Augusto

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 04 Maio 2018
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês, italiano, espanhol
Augustus as Pontifex Maximus (Detail) (by Mark Cartwright, CC BY-NC-SA)
Augusto como Pontifex Maximus (detalhe)
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Augusto César (27 a.C-14 d.C.) foi o nome adotado pelo primeiro e, na opinião de muitos, o maior imperador romano. Ele nasceu como Caio Otávio Turino, em 23 de Setembro de 63 a.C.. Foi adotado pelo seu tio-avô, Júlio César, em 44 a.C., quando passou a se chamar Caio Júlio César. Em 27 a.C., o Senado concedeu-lhe o título honorífico de Augusto ("Ilustre"), e então passou a ser conhecido como Caio Júlio César Augusto.

Devido aos muitos nomes pelos quais foi denominado ao longo de sua vida, é comum chamá-lo Otávio quando se referindo aos eventos entre 63 e 44 a.C., Otaviano no período entre 44 a 27 a.C. e Augusto na fase posterior, de 27 a.C. até sua morte, em 14 d.C.. Deve ser observado, no entanto, que o nome Otaviano não era usado por ele no período entre 44 e 27 a.C., ao invés disso, optou por se alinhar estreitamente ao seu famoso tio, assumindo o mesmo nome; decisão que gerou a famosa acusação de Marco Antônio, citada por Cícero: "Você, garoto, deve tudo ao seu nome".

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Augusto, Marco Antônio & Lépido

Tendo purificado Roma do "sangue ruim" da oposição, o Segundo Triunvirato voltou sua atenção aos assassinos de César.

Após o assassinato de Júlio César em Março de 44 a.C., Otaviano aliou-se com um parente e amigo próximo do ditador, Marco Antônio. Junto com outro partidário de César, Marco Emílio Lépido, formaram o Segundo Triunvirato em 43 a.C. A primeira decisão executiva do trio parece ter sido a matança sistemática de qualquer rival político e apoiadores dos assassinos do ditador. Exatamente qual dos três foi o maior responsável pelas mortes é debatido por autores antigos e modernos. Alguns afirmam a inocência de Otaviano na questão, enquanto outros lhe atribuem a maior parte do derramamento de sangue. Tendo purificado Roma do "sangue ruim" da oposição, o Segundo Triunvirato voltou sua atenção aos assassinos de César. Na Batalha de Filippi, em Outubro de 42 a.C., as forças de Bruto e Cássio foram derrotadas pelo Segundo Triunvirato, forçando ambos a cometer suicídio.

Division of the Second Triumvirate
Divisão do Segundo Triunvirato
ColdEl (CC BY-SA)

Entre 38 e 36 a.C., Otaviano e Lépido combateram Sexto Pompeu (filho de Pompeu Magno, grande rival de Júlio César) pelo controle de Roma, com Antônio enviando ajuda do Egito. O Segundo Triunvirato venceu Pompeu e Lépido, embriagado pelo sucesso e confiante em sua força, insultou Otaviano ordenando-lhe que deixasse a Sicília, o teatro de operações, com suas tropas. Otaviano ofereceu mais dinheiro aos soldados de Lépido do que este poderia pagar, fazendo com que desertassem para seu campo. Lépido perdeu todos os seus títulos, salvo o de Pontifex Maximus, dando fim ao Segundo Triunvirato.

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Augusto, Antônio & Cleópatra

Nesta época, porém, a relação entre Otaviano e Marco Antônio começou a se deteriorar. Em 40 a.C., num esforço para consolidar sua aliança, Otaviano ofereceu sua irmã, Otávia, em casamento com o colega. Porém, Antônio havia se aliado intimamente com Cleópatra VII do Egito (mãe do filho do ditador, Cesarion) e, de fato, tinha se tornado seu amante. Otaviano acusou o colega de desrespeitar sua irmã quando Antônio divorciou-se dela em favor da rainha egípcia em 33 a.C.. Antônio escreveu ao colega: "O que o aborrece? Porque vou para a cama com Cleópatra? Mas ela é minha esposa e tenho feito isso por nove anos, não apenas recentemente. Realmente importa onde, ou com qual mulher, você fica excitado?"

Para Otaviano, o comportamento de Antônio no Oriente, tanto na vida privada quanto na esfera política ou militar, era intolerável. Ele forçou as as sacerdotisas do tempo de Vesta, em Roma, a lhe entregar o testamento de Antônio e fez com que fosse lido no Senado. O documento distribuía territórios romanos para os filhos de Antônio com Cleópatra e continha instruções para a construção de um grande mausoléu em Alexandria para o casal, entre outras cláusulas que ameaçavam a grandeza de Roma, segundo Otaviano, que passou a considerar o colega como um renegado.

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Entre as piores ofensas do documento estava a declaração de que Cesarion era o verdadeiro herdeiro de César, não Otaviano. O Senado revogou o consulado de Antônio e declarou guerra a Cleópatra VII. Na Batalha de Áccio, em 2 de Setembro de 31 a.C., as forças de Otaviano, lideradas pelo general Marco Agripa, derrotaram as tropas combinadas de Antônio e Cleópatra, que debandaram (muitos já haviam desertado para o campo de Otaviano antes mesmo da batalha). Os sobreviventes foram perseguidos até 1° de Agosto de 30 a.C. quando, após a perda de Alexandria, Antônio e Cleópatra se suicidaram. Otaviano ordenou que Cesarion fosse estrangulado (afirmando que "dois Césares são demais") e que o filho mais velho de Antônio fosse executado para evitar uma possível ameaça a Roma.

Augustus, Bronze Head from Euboea
Augusto, Cabeça de Bronze de Eubeia
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Otaviano era agora o líder supremo de Roma e todos os seus territórios mas, para evitar o mesmo erro de seu pai adotivo de aparentar a cobiça pelo poder, foi cuidadoso em caracterizar todos os seus estratagemas políticos como sendo para o bem da República Romana. Em Janeiro de 27 a.C., Otaviano renunciou humildemente aos seus cargos, apenas para recebê-los de volta de um Senado agradecido, que lhe outorgou o título de Augusto. Otaviano evitava este título em público, preferindo chamar-se Princeps, ou Primeiro Cidadão. Ele manejava a cena política em Roma tão cuidadosamente que suas afirmações sobre a restauração da República pareciam honestas, mesmo quando recebeu poder supremo, que lhe dava absoluto controle sobre Roma e suas províncias.

Já popular entre os soldados do exército, o título Augusto solidificou seu poder nas províncias como Imperator.

Augusto como Imperador

Já popular com os soldados de seu exército, o título Augusto solidificou seu poder nas províncias como Imperator, ou comandante supremo (de onde se originou o termo "imperador"). O atual mês de Agosto foi denominado em sua homenagem. No ano 19 a.C., ele recebeu Imperium Maius (poder supremo) sobre cada província do Império Romano e, a partir desta data, Augusto César governou de forma absoluta como o primeiro imperador de Roma e a medida pela qual todos os seus sucessores deveriam ser avaliados. Foi declarado Pater Patriae, o Pai da Pátria, em 2 a.C..

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The Provinces of the Roman Empire under Augustus
As Províncias do Império Romano sob Augusto
Simeon Netchev (CC BY-NC-SA)

O reinado de Augusto foi dourado em todos os aspectos. A paz que restabeleceu e manteve (a Pax Romana) levou ao florescimento da economia, das artes e da agricultura. Um ambicioso programa de construções foi iniciado, completando os planos de Júlio César e prosseguindo com os próprios grandiosos projetos do imperador. Em sua famosa dedicatória Res Gestae Divi Augusti (As Realizações do Divino Augusto) ele afirma ter restaurado ou construído 82 templos em um só ano. Os famosos banhos públicos de Roma foram construídos durante o reinado de Augusto pelo seu vice, Agripa, e o poeta Virgílio compôs seu épico Aeneid (A Eneida). O imperador interessava-se pelas artes em geral e foi patrono de muitos artistas.

Ele aprovou várias e amplas reformas, bem como leis para manter a estabilidade matrimonial e para elevar a taxa de natalidade em Roma, tornando o adultério ilegal e oferecendo incentivos fiscais para famílias com três crianças ou mais, além de penalidades para casamentos sem filhos. Seguia suas próprias leis de forma tão estrita que baniu sua própria filha, Júlia, e sua neta por adultério.

Augustus of Prima Porta
Augusto de Prima Porta
Andreas Wahra (original), new version by Till Niermann (CC BY-SA)

Morte

Augusto faleceu na cidade de Nola, em 14 d.C.. Oficialmente, suas últimas palavras foram "Encontrei Roma como uma cidade de argila e a deixei como uma cidade de mármore", o que descreve de forma apropriada suas realizações como imperador. Conforme sua esposa, Lívia Drusa, e seu filho adotado, Tibério (r. 14-37 d.C.), contudo, suas últimas palavras teriam sido, na verdade, "Representei bem meu papel?" Então aplaudam enquanto me retiro.”

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O corpo de Augusto foi trazido de volta a Roma e, no dia do sepultamento, todos os negócios de Roma foram interrompidos em sinal de respeito. Ele foi sucedido por Tibério, que havia sido adotado em 4 d.C. e que leu a eulogia (junto com seu filho, Druso) na grandiosa cerimônia fúnebre. O corpo do imperador foi cremado e as cinzas sepultadas em seu mausoléu. A morte de Augusto foi lamentada como a perda de um governante de imenso talento e visão e ele foi proclamado como um novo integrante do panteão romano de deuses.

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Bibliografia

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Rafael is a Historian, Writer, Speaker, Columnist, Editor and Reviewer of Revista História Medieval, he also manages two portals of History in Brazil.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2018, Maio 04). Augusto [Augustus]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-412/augusto/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Augusto." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação Maio 04, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-412/augusto/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Augusto." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 04 Mai 2018. Web. 19 Abr 2024.