Bibliotecas no Mundo Antigo

Artigo

Mark Cartwright
por , traduzido por Nazareth Accioli Lobato
publicado em
Disponível : Inglês, Árabe, francês, espanhol
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Bibliotecas foram uma característica das maiores cidades do mundo antigo, cujos exemplos famosos são as de Alexandria, Atenas, Constantinopla, Éfeso e Nínive. Quase nunca eram bibliotecas para empréstimos, pois geralmente foram criadas para o uso de visitantes eruditos, que estudavam e copiavam tudo o que mais lhes interessava. Foi somente a partir do período romano que bibliotecas realmente públicas permitiram a todas as pessoas frequentar e ler como desejassem. Nas bibliotecas antigas, os textos – geralmente conservados em rolos de papiro ou couro, inscritos em tábuas de cera ou argila, ou encadernados em códices de pergaminho – abrangiam tudo, desde como ler presságios até cartas trocadas entre antigos governantes. Os livros eram adquiridos mediante compra, cópia e doações, mas também eram um dos itens levados das cidades pelos seus conquistadores, tal era o valor atribuído ao conhecimento na Antiguidade.

The Library of Nysa
Biblioteca de Nysa
Carole Raddato (CC BY-NC-SA)

O conceito de biblioteca na Antiguidade

Na Antiguidade, as bibliotecas nem sempre foram criadas para o público consultar textos livremente ou levá-los, como nas bibliotecas atuais, embora algumas tenham oferecido esse serviço. No Oriente Próximo e no Egito muitas bibliotecas estavam ligadas a locais de templos sagrados, ou faziam parte de um arquivo administrativo ou real. Esses tipos sobreviveram nos mundos grego e romano, mas coleções particulares também se tornaram muito mais comuns. Quando as bibliotecas foram abertas ao público, geralmente visavam permitir aos visitantes eruditos a consulta e a cópia de textos, mais ou menos como uma biblioteca moderna de referência ou o arquivo de um instituto de pesquisa funcionam hoje em dia. No período romano as bibliotecas passaram a oferecer mais do que livros, com palestras, oradores convidados para causar boa impressão, e reuniões intelectuais com colegas visitantes para discussão de assuntos na tranquilidade do salão de audiências ou no jardim da biblioteca.

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OS TEXTOS ERAM OBTIDOS ATRAVÉS DE CÓPIAS OU SIMPLESMENTE TOMADOS DE OUTRAS BIBLIOTECAS, DA DOAÇÃO DE INDIVÍDUOS PARTICULARES, E COMO RESULTADO DE CONQUISTA.

Os textos antigos podiam assumir diversas formas, tais como rolos feitos de papiro (que era a forma dominante) ou couro, ou inscritos em tábuas de cera ou argila. Os rolos de papiro eram longos, com medida padrão variando de 6 a 8 metros, e às vezes ambos os lados eram usados para escrever, geralmente em colunas e com uma larga margem em branco para anotações posteriores. O papiro era enrolado numa vareta de madeira, e podia ser tratado para preservar o material, como por exemplo, pela adição de óleo de cedro para impedir a proliferação de vermes. Os rolos de couro eram produzidos a partir da curtição do material; e no caso do velino ou do pergaminho, deixados de molho em pó de cal, depois raspados e amaciados com pedra-pomes. No período romano (séculos I - IV d.C.), as folhas de pergaminho também podiam ser amarradas com longas tiras de couro, ou costuradas para formar um códice, que às vezes possuía uma capa de couro ou madeira. O códice era muito mais prático de usar: permitia agrupar maior quantidade de textos; passagens específicas podiam ser encontradas com maior facilidade (daí o surgimento do marcador de livros); e ocupava menos espaço nas prateleiras, em comparação com os rolos. Os assuntos encontrados nos textos antigos abrangiam todos os aspectos das sociedades antigas, e incluíam religião, ciências, matemática, filosofia, medicina e correspondências de governantes.

Bibliotecas do Oriente Próximo

As bibliotecas estiveram presentes nas cidades do Oriente Próximo desde meados do segundo milênio a.C. Assírios, babilônios e hititas possuíam-nas, e também cidades sírias como Emar e Ugarite. Nelas, os textos assumiram diferentes formas, podendo ser escritos em rolos de couro (magallatu), em tábuas de madeira cobertas com cera, em papiros ou em tábuas de argila. Embora as últimas sejam as únicas sobreviventes – e em quantidade extraordinária –, elas mencionam outros meios utilizados para manter registros escritos e textos a salvo para as futuras gerações de leitores. Com frequência um texto se estendia por várias tábuas, às vezes 100. As línguas utilizadas incluíam cuneiforme, acadiana, sumeriana, hurrita e grega.

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Cuneiform Synonyms List
Lista de sinônimos em cuneiforme
Osama Shukir Muhammed Amin (Copyright)

As culturas do Oriente Próximo possuíam três tipos de bibliotecas – no interior de um palácio real, em locais de templos e em residências privadas –, uma diversificação encontrada posteriormente em muitos outros locais. A segunda categoria era a mais comum, pois era lá que se encontrava a maioria dos eruditos e daqueles capazes de ler e escrever.

A biblioteca do palácio assírio na capital, Nínive, geralmente denominada Biblioteca de Assurbanipal – em alusão ao rei da Assíria de mesmo nome (r. 668 - 627 a.C.) – foi, na realidade, organizada por diversos governantes e iniciada no século VII a.C., senão antes. Essa biblioteca era formada por grande quantidade de textos em cuneiforme, e abrangia quase tudo o que os reis poderiam ter em mãos, de hinos a mitos. Os textos eram obtidos através de cópias, ou simplesmente tomados de outras bibliotecas, da doação de indivíduos particulares, e como resultado de conquista. Os estudiosos estimam que apenas a seção de tábuas consistia de 30.000 tabletes de argila, e aqueles que pertenciam à coleção particular de Assurbanipal estão escritos e selados de maneira especial e primorosa. Embora todos lamentem a perda da Biblioteca de Alexandria (ver abaixo), a biblioteca de Nínive sofreu tragédia semelhante quando foi destruída durante a invasão dos medas, em 612 a.C. Felizmente, inúmeras obras já haviam sido copiadas e sobreviveram em outras bibliotecas assírias.

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Bibliotecas famosas de templos existiram na Babilônia, em Calá, em Sipar e em Uruque. Nelas, os eruditos – residentes ou apenas visitantes – podiam fazer cópias de textos, dos quais muitos poderiam vir a fazer parte de uma biblioteca particular. Esta última não era assim tão particular como o nome sugere, mas sim um conjunto de textos sobre assuntos específicos, para uso de determinados professores ou outras profissões, e deveriam estar ligadas a um templo. As obras tratavam de assuntos como ritual e religião (em especial feitiços, preces para exorcismo e qualquer outro ritual que exigisse uma fórmula exata para ser falada), descobertas eruditas em matemática e astronomia, medicina, e leitura correta de presságios.

Bibliotecas egípcias

Coleções de fontes textuais, semelhantes aos modernos arquivos, eram guardadas no Antigo Egito a partir do Reino Antigo, e incluíam documentos relativos a cultos, textos sagrados, textos sobre magia e registros administrativos. No entanto, as bibliotecas egípcias eram mais do que depósitos de textos antigos, e com regularidade acrescidas de textos contemporâneos, em especial relativos ao governo e até mesmo cartas dos faraós. Os egípcios também possuíam muitos tipos diferentes de bibliotecas, que se diferenciavam dos simples arquivos e podiam ter nomes como ‘casa dos livros’ (per-medjat), ‘casa das escritas’ (per-seshw) e ‘casa das palavras divinas’ (per-medw-netjer). O significado exato desses termos é desconhecido, e sem dúvida mudou ao longo do tempo. Assim como as bibliotecas do Oriente Próximo, as egípcias estavam, com frequência, associadas a templos e palácios reais. Uma pequena biblioteca escavada em Edfu revela que os rolos de papiro eram guardados em arcas, colocadas em nichos nas paredes.

The Westcar Papyrus
Papiro Westcar
Keith Schengili-Roberts (CC BY-SA)

Os egípcios possuíram em Alexandria a talvez mais famosa biblioteca de todos os tempos, embora, a despeito de sua celebridade, ainda não se saiba exatamente como foi fundada ou quando foi destruída. A maioria das fontes antigas atribui sua fundação a Ptolomeu II Filadelfo (r. 285 - 246 a.C.). Era uma combinação de biblioteca real e pública, e uma das primeiras a autorizar pessoas que não cuidavam da biblioteca a frequentar e estudar nos 500.000-700.000 rolos de seu acervo. No entanto, é duvidoso que a biblioteca pudesse ser frequentada por qualquer pessoa, sendo mais provável que fosse reservada para uso de uma pequena comunidade de estudiosos.

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A EQUIPE DA BIBLIOTECA DE ALEXANDRIA ERA IMPLACÁVEL, E TOTALMENTE DETERMINADA A CONSTRUIR O MAIOR DEPÓSITO DE CONHECIMENTOS DO MUNDO, SEM DEIXAR NENHUMA FONTE E NENHUM ASSUNTO A DESCOBERTO.

A Dinastia Ptolomaica dedicou grande quantidade de tempo e dinheiro construindo a biblioteca de Alexandria, adquirindo textos de toda a região do Mediterrâneo. Os livros eram comprados em mercados de cidades como Atenas e Rodes, qualquer correspondência oficial era adicionada, copistas e comentaristas produziam livros inteiramente novos, e até mesmo textos que chegavam de navio em Alexandria podiam ser confiscados e acrescentados à coleção da cidade. Os bibliotecários, supervisionados por um diretor, eram implacáveis, e totalmente determinados a construir o maior depósito de conhecimentos do mundo, sem deixar nenhuma fonte e nenhum assunto a descoberto.

Para facilitar a localização de um rolo, os diversos conteúdos da biblioteca eram divididos em seções segundo os gêneros, tais como poesia trágica, comédia, história, medicina, retórica e lei. Os bibliotecários não apenas armazenavam textos, mas também catalogavam, organizavam em livros, capítulos e sistemas de numeração (muitos dos quais ainda são usados), e acrescentavam anotações, como por exemplo, quando e onde uma peça havia sido representada. Às vezes uma breve avaliação crítica era acrescentada a um texto, e informações eram escritas a respeito de grupos de textos, listas de autores que deveriam ser consultados sobre determinado tópico eram redigidas, e minienciclopédias eram criadas oferecendo breves biografias de autores e suas maiores obras. Havia, ainda, estudiosos especializados em verificar a autenticidade dos textos antigos.

Ptolemy II Philadelphus Founds the Library of Alexandria
Ptolomeu II Filadelfo funda a Biblioteca de Alexandria
Vincenzo Camuccini (Public Domain)

A biblioteca, não mais de todo sustentada pelo governo, caiu em declínio a partir de meados do século II a.C. Júlio César (100 - 44 a.C.) foi responsabilizado por autores antigos, como Plutarco (c.45 - c.125 d.C.), pelo incêndio da biblioteca, embora, de alguma forma, ela tenha sobrevivido, apenas para sofrer mais incêndios c. 270 d.C. e em 642 d.C. Qualquer que seja a história exata do fim da biblioteca, felizmente para a posteridade muitos textos alexandrinos foram copiados ao longo dos séculos. Muitas vezes adicionados às bibliotecas bizantinas, esses textos foram impressos durante o Renascimento, criando, desse modo, uma nítida ligação entre os antigos rolos de papiro e as edições encontradas atualmente nas bibliotecas universitárias e em vários outros locais.

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Bibliotecas gregas

As bibliotecas gregas continuaram a ser dominadas pelos rolos de papiro, mas um indício de que os livros estavam se tornando um aspecto mais comum para além das instituições é que, para os gregos, o termo biblioteca podia se referir não somente ao local onde os textos eram guardados, mas também a qualquer pequena coleção de livros, então facilmente disponíveis nos mercados de Atenas do século V a.C. Um dos proprietários de uma renomada coleção foi o tirano Polícrates de Samos (r. 538 - 522 a.C.). A primeira biblioteca pública grega é atribuída pelos antigos autores ao empenho de Pisístrato de Atenas (m.c. 527 a.C.). Os pensamentos dos famosos filósofos gregos constituíam uma das grandes fontes de livros – o próprio Aristóteles era um notável colecionador –, mas continuava a haver um debate a respeito do que era superior para o ensino: a palavra falada ou escrita.

Os líderes helenísticos costumavam considerar as bibliotecas como forma de promover seu governo, e se apresentavam como governantes instruídos e esclarecidos. Eles poderiam, portanto, patrocinar ou aprovar publicamente certos escritores, os quais ganhavam aceitação erudita (e política) por terem suas obras admitidas numa biblioteca oficial. Já vimos os esforços dos Ptolomeus em Alexandria, mas outras bibliotecas do período incluíam Pela, Antioquia e Pérgamo, esta última criada pelos Atálidas (282 -133 a.C.) e da qual se diz que possuía 200.000 rolos. Outra tendência em desenvolvimento foi a instalação de bibliotecas no ginásio, o qual, presente em muitas cidades gregas, tornou-se um local associado tanto ao exercício físico quanto ao aprendizado.

Library of Celsus, Ephesus
Biblioteca de Celso, Éfeso
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Bibliotecas romanas

A primeira referência a uma biblioteca em Roma é a coleção de livros que o general e cônsul Emílio Paulo (c. 229 - 160 a.C.) levou para casa após haver derrotado Perseu da Macedônia (c. 212 - 166 a.C.) em 168 a.C. Esse foi um modelo muitas vezes repetido, e do qual o mais vergonhoso talvez tenha sido a apropriação da biblioteca de Aristóteles por Sula, quando saqueou Atenas em 84 a.C. Assim como nas culturas mais antigas, as bibliotecas estavam particularmente associadas a templos, palácios e arquivos do governo e, como na Grécia, a combinação ginásio-biblioteca, então denominada palaestra, foi mantida. Os escritores romanos eram prolíficos comentaristas das obras de seus antecessores gregos, e evidentemente tinham acesso a esses textos nas bibliotecas. As bibliotecas romanas tendiam a ser divididas em duas áreas: uma para as obras em latim, e outra para as gregas.

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O aumento do número de crianças enviadas para os educadores gerou um rápido crescimento na produção de livros, e desenvolveu a ideia de que um cidadão romano respeitável deveria possuir não apenas um bom conhecimento de literatura, mas também deveria ter sua própria coleção de livros, uma biblioteca particular que, geralmente, estava disponível para o amplo círculo da família e dos amigos. Uma dessas bibliotecas foi escavada em Herculano. Pertencendo a Lúcio Calpúrnio Pisão (sogro de Júlio César), nela foram encontrados resíduos carbonizados de cerca de 1.800 rolos, que poderiam ser guardados em nichos nas paredes ou em armários separados (armaria), dispostos ao redor de uma mesa central de leitura.

Por volta do final da República romana, figuras como Júlio César, o cônsul Asínio Polião (75 a.C. - 4 d.C.) e depois o imperador Augusto (r. 27 a.C. - 14 d.C.) abraçaram a ideia de que os livros pertenciam a todos, e criaram as primeiras bibliotecas realmente públicas, em oposição às instituições de épocas anteriores, que eram voltadas a convidados eruditos. Essas famosas bibliotecas foram realmente acessíveis a todos e criadas com essa finalidade, sendo mencionadas por escritores como Ovídio (43 a.C. - 17 d.C.) e Plínio, o Velho (23 - 79 d.C.). Um indício que sobrevive da biblioteca de Panteno, em Atenas, declara: “Nenhum livro pode ser levado... Aberta do amanhecer ao meio-dia” (Hornblower, 830). Via de regra um atendente buscava o rolo desejado, enquanto copistas e restauradores trabalhavam nos bastidores.

The Gospels
Os Evangelhos
Kotomi Yamamura (CC BY-NC-SA)

Havia tantas bibliotecas – a cidade de Roma iria terminar com talvez 28 bibliotecas públicas – que Vitrúvio (c. 90 - c. 23 a.C.), o famoso arquiteto e erudito, dedicou uma seção de sua obra Sobre a Arquitetura para as próprias considerações a respeito da construção de uma biblioteca. Ele recomendava que uma biblioteca deveria ficar de frente para o Leste, para ter melhor iluminação e redução da umidade. Outros escritores recomendavam que os pisos deveriam ser de mármore verde, e os tetos não deveriam ser dourados, para evitar brilho intenso e esforço desnecessário aos olhos.

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As bibliotecas romanas tornaram-se um local onde um autor lançava sua obra ao público pela primeira vez, lendo em voz alta para uma reduzida audiência. A Biblioteca Palatina de Augusto também foi utilizada para toda a sorte de encontros, incluindo audiências imperiais e sessões do Senado romano. Outra possível combinação de funções diz respeito às bibliotecas em termas romanas; as termas de Trajano (r. 98 - 117 d.C.), Caracala (r. 211 - 217 d.C.) e Diocleciano (r. 284 - 305 d.C.), em Roma, tinham salas identificadas por alguns eruditos como bibliotecas, supondo-se que, caso fossem, não seria permitido levar um rolo para a sala de vapor. Assim como outros elementos de sua cultura, os romanos disseminaram a ideia de biblioteca pública através do império, com famosas sendo construídas em Éfeso (Biblioteca de Celso, concluída em 117 d.C.) e Atenas (Biblioteca de Adriano, concluída c. 134 d.C.). Outras bibliotecas famosas do século II d.C. incluem as de Rodes, Cós e Taormina.

Ancient Library
Biblioteca antiga
Mohawk Games (Copyright)

Bibliotecas bizantinas

Embora o Império Bizantino possuísse uma biblioteca imperial e uma biblioteca patriarcal (dirigida pelo bispo principal) durante grande parte de sua história, e tenha ostentado uma das grandes bibliotecas em Constantinopla, com 120.000 rolos (incendiada c.475 d.C.), na Antiguidade Tardia as bibliotecas públicas geralmente começaram a desaparecer no mundo greco-romano. No entanto, os livros certamente não desapareceram de todo, e os mosteiros bizantinos se tornaram os grandes conservadores de textos antigos em suas bibliotecas, os quais eram adquiridos por meio de cópias diligentes e pela doação de patronos generosos. Um mosteiro típico estava bem abastecido se pudesse ostentar 50 livros, e estes eram apenas para a consulta de eruditos, na medida em que as bibliotecas retornaram às funções mais limitadas que haviam desempenhado no Oriente Próximo e no Egito.

Novos livros foram produzidos, em grande parte, graças à religião cristã, que ao contrário de outras crenças pagãs mais antigas, transferiu suas ideias aos novos seguidores através da palavra escrita, mais do que pela instrução oral apenas. Os convertidos também recordavam as estórias, hinos e rituais graças aos textos. Os infindáveis debates que os eruditos cristãos criaram com suas novas ideias e interpretações dos textos antigos, seus comentários, e consequentes divisões, resultaram no aumento tanto da produção de livros como da leitura (e também, às vezes, na destruição de livros considerados subversivos). Exemplos notáveis de bibliotecas bizantinas são as dos mosteiros do Monte Atos e do Monte Sinai, que contém cerca de 1/4 de todos os manuscritos medievais sobreviventes. Portanto, é em grande parte graças aos monges bizantinos – sempre ocupados na produção de seus belos porém caros manuscritos iluminados –, que hoje podemos ler, estudar e desfrutar das obras de nomes como Heródoto, Sófocles e Tucídides.

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Sobre o tradutor

Nazareth Accioli Lobato
Historiadora e ex-professora de História. Especialista em História Medieval, mas também interessada em outros períodos históricos e na divulgação de conhecimentos sobre o passado para um público amplo.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é escritor, pesquisador, historiador e editor. Tem grande interesse por arte, arquitetura e pela busca das ideias que todas as civilizações compartilham. Possui mestrado em Filosofia Política e é Diretor Editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2019, julho 23). Bibliotecas no Mundo Antigo [Libraries in the Ancient World]. (N. A. Lobato, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1428/bibliotecas-no-mundo-antigo/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Bibliotecas no Mundo Antigo." Traduzido por Nazareth Accioli Lobato. World History Encyclopedia. Última modificação julho 23, 2019. https://www.worldhistory.org/trans/pt/2-1428/bibliotecas-no-mundo-antigo/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Bibliotecas no Mundo Antigo." Traduzido por Nazareth Accioli Lobato. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 23 jul 2019, https://www.worldhistory.org/article/1428/libraries-in-the-ancient-world/. Web. 29 jul 2025.

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