Consequências da Peste Negra na Europa

Artigo

Joshua J. Mark
por , traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto
publicado em 16 Abril 2020
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês, grego, italiano, espanhol, Turco

Entre 1347-1352 ocorreu uma gravíssima pandemia na Europa e que viria a alterar completamente o mundo da Europa Medieval: a Peste Negra. Um forte despovoamento abalou o sistema socioeconômico feudal da época, mas a experiência da Peste, em si mesma, acabou por afetar todos os aspectos da vida das pessoas.

Doenças em escala epidêmica faziam parte do dia a dia da vida na Idade Média, porém uma pandemia da intensidade da Peste Negra nunca havia sido experimentada e, em consequência, não havia maneira para o povo retomar o cotidiano de antes da doença. A Peste Negra alterou o paradigma fundamental da vida europeia em áreas como:

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  • Socioeconômica
  • Conhecimento e Prática Médicas
  • Crença e Prática Religiosas
  • Opressão e Migração
  • Direitos das Mulheres
  • Arte e Arquitetura

Antes da Peste, o sistema feudal dividia rigidamente a população em um sistema de castas, com o rei no topo, seguido pelos nobres, comerciantes abastados, e os camponeses (servos) na parte mais baixa. O conhecimento médico era baseado, sem contestação, nos ensinamentos dos médicos do passado e a Igreja Católica era considerada a autoridade maior em assuntos espirituais. As mulheres eram universalmente vistas como cidadãos de segunda classe e a arte e a arquitetura da época refletiam as crenças do povo em um Deus benevolente que respondia a orações e súplicas. A bactéria Yersinia pestis, a verdadeira causa da peste, transportada por pulgas e roedores, era desconhecida da população da época e em nada mudou a visão do mundo.

The Feudal Society in Medieval Europe
A Sociedade Feudal na Europa Medieval
Simeon Netchev (CC BY-NC-SA)

A vida nesta época de maneira alguma era fácil, ou até mesmo algumas vezes agradável, mas o povo sabia – ou pensava que conhecia – como o mundo funcionava e como viver nele; a Peste iria mudar tudo isto e conduzir a uma nova compreensão que encontrou expressão em movimentos tais como a Reforma Protestante e a Renascença.

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Chegada, Disseminação e Efeito da Peste

O número de óbitos subia tão rapidamente que os europeus não tiveram tempo para entender o que estava acontecendo e o que deveriam fazer a respeito da situação.

A Peste chegou à Europa vinda do Oriente, muito provavelmente via rotas comerciais, como a Rota da Seda por terra e, certamente, por via marítima pelos navios. A Peste Negra - combinação de uma praga com três tipos de manifestações: septicêmica, pneumônica e bubônica (e possivelmente uma cepa murina) – ganhou impulso no Leste a partir de 1322 e, já em c.1343, havia infectado as tropas da Horda Dourada Mongol sob o comando do Khan Djanibek (rein. 1342-1357), que naquele momento se encontrava sitiando a cidade Caffa sob o domínio italiano (atual Feodosia ou Teodosia, na Crimeia), no Mar Negro.

À medida que seus soldados morriam da Peste, Djanibek lançava seus cadáveres sobre as muralhas da cidade, infectando os habitantes de Caffa pelo contado com os corpos em decomposição. Por fim, muitos habitantes fugiram da cidade por via marítima, chegando primeiro em portos da Sicília, em seguida, a Marselha e outros locais, de onde a Peste se disseminou para o interior. As pessoas infectadas, em geral, morriam dentro de três dias depois do aparecimento dos sintomas e o número de óbitos subia tão rapidamente que os europeus não tiveram tempo para entender o que estava acontecendo ou o que deveriam fazer a respeito da situação. O estudioso Norman F. Cantor comenta:

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A Peste era muito mais grave nas cidades do que nos campos, porém seu impacto psicológico penetrava todas as camadas da sociedade. Ninguém – camponês ou aristocrata – encontrava-se a salvo da doença e uma vez contraída, uma morte horrível e dolorosa era quase uma certeza. O morto e o moribundo ficavam pelas ruas, abandonados pelos assustados amigos e parentes. (Civilization, 482)

À medida que a Peste devastava e todos os esforços para impedir sua expansão ou cura eram inúteis, as pessoas passaram a perder a fé nas instituições em que acreditavam anteriormente, ao mesmo tempo em que o sistema social do feudalismo começava a se desmoronar devido à morte generalizada dos servos. Eram eles as pessoas mais suscetíveis devido às suas condições de vida, colocados em íntimo e diário contato uns com os outros, ao contrário das classes superiores.

The Triumph of Death
O Triunfo da Morte
Museo del Prado (Public Domain)

A Peste corria desenfreadamente entre as classes inferiores que procuravam abrigo e assistência nos conventos, igrejas, monastérios, espalhando a Peste para o clero e, do clero, até à nobreza. Na época que a doença já havia encerrado sua corrida em 1352, milhões estavam mortos e a estrutura social da Europa encontrava-se tão irreconhecível quanto a paisagem urbana pois, como observa Cantor, “muitas florescentes cidades, por um bom tempo, se transformaram virtualmente em cidades fantasmas.” (Civilization, 482), e as safras permaneciam apodrecendo nos campos, pois não havia quem as colhesse.

Consequências Socioeconômicas

Antes da Peste, o rei era visto como sendo o proprietário de toda as terras que ele concedia aos seus nobres. Os nobres possuíam os servos que trabalhavam a terra, cujo produto gerava uma renda para o senhor e este, por sua vez, pagava uma porcentagem desta renda para o rei. Os próprios servos nada recebiam pelo trabalho, exceto casa e comida que eles próprios cultivavam. Sendo toda terra pertencente ao rei, ele se sentia livre para entregá-la como presente aos amigos, parentes e outros nobres, que haviam prestado serviço a ele e, portanto, todo pedaço de terra disponível por volta de c.1347, encontrava-se cultivada pelos servos pertencentes a estes senhores.

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A Europa encontrava-se superpovoada naquela época e, portanto, não havia escassez de servos para trabalhar no campo e estes camponeses não tinham escolha a não ser continuar este trabalho – o que era, em essência, um tipo de escravidão – desde o momento em que podiam andar até a sua morte. Não havia mobilidade ascendente no sistema feudal e um servo ficava fixado à terra, ele e sua família, trabalhando ali de geração em geração.

March, Les Très Riches Heures
Março, As Horas Mais Ricas
Limbourg Brothers (Public Domain)

Quando a Peste se foi, no entanto, o despovoamento reduziu a força de trabalho e a mão de obra dos servos repentinamente tornou-se um importante – e cada vez mais escasso – ativo. O senhor de uma propriedade não podia alimentar a si mesmo, sua família ou pagar dízimos para o rei ou à Igreja, sem o trabalho de seus camponeses e a perda de tantos deles significava que os sobreviventes podiam agora negociar pagamento e melhor tratamento. A vida das classes mais inferiores melhorou enormemente na medida em que foram capazes em conseguir melhores condições de vida, roupas e até itens de luxo.

Uma vez a Peste desaparecida, o conjunto de servos em melhores condições foi desafiado pelas classes superiores, preocupadas que estavam com a possibilidade de terem seu lugar na sociedade ocupado pelas classes inferiores em franca ascensão social. A situação mudou dramaticamente à medida que a elite exigia roupas e acessórios mais extravagantes para se distanciarem dos pobres, os quais agora podiam arcar com roupas mais finas do que na antiga situação de se vestirem com trapos e mantas. A pressão dos abastados para que os servos retornassem à antiga condição resultou em insurreições, como a Revolta dos Camponeses na França em 1358, a Revolta das Corporações (guilds) de 1378, a famosa Revolta dos Camponeses de Londres em 1381. Não houve um “voltar atrás”, no entanto, e os esforços da elite foram infrutíferos. A luta de classes continuaria, porém, a autoridade do sistema feudal foi quebrada.

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Consequências no Conhecimento e Prática Médicas

O desafio à autoridade também afetou o conhecimento e prática da medicina ensinada. Os doutores baseavam seu conhecimento médico primariamente no trabalho do médico romano Galeno (* 130 + 210 d.C.), bem como em Hipócrates (* c.460 + c.370 a.C.) e Aristóteles (*384 +322 a.C.), porém muitos destes trabalhos encontravam-se disponíveis somente em traduções de cópias árabes e, quase sempre, muito ruins. Ainda assim, os trabalhos que possuíam foram empregados da melhor maneira possível. O estudioso Jeffrey Singman comenta:

A ciência medieval estava longe de ser primitiva e, de fato, era um sistema altamente sofisticado baseado nos escritos acumulados de teóricos desde o primeiro milênio a.C. A fraqueza da ciência médica encontrava-se em sua orientação teórica e em livros, os quais realçavam a autoridade dos autores aceitos. A obrigação do estudioso (e doutor) era interpretar e reconciliar estas antigas autoridades, ao invés de testar suas teorias com base nas realidades observadas. (62)

Os doutores e outros cuidadores foram vistos morrendo em uma velocidade alarmante, à medida que tentavam curar as vítimas da Peste usando seus conhecimentos tradicionais e, mais além, nada do que prescreviam era útil para seus pacientes. Ficou evidente, por volta de 1349, que as pessoas se recuperavam ou morriam devido a da Peste sem nenhuma razão aparente. O tratamento que recuperava um paciente, falhava no próximo.

Franciscan Monks Treat Victims of Leprosy
Monges Franciscanos Cuidam de Vítima de Hanseníase
Unknown Author (Public Domain)

Após a Peste, os doutores começaram a questionar a antiga prática de aceitar o conhecimento do passado sem adaptá-lo às circunstâncias presentes. O estudioso Joseph A. Legan escreve:

A medicina lentamente começou a mudar durante a geração após o surto inicial da Peste. Muitos teóricos médicos importantes pereceram pela doença, o que abriu a disciplina para novas ideias. Uma segunda causa para a mudança foi que enquanto a medicina baseada na Universidade fracassou, as pessoas começaram a se voltar para os cirurgiões mais práticos... Com a ascensão da cirurgia, foi dada mais atenção ao estudo direto do corpo humano, tanto na doença como na saúde. Investigações e dissecações anatômicas, jamais realizadas na Europa no período pré-Peste, prosseguiram com mais urgência e mais apoio das autoridades públicas. (53)

A morte de tantos autores e teóricos, que haviam escrito ou traduzido tratados médicos em latim, resultou em novos trabalhos nos idiomas vernaculares. Isto permitiu que as pessoas comuns lessem textos médicos, ampliando a base do conhecimento médico. Mais à frente, os hospitais evoluíram para instituições bastante semelhantes aos dos dias atuais. Anteriormente, eram usados somente para isolar as pessoas doentes e, após a Peste, tornaram-se centros de tratamento com um grau mais elevado de limpeza e atenção aos cuidados do paciente.

Mudança na Atitude Religiosa

o extravagante estilo de vida do clero e a crescente mortalidade do mal geraram desconfiança generalizada na visão e autoridade da igreja.

Os doutores e os teóricos não foram os únicos cuja autoridade foi desafiada pela Peste. No mesmo patamar, o clero sofreu o mesmo tipo de escrutínio e inspirou a mesma – ou muito maior - dúvida na capacidade de realizarem os serviços que pretendiam serem capazes. Frades, monges, sacerdotes e monjas morriam tão facilmente quanto qualquer pessoa – em algumas regiões, os serviços religiosos simplesmente deixaram de existir por falta de quem os pudesse pôr em prática – e, além do mais, talismãs e amuletos comprados para proteção, os atos religiosos em que compareciam, as procissões em que tomaram parte, orações e jejuns, todos estes nada fizeram para impedir a disseminação da Peste e, em alguns casos, até a encorajava.

O Movimento Flagelante, no qual grupos de penitentes iam de cidade em cidade flagelando-se para expiarem seus pecados, teve início na Áustria e ganhou força na Alemanha e França. Estes grupos, liderados por um autoproclamado Mestre, com pouco ou nenhum treinamento religioso, não somente ajudaram a disseminação da Peste, mas tumultuaram as comunidades pela insistência em atacar grupos marginalizados, como os judeus.

The Flagellants
Os Flagelantes
Pieter van Laer (Public Domain)

Como ninguém sabia a causa da Peste, atribuíam-na ao sobrenatural (como uma suposta bruxaria dos judeus) e, especificamente, à fúria de Deus devido aos pecados do homem. Os que morreram de Peste eram suspeitos de alguma falta de fé pessoal e, mais ainda, ficava claro que o mesmo clero que os condenava, morria da mesma doença e da mesma maneira. Os escândalos dentro da Igreja e o extravagante estilo de vida de muitos clérigos, combinados com a crescente mortalidade pelo mal, geraram generalizada desconfiança na visão e autoridade da Igreja.

Aumento na Perseeguição e Migração

A frustração que o povo sentiu por sua impotência frente à Peste, explodiu em violentas perseguições por toda a Europa. O Movimento Flagelante não foi a única fonte de perseguição, pois outros pacíficos cidadãos podiam erguer furiosamente o chicote para atacar comunidades judaicas, ciganas, hansenianas e outras. As mulheres eram violentadas na crença de que encorajavam o pecado devido à associação delas com a Eva bíblica e a perda do Paraíso pelo homem.

Os alvos mais comuns, no entanto, eram os judeus, há muito tempo considerados os únicos dignos da hostilidade cristã. O conceito cristão de judeu como “Assassinos de Cristo”, encorajou o surgimento de um amplo corpo de superstições que incluíam a alegação de que os judeus assassinavam crianças cristãs e utilizavam seu sangue em rituais pecaminosos. Este sangue era frequentemente espalhado pelos judeus nos campos em volta das cidades para originar a Peste e que os judeus envenenavam regularmente os poços de água, visando matar o maior número possível de cristãos.

Persecution of Jews during the Black Death
Perseguição aos Judeus Durante a Peste Negra
Unknown artist (Public Domain)

Comunidades judaicas foram completamente exterminadas na Alemanha, Áustria e França – apesar de uma Bula assinada pelo Papa Clemente VI (*1291 +1352) isentava os judeus e condenava os cristãos que os perseguissem. Grandes migrações de comunidades judaicas fugiram dos locais destes massacres, muto deles se fixando na Polônia e na Europa Oriental.

Direitos das Mulheres

As mulheres, por outro lado, conquistaram status mais alto após a Peste, pois anteriormente possuíam poucos direitos. A intelectual Eileen Power escreve:

Considerando as características ideias medievais a respeito das mulheres, é importante saber não somente o que tais ideias eram em si mesmas, mas também quais eram as fontes das quais jorravam... No início da Idade Média, a ideia que a opinião da época tinha a respeito das mulheres provinha de duas fontes: a Igreja e a aristocracia. (9)

Nem a Igreja medieval, nem a aristocracia tinham a mulher em alta conta. As mulheres das classes inferiores podiam trabalhar como padeiras, ordenhadoras, garçonetes, tecelãs e, evidentemente, como trabalhadoras, junto com sua família, na propriedade do senhor, mas sem poder mandar em seu próprio destino. Quem decidia se uma moça podia se casar não era seu pai, mas o senhor. Uma mulher deixava de estar sob a autoridade direta de seu pai, propriedade do senhor, e passava para a autoridade de seu marido, também subordinado ao senhor.

Medieval Women
Mulheres Medievais
Stuart (CC BY-NC-ND)

O status das mulheres melhorou um pouco através da popularidade do Culto à Virgem Maria, que associava as mulheres com a Mãe de Jesus Cristo, porém a Igreja continuamente afirmava a inerente pecaminosidade das mulheres como filhas de Eva que havia trazido o pecado para o mundo.

Após a Peste, com tantos varões mortos, às mulheres foi permitido possuírem a própria terra, cultivar o que anteriormente era feito por seus maridos ou filhos e maior liberdade na escolha de seu companheiro. As mulheres uniram-se a associações (guilds), administraram empresas têxteis e de transporte e puderam ser donas das próprias tavernas e terras cultiváveis. Embora muitos destes direitos fossem mais tarde reduzidos, à medida que a aristocracia e a Igreja tentavam assegurar o antigo controle sobre elas, a situação das mulheres ainda se encontrava melhor após a Peste do que antes.

Arte e Arquitetura

A arte e a arquitetura medievais também foram dramaticamente afetadas pela Peste. Manifestações artísticas (pinturas, impressões em xilogravura, esculturas etc.) passaram ser mais realistas do que antes e, quase uniformemente, focadas na morte. A estudiosa Anna Louise DesOrmeaux comenta:

Algumas obras de arte da Peste contêm imagens abomináveis, diretamente influenciadas pela mortalidade da doença ou pela fascinação medieval com o macabro e a percepção da morte aumentada pelo mal. Algumas obras da Peste documentam respostas psicossociais ao temor que ela despertou em suas vítimas. Outras artes da Peste são de um assunto que diretamente remete à confiança das pessoas na religião para lhes socorrer. (29)

O motivo mais famoso foi a Dança da Morte (também conhecida como Dança Macabra), uma representação alegórica da morte reclamando pessoas de todas as esferas da vida para acompanhá-la. Como observa DesOrmeaux, a arte pós-Peste não remete à Peste diretamente, porém qualquer pessoa vendo uma obra logo percebe o simbolismo. O que não significa que não existiam alusões à morte antes da Peste, somente que isto ficou mais evidente após a pandemia.

Danse Macabre in St. Mary's Church, Beram
Dança Macabra na Igreja de St. Mary, Beram
Toffel (GNU FDL)

Também a arquitetura sofreu influência semelhante, como observado por Cantor:

Na Inglaterra, ocorreu um aumento paralelo na austeridade do estilo arquitetônico, o que pode ser atribuído à Peste Negra – um afastamento da decorada versão do Gótico francês, com suas elaboradas esculturas e vidros, para um estilo mais reservado chamado Perpendicular, com edifícios de perfis e cantos mais afilados, menos opulentos, arredondados e estéreis do que decorados... A causa pode ter sido econômica – menos capital a ser gasto na decoração, pois o pesado imposto de guerra e a redução nas rendas do Estado devido à redução na mão-de-obra e os elevados salários dos camponeses. (Wake, 209)

Como os camponeses passaram a exigir salários maiores, os projetos de edifícios elaborados, que eram comissionados antes da Peste, ficaram bem menos acessíveis, resultando em estruturas mais austeras e financeiramente mais vantajosas. Os especialistas notaram, no entanto, que a arquitetura pós-Peste também repercutia o dominante pessimismo da época e uma preocupação com o pecado e a morte.

Conclusão

Não foram somente os salários mais elevados exigidos pelos camponeses, nem a preocupação com a morte que afetaram a arquitetura pós-pandemia, mas a grande redução na produção e demanda devida ao despovoamento, que levaram à recessão econômica. Os campos não foram cultivados e as colheitas ficaram apodrecendo enquanto, ao mesmo tempo, as nações limitaram muito as importações em um esforço para controlar a propagação da Peste, o que veio a piorar suas economias, bem como de seus antigos parceiros comerciais.

O medo generalizado a uma morte que ninguém tinha merecido, não podia ver chegando e não podia escapar, atordoou a população da Europa naquela época e, quando já havia se recuperado um pouco, inspirou-a a repensar a maneira que antes levava a vida e os valores que possuía. Embora pouca coisa tenha mudado no início, por volta da metade do século XV, mudanças radicais – inimagináveis cem anos antes – vinham acontecendo por toda a Europa, notavelmente a Reforma Protestante, a mudança das plantações de grãos em larga escala para a pecuária, aumento do salário dos trabalhadores urbanos e rurais e muitos outros avanços associados à Renascença.

Surtos de Peste continuariam muito tempo depois da pandemia do século XIV, porém nenhuma com o mesmo impacto psicológico resultando em uma completa reavaliação dos paradigmas do conhecimento recebido. A Europa – bem como outras regiões – basearam suas reações para com a Peste Negra nas convenções tradicionais – religiosas ou seculares – e, quando estas fracassaram, tiveram de ser criados modelos novos para entendimento do mundo.

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Perguntas e respostas

Quais foram alguns dos efeitos da Morte Negra?

Os efeitos da Peste Negra incluíram mais direitos para as mulheres (porque tantos homens tinham morrido), mais direitos para os servos, uma revisão dos conhecimentos médicos, perda de fé nos ensinamentos da Igreja, melhorias socioeconómicas, e migração das populações.

O que causou a Peste Negra?

A Peste Negra foi causada pela bactéria Yersinia pestis transportada por pulgas em roedores.

O que pensava o povo medieval que causou a Peste Negra?

As pessoas da época atribuíram a Peste Negra a agências sobrenaturais, seja o castigo de Deus pelo pecado ou ataques demoníacos.

A Peste Negra influenciou a Reforma Protestante?

A Peste Negra influenciou a Reforma Protestante enfraquecendo a confiança do povo nos ensinamentos da Igreja Católica, permitindo eventualmente uma aceitação mais generalizada dos "novos ensinamentos" dos Reformadores Protestantes.

Sobre o tradutor

Jose Monteiro Queiroz-Neto
Monteiro é um pediatra aposentado interessado na história do Império Romano e da Idade Média. Tem como objetivo ampliar o conhecimento dos artigos da WH para o público de língua portuguesa. Atualmente reside em Santos, Brasil.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2020, Abril 16). Consequências da Peste Negra na Europa [Effects of the Black Death on Europe]. (J. M. Queiroz-Neto, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1543/consequencias-da-peste-negra-na-europa/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Consequências da Peste Negra na Europa." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. Última modificação Abril 16, 2020. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1543/consequencias-da-peste-negra-na-europa/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Consequências da Peste Negra na Europa." Traduzido por Jose Monteiro Queiroz-Neto. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 16 Abr 2020. Web. 25 Abr 2024.