Reforma Protestante

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Pedro Lerbach
publicado em 10 Novembro 2021
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês, alemão, italiano, espanhol, Sueco, Turco, ucraniano
Religions in Europe in the 16th Century (by Simeon Netchev, CC BY-NC-SA)
Religiões na Europa no Século XVI
Simeon Netchev (CC BY-NC-SA)

A Reforma Protestante (1517-1648) se refere a uma ampla revolta religiosa, cultural e social na Europa do século XVI, que quebrou o monopólio da Igreja medieval, permitindo o desenvolvimento de interpretações pessoais da mensagem cristã e levando ao desenvolvimento dos Estados-nação modernos. É considerado um dos eventos mais importantes na história ocidental.

As datas da Reforma não são de concordância universal. Alguns acadêmicos apontam entre 1400 e 1750 (da dissidência de Jan Hus ao fim da sociedade pré-industrial), enquanto outros sugerem de 1517 a 1685 (da dissidência de Martinho Lutero à revogação do Edito de Nantes), e há muitas outras afirmações com respeito à datação do período que possuem igual mérito. O período entre 1517 a 1648, no entanto, é o mais amplamente aceito, estabelecendo o começo da Reforma na dissidência de Lutero e o final no Tratado de Westfália, que encerrou a Guerra dos Trinta Anos, a qual havia começado como uma disputa entre católicos e protestantes.

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A Reforma Protestante mudou completamente o cenário cultural, religioso, social e político da Europa.

Embora a Reforma fosse anteriormente entendida como um evento monolítico, atualmente a academia a compreende mais como Reformas Protestantes, uma série de protestos contra a corrupção da Igreja medieval, buscando reforma e, inicialmente, os líderes desses protestos não tinham intenção de se separarem da Igreja. Um exemplo importante disso foi a Reforma da Boêmia (1380-1436), precursora da Reforma Protestante, que inicialmente buscava apenas remediar práticas da Igreja que não eram bíblicas.

Até o século XV, a corrupção era difundida na Igreja, e fiéis devotos buscavam corrigir isso. A recusa da Igreja de se reportar a essas críticas culminou nos cismas que viriam a criar as seitas protestantes, que se desenvolveram para denominações como o luteranismo, calvinismo, anglicanismo e outras.

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A Reforma Protestante mudou completamente o cenário cultural, religioso, social e político da Europa, e frequentemente é referida como o nascimento da era moderna, por ter coincidido e ter sido encorajada pelo Renascimento dos séculos XV a XVI. Embora antes tenha havido movimentos em resposta à corrupção da Igreja, a tecnologia moderna, na forma da prensa móvel, permitiu a disseminação da literatura protestante e a publicação da Bíblia no vernáculo, resultando em amplo apoio para a causa e no fim da autoridade monolítica religiosa, cultural e política da Igreja.

A Igreja Medieval

A Igreja dominou a Europa medieval (476-1500) como a única autoridade em matéria espiritual e, conforme tornava-se poderosa, influenciou as esferas da política e da cultura. Com o tempo, o papa tornou-se uma presença política significativa e, falando de modo genérico, gastava mais tempo e esforço com questões mundanas do que com assuntos religiosos. A hierarquia da Igreja - papa, cardeais, bispos/arcebispos, padres e aqueles nas ordens monásticas - começou a exercer autoridade mais para seu ganho e conforto pessoais do que para o bem-estar espiritual do povo.

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Urban II at the Council of Clermont
Urbano II no Concílio de Clermont
Jean Colombe (Public Domain)

A Bíblia só estava disponível em latim - que não podia ser lido pelos leigos - e a Missa também só era recitada em latim, assim como as orações ensinadas ao povo (como o Pai Nosso e a Ave Maria). Embora a Igreja ordenasse a adesão à sua visão da mensagem de Jesus Cristo, isso não ressoava com muitos dos leigos, que praticavam um tipo de mistura entre o cristianismo e crenças populares pagãs. A inacessibilidade dos ensinamentos da igreja e a notória demonstração de luxo e conforto pelo clero levaram a movimentos de reforma tão logo no século VI, e conforme certas interpretações, até mesmo antes.

Primeiras Heresias e Reformadores

Esses movimentos eram condenados pela Igreja como heresias e eram rotineiramente esmagados, comumente de forma impiedosa, uma vez que o clero procurava manter sua autoridade e poder. Um dos primeiros movimentos foi o Paulicianismo (séculos VII-IX), que defendia um retorno à simplicidade do cristianismo primitivo e à vida de São Paulo (5-67 d.C.), e rejeitavam os sacramentos da Igreja. Os paulicianos foram, em certo momento, apedrejados até a morte, queimados em estacas ou exilados.

Massacre of the Paulicians
Massacre dos Paulicianos
Cplakidas (Public Domain)

Entretanto, outros movimentos se seguiram, como o Bogomilismo no século XI e os Cátaros nos séculos XI a XIII, que foram seguidos por outros mais. O clérigo, filósofo e teólogo inglês John Wycliffe (1330-1384) desafiou a autoridade do clero, seu estilo de vida luxuoso e sua arrogância, argumentando que todos deveriam ter acesso à Bíblia e que esse trabalho não deveria mais ser refém de uns poucos privilegiados que a interpretavam por muitos, com frequência de modo a apenas fortalecer a hierarquia. Ele traduziu a Bíblia do latim para o Inglês Médio (a chamada Bíblia Wycliffe) ou, mais provavelmente, coordenou seus amigos e sócios na tradução.

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Wycliffe argumentava que as escrituras eram a única autoridade e que a hierarquia da igreja, incluindo o Papa, não era bíblica. Ele disseminou sua visão por meio de pregadores leigos e de panfletos impressos por xilogravura (impressão com carimbos de madeira) e, sem pretender, ajudou a espalhar a sangrenta Revolta dos Camponeses de 1381 ao desafiar a ordem estabelecida. Ele morreu de derrame em 1384 e foi posteriormente condenado como herege, e seus restos mortais, exumados e queimados.

Wycliffe inspirou Jan Hus (1369-1415), filósofo, teólogo e reitor da Universidade Carolina de Praga, que preservou os escritos de Wycliffe e defendeu uma reforma. Ele era especialmente crítico da venda de indulgências - mandados vendidos pela Igreja para claramente reduzir a permanência de alguém no purgatório - assim como Wycliffe também fora. Suas primeiras argumentações foram toleradas, mas quando ele desafiou a validade das indulgências e a autoridade do papa, foi preso e queimado em uma estaca em 1415. Seus seguidores continuaram a lutar por reforma e, depois, para se separarem da Igreja. Seus esforços continuaram a Reforma da Boêmia e posteriormente levaram às Guerras Hussitas (1419-1434), entre os reformadores hussitas e aqueles leais à Igreja, que venceram o conflito.

The Devil Selling Indulgences
Satanás Vendendo Indulgências
Packare (Public Domain)

Martinho Lutero e as Indulgências

Mesmo que nos dias atuais esses reformadores sejam reconhecidos como pioneiros da Reforma, não há evidências de que eles tenham tido, a princípio, um efeito sobre o reformador central, Martinho Lutero (1483-1546), monge alemão que também se contrapôs à venda de indulgências. Independente de como alguém possa datar a Reforma Protestante, Martinho Lutero permanece no centro, e suas obras, carisma e inteligência provocaram um movimento que ele nunca pretendeu e, sem dúvidas, não poderia imaginar.

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A grande ameaça à autoridade da Igreja na Idade Média não tinha vindo de nenhum indivíduo ou movimento, mas da falta de habilidade da Igreja de se reportar ao sofrimento e às causas da grande pandemia de peste bubônica, de 1347 a 1352. A praga arrasou a Europa, e nenhum dos esforços da Igreja teve qualquer efeito em aliviar o sofrimento ou em restringir o surto. As pessoas começaram a se apoiar em remédios populares e súplicas a espíritos e ancestrais ao mesmo tempo em que rezavam para a Virgem Maria e os santos. Concomitantemente, não havia outra autoridade espiritual que não fosse a Igreja Católica Romana. Céus, purgatório e inferno eram entendidos como realidades absolutas, e para evitar o inferno e passar menos tempo no purgatório, a pessoa tinha que suprimir quaisquer dúvidas que tivesse e aderir aos ensinamentos da Igreja.

Entre esses ensinamentos estava a eficácia das indulgências, que eram compradas para reduzir o tempo no purgatório (ou a permanência de um ente querido) e acelerar a ida da alma ao paraíso. Martinho Lutero era um monge agostiniano ordenado, doutor em teologia e professor na Universidade de Wittenberg em 1516, quando o frade dominicano Johann Tetzel chegou à região para vender indulgências, com o objetivo de ajudar a financiar a reconstrução da Basílica de São Pedro em Roma. Tetzel era um vendedor efetivo que se tornou famoso pela frase (quer seja dele mesmo ou atribuída a ele) que dizia: "quando o ouro ressoa no cofre, uma alma redimida salta aos céus", querendo dizer que assim que alguém comprasse uma indulgência, seu ente querido era libertado das chamas do purgatório. Lutero se contrapôs a essa prática de forma geral, mas não podia tolerar Tetzel vendendo indulgências em sua região.

Martin Luther
Martinho Lutero
Sergio Andres Segovia (Public Domain)

Em 31 de Outubro de 1517, Lutero divulgou uma série de argumentos, Disputa sobre a Eficácia das Indulgências, posteriormente conhecidos como suas 95 Teses. De acordo com a tradição, Lutero pregou essas teses na porta da igreja de Wittenberg, mas acadêmicos contemporâneos desafiaram essa afirmação. Quer ele tenha pregado na igreja, enviado a seu bispo, ou ambos, elas foram copiadas pelos amigos e apoiadores de Lutero, e graças à invenção da prensa móvel, por volta de 1440, elas rapidamente se espalharam pela Alemanha em 1518, chegando a outros países, incluindo Inglaterra e França, em 1519.

Lutero afirmava que, se Deus tivesse estabelecido o purgatório, o papa não tinha autoridade para encurtar a presença de alguém lá, e se o papa tivesse tal autoridade, ele deveria aliviar as almas que lá estavam liberando-as sem remuneração:

Afirmo que o Papa não possui jurisdição sobre o purgatório... Se o Papa tem o poder de libertar alguém do purgatório, por que, em nome do amor, ele não fecha o purgatório liberando a todos? Se, em nome do dinheiro miserável, ele liberasse incontáveis almas, por que ele não poderia, em nome do mais santo amor, esvaziar o lugar? Dizer que as almas estão liberadas do purgatório é audacioso. Dizer que estão libertas assim que a moeda ressoa no cofre é incitar a avareza. O Papa faria melhor se doasse tudo sem cobrança. O único poder que o Papa tem sobre o purgatório é o de interceder pelas almas, e esse poder é exercido por qualquer padre ou auxiliar em sua paróquia (citado em Bainton, 68).

Ao desafiar a venda de indulgências, Lutero desafiou a autoridade do Papa e, assim, toda a hierarquia da Igreja. Citando Romanos 1:17 (onde se lê, em parte, "o justo viverá pela fé"), Lutero afirmou que não poderia haver intermediários entre o fiel individualmente e Deus, e que somente a escritura deveria ditar a caminhada cristã, e não os preceitos da Igreja.

A Excomunhão e o Início da Reforma

Em 1520, o Papa Leão X, cansado de enviar emissários para conversar com Lutero, ameaçou-o com a excomunhão, a não ser que se retratasse. Lutero queimou publicamente o edito (conhecido como bula papal) em Wittenberg e foi excomungado em 1521, o que significa que, conforme a doutrina da igreja, ele não mais estava em estado de graça com Deus e deveria ser evitado pelos fiéis. Ele foi convocado a aparecer em uma reunião das autoridades seculares na cidade de Worms (uma conferência conhecida como Dieta de Worms), onde foi orientado a retratar-se, mas recusou.

Frederico III o escondeu no Castelo de Wartburg, onde Lutero escreveria algumas de suas obras mais conhecidas, incluindo a sua tradução da Bíblia para o alemão.

Frederico III (o Sábio, 1463-1525), nobre e eleitor da Saxônia (um dos que elegiam o Imperador do Sacro-Império Romano) e simpatizante das visões de Lutero, havia lhe prometido um salvo conduto. Após a Dieta de Worms, Lutero foi declarado um fora da lei e poderia ser legalmente assassinado, mas Frederico III o havia capturado em um falso sequestro e o escondeu no Castelo de Wartburg, onde Lutero escreveria algumas de suas obras mais conhecidas, incluindo a sua tradução da Bíblia para o alemão.

De novo, graças à prensa móvel, a Bíblia de Lutero em alemão foi disponibilizada de forma barata ao povo e tornou-se um campeão de vendas. Seu desafio à autoridade religiosa inspirou outros a fazerem o mesmo e, embora nunca tivesse pretendido e não apoiasse, iniciou a Guerra dos Camponeses (1524-1525), que falhou, em parte, quando ele denunciou a violência que ameaçava a aristocracia, incluindo seu patrono Frederico, o Sábio. Suas ações, no entanto, acenderam uma chama que se espalhou da Alemanha para outros países.

Zuínglio, Calvino e Henrique VIII

As concepções radicais de Lutero se tornaram mais palatáveis à intelligentsia europeia, codificadas e simplificadas por seu amigo e colaborador Filipe Melâncton (1497-1560), que também é o responsável pela história dramática da publicação das 95 teses na porta da igreja de Wittenberg. Melâncton foi um dos primeiros defensores de Lutero, que o havia trazido à Wittemberg como professor de grego, e os dois trabalharam em conjunto, com alguns períodos de conflito sobre questões doutrinais, para estabelecer o que se tornaria o luteranismo, um sistema de crenças que influenciaria o desenvolvimento de outros sistemas.

Alguns reformadores durante esse período, no entanto, chegaram a suas conclusões independente da revolução de Lutero, e entre eles estava o padre e filósofo Ulrico Zuínglio (1484-1531), na Suíça, que já pregava uma reforma na Igreja em 1519. Zuínglio foi diretamente influenciado pelo filósofo, padre, acadêmico e teólogo holandês, Erasmo de Roterdã (1466-1536), que buscava reformar a igreja por dentro.

Zuínglio e Lutero tinham muito em comum em suas visões, incluindo a objeção às indulgências, a veneração aos santos, os dias de jejum e os ícones da igreja, mas não concordavam na interpretação da eucaristia, uma vez que Zuínglio sentia que uma ênfase excessiva na recriação da Última Ceia beirava a idolatria, enquanto Lutero a entendia como essencial à caminhada cristã.

Pre-Reformation Church Altar
Altar de uma Igreja antes da Reforma
David Hawgood (CC BY-SA)

O teólogo João Calvino (1509-1564), de outro lado, foi diretamente influenciado por Lutero. Nascido Jehan Cauvin na França, Calvino era um advogado cujo amigo, Nicolas Cop, defendia uma reforma e foi forçado a deixar sua posição no College Royal em Paris e fugir para Basileia, na Suíça, quando ameaçado por leais católicos. A associação de Calvino a Cop forçou seu próprio exílio para Basileia, onde ele publicou as famosas Institutas da Religião Cristã, em 1536, que estabelecia sua teologia e entendimento do movimento de reforma.

As Institutas da Religião Cristã enfatizavam a primazia do indivíduo em relação a Deus, sustentando que não havia necessidade de um intermediário, e que a Igreja Católica não era bíblica. Na visão de Calvino, o próprio Deus havia dado ao indivíduo os meios para comungar com o divino e a simplicidade estava no coração da mensagem cristã. As visões conservadoras de Calvino e a insistência na primazia da escritura, assim como a sua perseguição àqueles considerados heréticos ou libertinos, elevaram seu status de reformador rebelde para defensor da fé, que, em seu tempo, significava um cristianismo definido fora das estruturas da Igreja Católica.

Esses reformadores - e muitos outros, incluindo mulheres como Marie Dentière (1495-1561) e Argula von Grumbach (1490-1564) - estavam respondendo a preocupações espirituais e aos abusos da Igreja, mas havia outros que reconheciam um valor puramente prático do movimento de Reforma. O Rei Henrique VIII da Inglaterra (que reinou entre 1485 e 1509) é o mais famoso destes. Ele entendeu que, ao jogar fora o poder da Igreja, poderia ele mesmo assumir esse poder - e a riqueza advinda dele. Henrique VIII é frequentemente mencionado como o rei que pediu ao Papa um divórcio, o que lhe foi negado, e assim fundou a Igreja da Inglaterra como resposta. Os problemas conjugais de Henrique VIII eram apenas um aspecto do início da Reforma na Inglaterra. No entanto, como a Igreja possuía significativas extensões de terra sem taxação, ao separar-se dela, o rei poderia adquirir receitas substanciais, além de eliminar o poder político do Papa e do clero.

Henry VIII by Joos van Cleve
Henrique VIII por Joos van Cleve
Joos van Cleve (Public Domain)

Conclusão

Muitos outros príncipes e nobres apoiaram a Reforma por esta mesma razão. A Igreja, como entidade política poderosa, vinha influenciando direitos de propriedade, sucessões e mesmo guerras por séculos, e ao se alinharem com a causa protestante, esses nobres ganharam mais autonomia e poder. No entanto, a separação da Igreja não foi pacífica ou amigável, e muitos foram mortos, enquanto monastérios, igrejas e obras de arte religiosas foram destruídas. Na Escócia, o reformador John Knox (1514-1572) incentivou a destruição de monastérios, conventos e igrejas completamente, ao ponto de muitas terem sido reduzidas a ruínas.

Os conflitos acabaram, ao menos oficialmente, pela Paz de Augsburgo, de 1555, que estabeleceu que os monarcas poderiam escolher entre o catolicismo romano e o luteranismo para sua região e que esta religião seria a confissão de fé do povo. No entanto, a Contrarreforma (1545-1700), que foi a resposta da Igreja ao movimento protestante, ao mesmo tempo que remediou abusos (incluindo uma reforma da política de indulgências) e realizou outras mudanças significativas, prolongou o conflito ao tentar reconverter certas regiões.

As tensões entre católicos e protestantes influenciaram, embora não tenham causado, a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que matou aproximadamente 8 milhões de pessoas e devastou a região do Sacro-Império Romano. Essa guerra foi encerrada pela Paz de Westfália, que simplesmente reconheceu os mesmos princípios da Paz de Augsburgo em 1555 e estendeu a liberdade religiosa para a prática da fé em âmbito privado, quando esta diferia da versão oficial do cristianismo adotada em um país ou principado. Esse acordo é amplamente considerado o fim da Reforma.

Os efeitos da Reforma Protestante foram profundos em todos os níveis. As taxas de alfabetização melhoraram dramaticamente, uma vez que os protestantes eram encorajados a ler a Bíblia por si próprios, e a educação se tornou uma alta prioridade. O conceito de propaganda foi estabelecido e usado para avançar com agendas pessoais ou de determinados grupos. A prensa móvel e os livros produzidos em massa se tornaram mais centrais na sociedade. Ideais democráticos se tornaram mais aceitáveis e os Estados-nação se formaram nos países, ao passo que o nacionalismo se tornava mais prevalente.

A Era dos Descobrimentos também foi influenciada pela Reforma, pois os países católicos europeus procuraram colonizar o assim chamado "Novo Mundo" por sua fé, e grupos protestantes fizeram o mesmo. As consequências da Reforma, de fato, foram tão abrangentes que são quase impossíveis de enumerar, mas no começo, nenhum dos principais atores tinha qualquer coisa parecida em mente.

A resposta inicial da Igreja aos argumentos de Lutero foi que se todos pudessem interpretar a Bíblia como bem entendessem e não houvesse uma autoridade central aceita, então qualquer pessoa poderia considerar sua interpretação como certa aos olhos de Deus. A Igreja Católica afirmou que precisava haver um único corpo governante para que os fiéis se voltassem ao buscar a vontade divina, se não, cada facção clamaria sua própria interpretação como a verdade dada por Deus. Isto é exatamente o que aconteceu e levou ao estabelecimento de diversas denominações protestantes oferecendo sua própria visão do cristianismo. Ao datar a Reforma Protestante, de fato, alguns acadêmicos afirmam que ela ainda está em andamento, conforme diferentes seitas continuam a afirmar sua verdade particular como a verdade do próprio Deus.

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Perguntas e respostas

Qual foi a principal causa da Reforma Protestante?

A Reforma Protestante foi uma reação à corrupção e abusos da Igreja Católica na Idade Média.

Quando a Reforma Protestante começou?

A Reforma Protestante começou em 1517, quando o padre alemão Martinho Lutero publicou suas 95 Teses, desafiando a política da Igreja quanto às indulgências.

Quais são as datas da Reforma Protestante?

Embora alguns estudiosos divirjam sobre a resposta, a Reforma Protestante é geralmente datada entre 1517 e 1648.

Quem foram os principais reformadores durante a Reforma Protestante?

Havia muitos reformadores significativos mas os três considerados mais importantes são Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio e João Calvino.

Houve alguma mulher envolvida na Reforma Protestante?

Houve muitas mulheres envolvidas na Reforma Protestante, incluindo Margarida de Navarra, Marie Dentière, Argula von Grumbach e Katharina Zell. A Contribuição de mulheres para a Reforma está sendo agora mais devidamente reconhecida.

Quais foram algumas consequências da Reforma Protestante?

Dentre os efeitos da Reforma Protestante inclui-se: aumento da alfabetização, democracia moderna, individualismo, direitos civis, ceticismo filosófico e diversidade religiosa.

Sobre o tradutor

Pedro Lerbach
Pedro Lerbach é tradutor freelance. Estudou ciência política na Universidade de Brasília e fala português, inglês, espanhol e francês.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2021, Novembro 10). Reforma Protestante [Protestant Reformation]. (P. Lerbach, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20181/reforma-protestante/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Reforma Protestante." Traduzido por Pedro Lerbach. World History Encyclopedia. Última modificação Novembro 10, 2021. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20181/reforma-protestante/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Reforma Protestante." Traduzido por Pedro Lerbach. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 10 Nov 2021. Web. 27 Abr 2024.