúculo enviou uma mensagem a Tigranes para que entregasse o rei e, enquanto esperava por uma resposta, ocupou-se em restaurar as antigas províncias de Roma. Consciente do sentimento antirromano e, naturalmente, relembrando os eventos das Vésperas Asiáticas, tentou ganhar apoio popular reduzindo taxas e reconstruindo cidades e vilas. Por volta de 69 a.C., Lúculo finalmente recebeu uma resposta de Tigranes, que se recusou a extraditar Mitrídates e, assim, o general romano marchou sobre a Armênia. A capital foi cercada e tomada, mas os dois reis conseguiram fugir. Lúculo foi então chamado de volta a Roma e substituído por Pompeu.

Traição e Morte

Tigranes deu a Mitrídates um exército para que pudesse recuperar seu reino e Mitrídates marchou de volta ao Ponto e matou os subordinados de Lúculo que governavam a região. Sem hesitar, Pompeu formou uma aliança com o rei da Pártia, Fraates III, que sem demora invadiu a Armênia, enquanto Pompeu marchava sobre o Ponto. Tigranes não podia mais ajudar Mitrídates, que novamente foi expulso de sua capital e forçado a contínuas retiradas à medida que Pompeu avançava.

Mitrídates esperava alcançar suas possessões no entorno do Mar Negro e recrutar mais homens com a ajuda de seu filho Macares mas, quando chegou, ficou desapontado. Macares tinha se aliado a Roma e rejeitou seu pai; assim, Mitrídates o matou. Seu outro filho, Fárnaces, rebelou-se a seguir e liderou seus homens contra o pai enquanto Pompeu se aproximava. Sozinho com duas jovens filhas numa cidadela, Mitrídates preferiu tirar a própria vida a ser capturado e desfilar num triunfo romano. Após envenenar suas filhas, conta-se que tentou inutilmente tomar veneno e então pediu a um escravo ou criado para matá-lo.

Crater of Mithridates Eupator
Cratera de Mitrídates Eupator
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Os autores romanos posteriores iriam menosprezar sua morte, assinalando que o rei que tinha passado a vida lidando com venenos não conseguiu se envenenar com êxito. Mayor destacou, porém, que Mitrídates, segundo consta, sempre carregava suficiente veneno para se matar se fosse capturado pelos romanos, mas sacrificou a metade de sua dose para suas filhas (349). Seja o quanto for que restou, então, não era suficiente para um homem com a constituição de Mitrídates. A história posterior do rei pedindo a seus adversários que o matassem é uma invenção romana. Pompeu reconheceu a grandeza do rei e o sepultou com todas as honras na cidade natal de Sinope.

Conclusão

Embora seu nome ainda seja bem conhecido no Oriente, Mitrídates nunca gerou o mesmo tipo de culto póstumo no ocidente que outros adversários de Roma, como Aníbal, Espártaco e Vercingetórix. A reputação e lenda destes três homens atravessou a Renascença, começando no século XVIII e continuando até os dias atuais. O trio teve seu papel renovado, independente de quais fossem suas motivações originais, como combatentes da liberdade e campeões nacionais, enquanto o rei do Ponto permanece relativamente desconhecido.

Mayor acertadamente assinala que isso é devido aos historiadores pró-romanos nos séculos XIX e XX, que o definiram como “um 'sultão oriental' cruel e decadente, um inimigo asiático da cultura e civilização” (7), mas isso também pode ser devido ao fato de que, mesmo sem este tipo de influência, a história de Mitrídates jamais foi adotada pelas culturas ocidentais da forma como ocorreu com Aníbal, Espártaco ou Vercingetórix porque se trata de uma figura mais esquiva. Diferente dos outros três mencionados, Mitrídates foi um rei, mas também um cientista, general, homem educado, bárbaro, assassino em massa e libertador. Não há um rótulo fácil para Mitrídates VI que se assemelhe à redefinição de Espártaco e Vercingetórix como “combatentes da liberdade” ou uma imagem poderosa, como a de Aníbal atravessando os Alpes. Baseando-se nos preconceitos e vieses de cada um, Mitrídates pode facilmente ser elencado como um herói ou vilão. Para aqueles que apoiaram sua causa, porém, foi um rei importante e um libertador, que lutou até o fim contra os inimigos de seu povo.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Joshua J. Mark é cofundador e diretor de conteúdos da World History Encyclopedia. Anteriormente, foi professor no Marist College (NY), onde lecionou história, filosofia, literatura e redação. Ele viajou bastante e morou na Grécia e na Alemanha.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2017, dezembro 04). Mitrídates VI [Mithridates VI]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-916/mitridates-vi/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Mitrídates VI." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação dezembro 04, 2017. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-916/mitridates-vi/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Mitrídates VI." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 04 dez 2017. Web. 07 dez 2024.