Quetzalcoatl

Definição

Mark Cartwright
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 01 Agosto 2013
X
translations icon
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, italiano, espanhol
Quetzalcoatl (by Marcelosan, CC BY-SA)
Quetzalcoatl
Marcelosan (CC BY-SA)

Quetzalcoatl ou “Serpente Emplumada” era um dos mais importantes deuses da antiga Mesoamérica. Divindade do vento e da chuva, também era cultuado como criador do mundo e da humanidade. Um misto de pássaro e cascavel, seu nome combina as palavras Náuatles quetzal (o pássaro com penas esmeraldas) e coatl (serpente).

No México Central, a partir de 1200, o deus da serpente emplumada tornou-se o patrono dos sacerdotes e mercadores, bem como da educação, ciência, agricultura, artesanato e das artes. Venerado como inventor do calendário, era identificado com Vênus, a Estrela da Manhã, que se erguia a cada manhã e com os gambás. Além disso, teria descoberto o milho, com a ajuda de uma formiga vermelha gigante que o levou a uma montanha repleta de grãos e sementes. Entre os maias chamava-se Kukulcán; para os quichés da Guatemala, Gucumatz; e Ehecatl para os huastecas da Costa do Golfo.

Remover publicidades
Advertisement

Quetzalcoatl era o filho do deus primordial e andrógino Ometeotl. Na mitologia asteca era irmão de Tezcatlipoca, Huizilopochtli e Xipe Totec. O nono dos 13 Senhores do Dia, também se encontra associado com frequência ao deus da chuva, Tlaloc. Tinha uma associação especial com o sítio sagrado de Cholula, um importante centro de peregrinações a partir de 1200, e também com todos os edifícios arredondados da cultura asteca.

No México Central, Quetzalcoatl era fortemente ligado aos ventos, em particular os que traziam as nuvens de chuva.

Um Deus Criador

No período Pós-Clássico Tardio (a partir de 1200), no México Central, o deus começou a ser fortemente associado ao vento (em particular o que traz nuvens de chuva) e como o deus da criação Ehecatl-Quetzalcoatl. A tradição Nahua Pós-Clássica traz o deus como o criador do cosmos, junto com seu irmão Tezcatlipoca ou Huitzilopochtli, e como um dos quatro filhos de Tonacateuctli e Tonacacihuatl, as divindades originais da criação. Após aguardar por 600 anos, o casal, já idoso, instruiu Quetzalcoatl a criar o mundo. Em algumas versões do mito, Quetzalcoatl e Tezcatlipoca lutam um contra o outro repetidamente e, em consequência, as quatro Eras são criadas e destruídas a cada batalha.

Remover publicidades
Advertisement

Numa versão alternativa da criação, ambos são mais cooperativos e unidos criam o Sol, o primeiro casal de homem e mulher e os deuses do fogo e da chuva. A dupla divina criou a terra e o céu quando se transformaram em duas enormes serpentes e partiram em dois o monstro reptiliano feminino conhecido como Tlaltcuhtli (ou Cipactli). Uma das partes tornou-se a terra e a outra o céu. As árvores, plantas e flores surgiram do cabelo e da pele da criatura morta, enquanto fontes e cavernas foram criadas de seus olhos e nariz. Vales e montanhas apareceram a partir de sua boca. Outras versões contam que o espírito divino de Cipactli estava compreensivelmente insatisfeito por ter perdido seu corpo físico através de um ataque tão brutal. O único meio de apaziguar a deusa seria através do sacrifício de sangue e corações e, portanto, justificava-se desta forma uma das mais desagradáveis práticas da antiga cultura mesoamericana, o ritual do sacrifício humano.

Quetzalcoatl e Mictlán

No mito da criação da humanidade, Quetzalcoatl desce até Mictlán - o mundo subterrâneo -, para remover alguns ossos. Porém, Mictlanteuctli e Mictlancihuatl, as divindades que governavam o mundo subterrâneo, concordaram em lhe dar os ossos somente se Quetzalcoatl pudesse soprar uma concha em formato de chifre que não tinha orifícios. O esperto Quetzalcoatl resolveu o problema usando minhocas para abrir buracos na concha e colocando abelhas dentro para fazê-la soar. Ele também finge deixar o mundo subterrâneo sem os ossos, declarando sua intenção de deixá-los onde estão, quando na verdade os furta debaixo do nariz de Mictlanteuctli. O deus, indignado com a fraude, cria um poço para aprisionar o trapaceiro. Quetzalcoatl termina por cair no poço e, na queda, espalha os ossos furtados, misturando as partes masculinas e femininas. Mas o deus consegue escapar, levando os ossos, e os dá à grande deusa serpente, Cihuacoatl, que magicamente os transforma em pessoas, misturando os ossos com milho e um pouco do sangue de Quetzalcoatl.

Remover publicidades
Advertisement

Aztec Double-Headed Serpent (Detail)
Serpente de Duas Cabeças Asteca (Detalhe)
British Museum (CC BY-NC-SA)

Como são as representações artísticas de Quetzalcoatl?

A mais remota representação de Quetzalcoatl que sobreviveu provém da civilização Olmeca. Trata-se de uma figura entalhada em La Venta que retrata uma serpente com bico e uma crista de penas, flanqueada por dois pássaros quetzal e uma faixa celeste. No México, a representação mais antiga encontra-se em Teotihuacan, onde existem representações do século III de serpentes emplumadas e uma pirâmide de seis pavimentos foi construída para homenagear o deus. Estas representações e aquelas situadas num sítio posterior, em Cacaxtla, incluem o deus com chuva e água, sugerindo uma forte associação com este elemento. O deus da serpente emplumada era frequentemente representado na decoração escultural na arquitetura e também aparece em outros locais, tais como Xochicalco, mas raramente em qualquer forma humana antes do período Pós-Clássico Tardio. Uma exceção pode ser encontrada numa palma esculpida proveniente de Veracruz.

A partir de 1200, Quetzalcoatl começa a ser representado em forma humana, normalmente portando joias de conchas e um chapéu cônico (copilli). Em alguns casos, as representações têm um chapéu ornado com implementos sacrificiais, como uma flor, um leque de penas pretas e amarelas e brincos circulares de jade ou conchas em espiral (epcololli). Também é comum que o deus traga a joia do vento (Ehecailacozcatl), que consiste numa concha seccionada na parte em espiral e vestida como um peitoral. Como Ehecatl-Quetzalcoatl, ele é com frequência negro, veste uma máscara vermelha como um bico de pato e possui longos dentes caninos. Como o deus dos pontos cardeais, Quetzalcoatl estava igualmente associado com as cores preta (norte), vermelha (leste), azul (sul) e branca (oeste).

Após a Conquista Espanhola, os já complexos mitos envolvendo o deus se tornaram ainda mais complicados, situação só piorada pela confusão da história de Quetzalcoatl com a do lendário primeiro governante dos toltecas em Tula, Ce Acatl Topiltzin Quetzalcoatl, que usava o nome da divindade como um de seus títulos. A lenda e o simbolismo de Quetzalcoatl sobrevivem nos dias atuais, e ele se tornou um ícone do orgulho nacional mexicano e um símbolo poderoso da tradição dos povos originários da região.

Remover publicidades
Advertisement

Remover publicidades
Publicidade

Perguntas e respostas

Quetzalcoatl era o deus de quê?

Quetzalcoatl era o deus da serpente emplumada asteca. Deus da criação, também trazia o vento e as chuvas. Para os maias, era conhecido como Kukulcán ou Gucumatz.

Quetzalcoatl era bom ou ruim?

Embora Quetzalcoatl pudesse trazer ventos e tempestades, era venerado como aquele que criou o mundo e a humanidade. Também era responsável pela chegada das chuvas, vitais para a agricultura.

Como Quetzalcoatl é representado?

Quetzalcoatl é normalmente representado como uma grande serpente com penas do pássaro quetzal. Também pode ser representado na forma humana, usando um chapéu cônico e joias feitas de conchas.

Quem era o homem chamado Quetzalcoatl?

Quetzalcóatl era o deus asteca da criação, mas também o nome do lendário primeiro governante dos Toltecas, em Tula. Seu nome completo é Ce Acatl Topiltzin Quetzalcóatl.

Bibliografia

A World History Encyclopedia é um associado da Amazon e recebe uma comissão sobre as compras de livros elegíveis.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é autor, pesquisador, historiador e editor em tempo integral. Seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações compartilham. Ele possui mestrado em Filosofia Política e é diretor editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2013, Agosto 01). Quetzalcoatl [Quetzalcóatl]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12086/quetzalcoatl/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Quetzalcoatl." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação Agosto 01, 2013. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12086/quetzalcoatl/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Quetzalcoatl." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 01 Ago 2013. Web. 24 Abr 2024.