O antigo Médio Oriente, em particular o Crescente Fértil, é geralmente conhecido como o berço da agricultura. No quatro milénio AEC, toda a esta região era bem mais temperada do que atualmente, e fora abençoada com solos férteis, dois grandes rios (o Tigre e o Eufrates), e inúmeras colinas e montanhas, a Norte.
Geografia
A região sempre foi bastante diversificada no que toca à produção agrícola, tanto em termos de colheitas regionais, como na própria variação anual (em anos bons eram colhidos, no total, mais de 100 grãos). Maior parte das colheitas, eram devastadas por secas e inundações. Existiam já sistemas de irrigação artificial, porém as pessoas preferiam habitar nas áreas mais chuvosas e de cariz montanhoso, as quais garantiam uma distribuição uniforme da precipitação.
Nas zonas mais secas, a atividade agrícola era apenas possível, graças aos canais de irrigação. Os habitantes de Urartu eram muito conhecidos por serem mestres na construção de canais, algo que podemos constatar, dado que maior parte dos seus sistemas de irrigação, ainda hoje, se encontram de pé. Os canais principais eram geralmente construídos e mantidos pelo Estado, enquanto que os mais pequenos ficavam nas mãos dos agricultores e das comunidades locais.
As terras irrigadas, como sucede nos dias de hoje, estavam constantemente sob ameaça de salinização. O solo, em especial nas planícies inundadas da Babilónia, era propenso a secar, endurecer e rachar. De maneria a mantê-lo arável, o uso do arado era uma constante. Por volta de 3000 AEC, os arados já eram conhecidos e amplamente utilizados – muitos reis assírios gabavam-se de terem inventado um novo tipo de arado, sempre melhor que o anterior.
Colheitas
Os principais tipos de cereais cultivados eram o trigo, a cevada, o milho-miúdo e o farro. O centeio e a aveia ainda não eram utilizados. Na Babilónia, na Assíria e em terras hititas, a cevada era o principal cereal: surge como forma de pagamento e era empregue na confeção de um tipo de pão achatado. A menor unidade de peso equivalia a um grão. A cerveja e algumas comidas eram confecionadas a partir do milho-miúdo e do farro.
O sésamo (termo que deriva da palavra acádia 'šamaššammu') era bastante cultivado e estava associado ao fabrico de óleo. O azeite, normalmente, era produzido nas montanhas. O linho, por sua vez, utilizado para o vestuário. As ervilhas eram muito cultivadas na Mesopotâmia, enquanto que as lentilhas encontraram maior preferência na Palestina. Pomares de figos, de romãs, de maçãs e de pistácio eram muito comuns nos terrenos do Crescente Fértil. Nas aldeias e cidades do Sul, as tamareiras eram também muito usuais. As tâmaras eram consumidas, quer frescas, quer secas, e a madeira da árvore frequentemente utilizada para artesanato, não tendo suscitado grande fama na área da construção.
Colheita e armazenamento
As colheitas obrigavam a uma mão-de-obra significativa, devido à pressão para a sua conclusão antes do início do Inverno. Os cereais eram cortados com uma foice, secos em tendas e debulhados por animais que, passando por cima destes, faziam o grão sair. No findar do processo, tudo era armazenado em celeiros ou transportado via marítima (alguns chegavam, até mesmo, a serem exportados para outros países). Nos celeiros, gatos e mangustos eram usados para afugentarem os ratos.