
Hermes era o antigo deus Grego do comércio, da fortuna, da sorte, da fertilidade, da pecuária, do sono, dos ladrões e da viagem. Um dos mais espertos e travessos dos 12 deuses Gregos do Olimpo, Hermes era seu arauto e mensageiro. Nessa posição, ele veio a simbolizar a travessia de fronteiras em seu papel como um guia entre o reino dos deuses e o reino dos humanos.
Hermes era conhecido por seu comportamento travesso e sua curiosidade. Ele inventou a lira, o alfabeto e os dados. Esse último explica o porquê do deus ser amado por apostadores. Hermes era o patrono dos pastores e inventou as flautas de pã que eles usavam para chamar seu rebanho. Para os Romanos, o deus era conhecido como Mercúrio.
Origens e Família
Hermes tem uma história muito longa, sendo mencionado nas Tábuas em Linear B da civilização Micênica, em seu auge, do século XV a.C. ao século XIII a.C. Tais Tábuas foram descobertas em Pilos, Tebas e Cnossos. Com origens, então, como um deus Árcade da fertilidade que tinha uma amor especial pelo Peloponeso, os Gregos antigos acreditavam que Hermes era o filho de Zeus com a ninfa Maia (filha do Titã Atlas) e que ele nasceu no Monte Cilene, na Arcadia. Na mitologia, Hermes também era o pai do deus pastoral Pã e de Eudoro (com Polimele), um dos lideres dos Mirmidões, embora o deus não tivesse uma esposa em qualquer mito Grego. A ideia que Hermes representava movimento é refletida em seu papel como líder de ambas as Ninfas e das Graças (Cárites).
Hermes e os Deuses
Notório por seu caráter travesso e busca constante por diversão, Hermes era um dos deuses mais coloridos na mitologia Grega. Enquanto ainda era um bebê, ele roubou de seu meio-irmão Apolo seu rebanho sagrado de 50 cabeças de gado de Pieria, engenhosamente invertendo suas marcas de casco com calçados de casca de árvore para tornar difícil seguir seus rastros. Hermes, portanto, tornou-se associado com ladrões e conseguiu manter o rebanho de gado roubado até que os sátiros finalmente o descobriram em uma caverna na Arcádia. Depois de uma audiência perante Zeus e os deuses do Olimpo, foi permitido que Hermes continuasse com o rebanho (agora apenas 48, pois ele já havia sacrificado dois deles) se ele desse a Apolo sua lira. O episódio ilustra o elo do deus com as fronteiras físicas e morais e sua travessia entre elas, e pode ter uma base em eventos históricos, como aqui descrita pelo famoso expert em mitologia Grega Robert Graves:
Uma tradição de roubos de gado feitos pelos astutos Messênios aos seus vizinhos, e de um tratado para que esses fossem descontinuados, perecem ter sido combinados mitologicamente com um relato de como os bárbaros Helenos tomaram controle e exploraram, em nome seu adotado deus Apolo, as civilizações Creto-Heládicas as quais eles encontraram na Grécia Central e do Sul.
Como mensageiro e arauto, particularmente para Zeus, Hermes é envolvido em vários episódios mitológicos. Talvez o mais celebrado foi ele ter matado o monstro de vários olhos, Argos (alguns relatos dizem que tinha cem olhos), sob as ordens de Zeus para libertar Io. Hermes também libertou Ares de um cativeiro de um ano em um caldeirão pelos gigantes gêmeos Oto e Efialtes. Um de seus papeis comuns mais famosos era o de guiar almas ao rio Estige no submundo, onde o barqueiro Caronte as levavam até Hades. Hermes também era conhecido como um traquina, roubando em tempos o tridente de Poseidon, as flechas de Ártemis e o cinturão de Afrodite.
Hermes e os Heróis
Hermes aparece na Guerra de Troia do período Micênico, como dito por Homero na Ilíada. Embora em uma extensa passagem ele atue como concelheiro e guia para o rei troiano Príamo em sua tentativa de recuperar o corpo de seu filho abatido, Heitor, Hermes na verdade apoia os Aqueus na Guerra de Troia. O deus é frequentemente descrito por Homero como "Hermes o guia, matador de Argos" e "Hermes o gentil". Hermes particularmente ajuda Odisseu, especialmente na sua longa viagem de retorno para Ítaca (como contado no livro de Homero, A Odisseia), por exemplo, dando-lhe um antídoto para quebrar os feitiços de Circe. Outro herói ajudado pelo deus foi Perseu, a quem Hermes deu uma espada ou foice (Harpe) inquebrável de adamantina e a quem guiou para as três Gréias que revelaram a localização de Medusa.
O que Hermes inventou?
Hermes foi creditado com a invenção do fogo, do alfabeto, dos dados ( na verdade, astrágalo) - e assim foi adorado por apostadores em sua capacidade como deus da sorte, da fortuna, e instrumentos musicais, em particular, a lira - feita com um casco de tartaruga pelo deus. Hermes era considerado como o patrono dos ladrões e pastores graças a sua invenção da flauta de pã (siringe). Ele também era patrono dos viajantes, e pilares de pedra (Herma) com um símbolo de falo eram frequentemente colocados nas beiras de estradas para servir como guias e oferecer sorte para aqueles que passavam. Hermas eram paricularmente colocados em fronteiras, lembrando do papel do deus como mensageiro entre os deuses e a humanidade, assim como sua função como guia dos mortos para a próxima vida. E ainda mais, Hermes era considerado o patrono do lar, e as pessoas frequentemente contruiam pequenas estelas de mármore à frente de suas portas em sua honra.
Famoso por suas habilidades diplomáticas, ele também era considerado o patrono das línguas e da retórica. Oradores consideravam o deus que transferia as palavras do remetente ao destinatário como seu patrono, assim como os intérpretes (outro grupo de atravessadores de fronteiras) e, ainda hoje, o estudo da interpretação de textos carrega seu nome: Hermenêutica. No período Helenístico, o deus era frequentementen associado com o ginásio e visto como protetor dos jovens. Finalmente, o nome Latino do deus, Mercúrio, é, claro, o nome de um planeta, naturalmente, o mais rápido a orbitar o sol.
Cultos Dedicados a Hermes
Hermes foi honrado em praticamente todas as partes da Grécia antiga, mas especialmente no Peloponeso em monte Cilene e cidades-estado como Megalópolis, Corinto e Argos. Atenas tinha um dos mais antigos cultos ao deus onde o festival Hermaia para jovens garotos era realizado anualmente. Delos, Tanagra e as Cíclades eram outros lugares onde Hermes era especialmente popular. Finalmente, o deus tinha um notável santuário em Creta, em Cato Simi, onde jovems rapazes prestes a se tornar completos cidadãos participavam em um rito de dois meses, onde passavam seu tempo cultivando relações homossexuais com homens mais velhos nas montanhas ao redor. Outro festival Hermaia em Creta permitia que escravos temporariamente tomasse o papel de seus mestres. Mais uma vez, a associação de Hermes como travessia de fronteiras de todos os tipos é evidente aqui.
Como Hermes era Representado na Arte?
Na arte Grega Arcaica e Clássica, Hermes é representado segurando o kerykeion ou cajado caduceu (significando seu papel como um arauto, a vara era fendida ou com uma figura em forma de 8 no topo), calçando sandálias aladas (simbólico de seu papel como mensageiro), uma longa túnica ou pele de leopardo, as vezes também um chapéu alado (petasos), e ocasionalmente com uma lira. Ele também pode carregar um carneiro em referência a seu papel como patrono dos pastores, especialmente nas artes Boécias e Árcades. Em sua associação com os jovens, o deus era frequentemente retratado como um jovem sem barba segurando o bebê Aquiles ou o bebê Hercules. Ao mesmo tempo, sua associação com comércio é evidenciada nos selos de Delos onde ele carrega uma bolsa. Talvez a mais celebrada representação de Hermes na arte Grega é a magnifica estatua de Praxíteles (por volta de 330 a.C.) que outrora ficou no templo de Hera em Olímpia e agora reside no museu arqueológico do sítio.