Cavaleiros Templários

Definição

Mark Cartwright
por , traduzido por Rogério Cardoso
publicado em 28 setembro 2018
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, italiano, espanhol, Turco
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Knights Templar (by Unknown Artist, Public Domain)
Cavaleiros Templários
Unknown Artist (Public Domain)

Os Cavaleiros Templários foram criados por volta de 1119, mas só obtiveram o reconhecimento papal depois, em 1129. Eles eram uma ordem militar medieval católica cujos membros combinavam a bravura marcial com uma vida monástica a fim de defender os Santos Lugares cristãos e os peregrinos no Oriente Médio e alhures. Os templários, com sede em Jerusalém e depois em Acre, eram um importante grupo de elite dos exércitos cruzados.

Mais tarde, os Cavaleiros Templários se tornaram uma entidade assaz poderosa e chegaram a controlar tanto castelos quanto terras no Levante e por toda a Europa. Acusados de heresia, de corrupção e de práticas proibidas, a ordem foi atacada pelo rei francês Filipe IV (r. 1285-1314) em 13 de outubro de 1307 e depois oficialmente dissolvida pelo papa Clemente V (r. 1305-1314) em 1312.

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Fundação e História Inicial

A ordem foi formada por volta de 1119 quando sete cavaleiros, liderados por um cavaleiro e nobre francês de Champanhe, Hugo de Payens, juraram defender peregrinos cristãos em Jerusalém e na Terra Santa e decidiram então criar uma irmandade que fazia votos monásticos, incluindo votos de pobreza, e que vivia junta numa comunidade fechada, com um código de conduta estabelecido. Em 1120, Balduíno II, o rei do Reino de Jerusalém (r. 1118-1131), deu aos cavaleiros o seu palácio - a antiga mesquita de Al-Aqsa no monte do Templo de Jerusalém - para usarem como sua sede. A construção era comumente referida como o "Templo de Salomão" e, por isso, a irmandade em pouco tempo ficou conhecida como a "Ordem dos Cavaleiros do Templo de Salomão" ou simplesmente os "Templários".

Oficialmente reconhecida como uma ordem pelo papa Honório II (r. 1124-1130) no Concílio de Troyes em janeiro de 1129 (a primeira ordem militar desse tipo a ser criada), os templários eram inicialmente considerados um ramo dos cistercienses. Em 1145, aos cavaleiros da ordem foi dada a permissão de vestir o manto branco com capuz que os próprios monges cistercienses haviam tomado como seu. Os cavaleiros logo adotaram o seu característico manto branco e começaram a usar a insígnia de uma cruz vermelha com fundo branco. Não havia impedimento para lutar no que concerne à doutrina religiosa, contanto que a causa fosse justa - as Cruzadas e a defesa da Terra Santa eram uma causa considerada justa - e então a ordem recebeu o apoio oficial da Igreja. A primeira grande batalha a envolver os Cavaleiros Templários foi em 1147 contra os muçulmanos durante a Segunda Cruzada (1147-1149).

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As doações à ordem vinham em todas as formas, mas dinheiro, terra, cavalos, equipamento militar e gêneros alimentícios eram as formas mais comuns.

A ordem cresceu graças às doações de apoiadores que reconheciam o importante papel dela na proteção dos pequenos estados cristãos no Levante. Outros, dos mais humildes aos mais ricos, davam o que podiam simplesmente para ajudar a assegurar tanto um pós-vida melhor quanto uma vida melhor talvez no aqui e no agora, já que os doadores poderiam ser mencionados em orações. As doações vinham em todas as formas, mas dinheiro, terra, cavalos, equipamento militar e gêneros alimentícios eram as formas mais comuns. Às vezes, doavam-se privilégios que ajudassem a ordem a economizar despesas. Os templários também investiam o seu dinheiro comprando propriedades geradoras de receita, de sorte que a ordem chegasse a ser dona de fazendas, vinhedos, moinhos, igrejas, municípios ou qualquer coisa que eles julgassem ser um bom investimento.

Outro estímulo aos cofres da ordem eram os espólios e a aquisição de novas terras após campanhas bem-sucedidas, bem como os tributos que poderiam ser cobrados das cidades conquistadas, das terras controladas por castelos templários e de estados rivais mais fracos no Levante. Mais tarde, a ordem pôde estabelecer centros subsidiários em boa parte dos estados da Europa Ocidental, que se tornaram fontes importantes de receita e de novos recrutas.

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Seal of the Knights Templar
Selo dos Cavaleiros Templários
Unknown Artist (Public Domain)

O dinheiro pode ter jorrado de todos os cantos da Europa, mas também havia altos custos com que se devia arcar. Manter cavaleiros, seus escudeiros, seus cavalos (os cavaleiros frequentemente tinham quatro cada um), sua armadura e seu equipamento drenava as finanças dos templários. Havia impostos a serem pagos ao Estado, doações ao papado e, às vezes, dízimos à Igreja, bem como reembolsos a serem feitos a dignitários locais, ao passo que a realização de missas e de outros cultos tinha, da mesma forma, custos significativos. Os templários também tinham um propósito caritativo e o dever de ajudar os pobres. Um décimo do pão produzido, por exemplo, era distribuído aos necessitados como esmola. Por fim, desastres militares resultavam em perdas tanto de homens quanto de propriedades em quantidades enormes. A riqueza exata dos templários é desconhecida, porém é muito provável que a ordem jamais tenha sido tão rica quanto todos de fato achavam que ela fosse.

A partir de meados do século XII, os templários ampliaram a sua influência e lutaram nas campanhas dos cruzados na Ibéria (a "Reconquista") a serviço de vários governantes na Espanha e em Portugal e operaram também nas Cruzadas Bálticas contra os pagãos. No século XIII, os Cavaleiros Templários eram donos de propriedades desde a Inglaterra até a Boêmia e haviam se tornado uma ordem militar verdadeiramente internacional, com enormes recursos ao seu dispor (homens, exércitos, equipamentos e uma considerável frota naval). Os templários haviam estabelecido um modelo que seria copiado por outras ordens militares como os Cavaleiros Hospitalários e os Cavaleiros Teutônicos. Havia, porém, uma área na qual os templários realmente sobressaíam: serviço bancário.

Banqueiros Medievais

Tidos como lugares seguros pelos habitantes locais, as comunidades ou conventos templários se tornaram repositórios de dinheiro, joias e documentos importantes. A ordem tinha as suas próprias reservas de dinheiro, das quais, desde 1130 pelo menos, se fazia uso rentável na forma de empréstimos a juros. Os templários permitiam inclusive que as pessoas depositassem dinheiro num convento e depois, contanto que pudessem apresentar uma carta apropriada, transferissem e retirassem o dinheiro equivalente noutro convento. Por meio de outro antigo serviço bancário, as pessoas poderiam ter com os templários o que hoje se chamaria de conta corrente, pagando depósitos regulares e encarregando os próprios templários de pagarem, em nome do dono da conta, somas fixas a quem quer que elas fossem destinadas. No século XIII, os templários haviam se tornado banqueiros tão competentes e confiáveis, que os reis da França e outros nobres deixavam os seus tesouros com a ordem. Reis e nobres que embarcavam nas cruzadas à Terra Santa, com o intuito de pagar aos seus exércitos no local e de obter os suprimentos necessários, frequentemente remetiam largas somas de dinheiro aos templários para que pudessem retirá-las depois no Levante. Os templários inclusive emprestavam dinheiro aos governantes e, por isso, tornaram-se um importante elemento na cada vez mais sofisticada estrutura financeira da Europa medieval tardia.

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Organização e Recrutamento

Recrutas vinham de todos os lados da Europa Ocidental, embora a França fosse a maior fonte. Eles eram motivados por um senso de dever religioso de defender os cristãos em todo lugar, mas, sobretudo, na Terra Santa e nos seus lugares sagrados, como se fosse uma penitência pelos pecados cometidos e um meio de garantir a entrada no paraíso, ou ainda por motivações mais terrenas como a busca por aventuras, ganho pessoal, promoção social ou simplesmente uma renda regular ou refeições decentes. Os recrutas tinham de ser homens livres e de nascimento legítimo e, caso desejassem tornar-se cavaleiros medievais, tinham de ser, a partir do século XIII, descendentes de outros cavaleiros. Embora raramente, um homem casado poderia juntar-se a eles desde que a sua esposa concordasse. De muitos recrutas se esperava uma doação significativa para ingressar na ordem, logo, como era proibido ter dívidas, o status financeiro de um recruta era decerto levado em consideração. Conquanto alguns menores de idade tenham se juntado à ordem (enviados pelos pais, é claro, na esperança de que dessem treinamento militar a um filho que não herdaria o patrimônio da família), a maioria dos novos recrutas dos templários tinham entre 20 e 30 anos. Às vezes, recrutas chegavam com idade mais avançada. Um exemplo disso é o grande cavaleiro inglês Sir Guilherme Marechal (falecido em 1219), que, assim como outros nobres, juntou-se à ordem pouco antes da sua morte, deixou-lhe dinheiro em testamento e então foi sepultado na Igreja do Templo, em Londres, onde a sua efígie ainda pode ser vista hoje.

Temple Church, London
Igreja do Templo, Londres
John Salmon (CC BY-SA)

Havia duas patentes dentro da ordem: cavaleiros e sargentos - neste último grupo, a que se destinava a maioria dos recrutas, incluíam-se não militares e leigos. De fato, o número de cavaleiros por toda a ordem era surpreendentemente pequeno. Deve ter havido talvez apenas algumas poucas centenas de cavaleiros templários plenos numa dada época, elevando-se, às vezes, para 500 cavaleiros nas épocas de intensa guerra. Tais cavaleiros deveriam estar em número muito menor perante os soldados que a ordem usava como infantaria (os sargentos ou os recrutas oriundos de terras vassálicas) e mercenários (especialmente arqueiros), além de escudeiros, transportadores de bagagens e outros não combatentes. Dentre os demais membros da ordem, incluíam-se padres, artesãos, obreiros, servos e até algumas mulheres que eram membros de conventos afiliados.

A ordem era liderada pelo grão-mestre, que ficava no topo da pirâmide de poder. Os conventos eram agrupados em regiões geográficas conhecidas como priorados.

A ordem era liderada pelo grão-mestre, que ficava no topo da pirâmide de poder. Os conventos eram agrupados em regiões geográficas conhecidas como priorados. Em zonas turbulentas como o Levante, muitos conventos ficavam em castelos, enquanto noutros lugares eles eram estabelecidos para controlar áreas de terra pertencentes à ordem. Cada convento era gerido por um "preceptor" ou "comandante" e estava subordinado ao líder do priorado no qual o seu convento estava situado. Cartas, documentos e novos relatos chegavam e saíam entre os conventos, carregando todos o selo da ordem - mais comumente dois cavaleiros num único cavalo - a fim de promover alguma unidade entre ramos distantes. Os conventos, em geral, enviavam um terço da sua receita à sede da ordem. O grão-mestre residia na sede em Jerusalém, depois em Acre a partir de 1191 e, mais tarde, em Chipre após 1291. Lá ele tinha a assistência de oficiais de alta patente como o grão-comandante e o marechal, além de oficiais inferiores encarregados de suprimentos específicos, como o vestuário. Havia encontros ocasionais ou capítulos de representantes vindos de todos os lugares da ordem e também capítulos em nível provincial, mas parece ter havido um alto grau de autonomia nos conventos locais, pois apenas nos episódios de má conduta grave chegou a haver sanções de fato.

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Uniforme e Regras

Os cavaleiros faziam votos ao entrarem na ordem, assim como nos monastérios, embora sem tanto rigor e sem a restrição de sempre permanecer no interior da acomodação comunal. A obediência ao grão-mestre era a mais importante promessa a ser feita; a participação nos cultos religiosos e o celibato eram compulsórios, e as refeições comunais eram um direito (que, todo dia ímpar, incluía carne). Não se permitiam prazeres mundanos, e isso incluía passatempos muito típicos dos cavaleiros como a caça e a falcoaria, tampouco se permitia vestir roupas chamativas ou portar armas ostensivas pelas quais cavaleiros normais eram famosos. Por exemplo, os cintos eram frequentemente um meio de decoração, mas os templários usavam apenas um simples cinto com cordões de lã para simbolizar a castidade.

Os cavaleiros templários vestiam um manto branco sobre a armadura, conforme já se mencionou, e portavam uma cruz vermelha no seu peito esquerdo. A cruz vermelha também aparecia na farda dos cavalos e na flâmula da ordem. Isso os distinguia dos cavaleiros hospitalários (que usavam uma cruz branca num fundo negro) e dos cavaleiros teutônicos (que usavam uma cruz negra num fundo branco). Os escudos templários, por outro lado, eram geralmente brancos com uma espessa listra horizontal negra na parte de cima. Os sargentos vestiam um manto marrom ou negro. Outro traço distintivo dos templários era que todos eles deixavam crescer a barba e tinham cabelo curto, pelos padrões medievais.

Os cavaleiros irmãos poderiam ter a sua propriedade pessoal (móvel ou fixa), diferentemente de algumas outras ordens militares. As coisas eram um pouco menos rigorosas em termos de vestuário também, permitindo-se aos templários vestir linho na primavera e no verão (não apenas lã) - uma decisão sem dúvida apreciada pelos membros em climas mais quentes. Se alguma das regulações da ordem, conhecidas coletivamente como a Regra, não fosse seguida, então os membros eram punidos, o que poderia variar desde a retirada de privilégios até a flagelação e a prisão perpétua.

As Cruzadas

Hábeis com a lança, a espada e a besta e bem protegidos com suas armaduras, os cavaleiros templários e os cavaleiros de outras ordens militares eram os mais bem treinados e equipados dentre quaisquer membros de um exército cruzado. Por essa razão, eles eram frequentemente empregados para proteger os flancos, a vanguarda e a retaguarda de um exército no campo de batalha. Os templários eram particularmente renomados por suas disciplinadas investidas de cavalaria em grupo quando, numa formação cerrada, eles rompiam as linhas inimigas e causavam desordem, que poderia ser explorada pelas tropas aliadas que seguiam o seu avanço. Eles também eram altamente disciplinados tanto na batalha quanto no acampamento, motivo pelo qual se impunham severas penas aos cavaleiros que não seguiam ordens, incluindo a sua expulsão da ordem militar em caso de perda da espada ou do cavalo por descuido. Dito isso, poderia ser difícil para um comandante cruzado controlar os cavaleiros da ordem como um todo, dado que eles eram frequentemente as tropas mais fervorosas e ávidas por obter honra e glória.

Richard I Marches to Jerusalem
Ricardo I em Marcha para Jerusalém
James William Glass (Public Domain)

Os templários eram frequentemente incumbidos de defender importantes passos de montanha, como no monte Amano, ao norte de Antioquia. Eles adquiriram terras e castelos que os Estados Cruzados não conseguiam manter à própria custa devido à falta de mão de obra. Eles também reconstruíram castelos depredados e construíram outros inteiramente novos para melhor defender o Oriente cristão. Os templários jamais se esqueceram da sua função original de proteger peregrinos, por isso geriam inúmeros pequenos fortes ao longo das rotas de peregrinação no Levante ou atuavam como guarda-costas.

Embora tenham participado de muitos eventos bem-sucedidos como o cerco de Acre de 1189 a 1191, o de Damieta em 1218 e 1219 e o de Constantinopla em 1204, houve algumas grandes derrotas pelo caminho. Tamanha era a sua reputação marcial, que os templários poderiam esperar por uma execução caso viessem a ser capturados. Na Batalha de La Forbie em Gaza, em outubro de 1244, um exército aiúbida derrotou um grande exército latino, e 300 cavaleiros templários foram mortos. 230 cavaleiros templários foram capturados e decapitados após a Batalha de Hattin em 1187, vencida pelo exército de Saladino, sultão do Egito e da Síria (r. 1174-1193). Com os membros mais importantes da ordem, como era típico do período, fazia-se uma oferta pelo resgaste. Foi preciso abrir mão de um castelo templário em Gaza para conseguir a soltura de um mestre capturado após essa mesma batalha. Outra pesada derrota veio em 1250 na Batalha de Mançura no Egito, durante a Sétima Cruzada (1248-1254). A vasta rede de conventos, porém, sempre pareceu apta a repor perdas de recursos e mão de obra.

Crítica, Julgamento e Abolição

Agindo em grande medida como se elas próprias fossem a lei e tornando-se poderosas ameaças militares, os governantes ocidentais ficaram receosos com as ordens, especialmente quando elas começaram a acumular uma enorme rede de terras e reservas de dinheiro. Assim como outras ordens militares, os templários já vinham sendo acusados há um tempo de abusarem dos seus privilégios e de extraírem o máximo lucro possível dos seus acordos financeiros. Eles foram acusados de se corromperem e de sucumbirem a uma soberba grosseira e à avareza. Os críticos diziam que eles tinham uma vida muito sossegada e desperdiçavam um dinheiro que poderia ser mais bem gasto na manutenção de tropas para a Guerra Santa. Eles foram acusados de desperdiçarem recursos para competir com ordens rivais, especialmente a dos hospitalários. Havia também o velho argumento de que monges e guerreiros não eram uma combinação compatível. Outros inclusive criticavam a ordem por não estar interessada em converter muçulmanos, mas simplesmente em eliminá-los. Boa parte dessas críticas se baseava no desconhecimento dos assuntos da ordem, numa exageração da sua verdadeira riqueza em termos reais e num sentimento generalizado de inveja e suspeição.

Miravet Castle, Spain
Castelo de Miravet, Espanha
PMRMaeyaert (CC BY)

No fim do século XIII, muitos consideravam as ordens militares demasiado independentes para o bem de todos, logo um amálgama delas numa única entidade era a melhor solução para torná-las mais responsáveis perante a Igreja e os governantes de cada estado. Então, a partir de 1307 aproximadamente, circularam muito mais acusações sérias contra os templários. Dizia-se que eles negavam Cristo como Deus, a crucificação e a cruz. Houve rumores de que a iniciação na irmandade incluía pisar, cuspir e urinar num crucifixo. Tais acusações se tornaram públicas, particularmente pelo governo da França. O clero comum também tinha inveja dos direitos da ordem, como aqueles relativos ao sepultamento - uma alternativa rentável para qualquer igreja local. As instituições políticas e as religiosas estavam se unindo com o objetivo de destruir os templários. A perda dos Estados Cruzados no Levante em 1291 pode ter sido um gatilho (embora muitos ainda considerassem possível retomá-los, e, para isso, as ordens militares eram necessárias).

Na sexta-feira 13, em outubro de 1307, Filipe IV da França ordenou a prisão de todos os templários na França. As suas motivações ainda são incertas, mas as hipóteses de historiadores modernos incluem a ameaça militar dos templários, um desejo de adquirir a riqueza deles, uma oportunidade de obter vantagem política e prestígio com o papado, ou sugere-se até mesmo que Filipe realmente acreditasse nos rumores contra a ordem. À negação de Cristo e ao desrespeito pela cruz se acresceram depois acusações de promoverem práticas homossexuais, beijos indecentes e adoração de ídolos. Inicialmente, o papa Clemente V (r. 1305-1314) os defendeu desse ataque infundado contra o que era, afinal de contas, uma de suas ordens militares, mas Filipe conseguiu extrair confissões de vários templários, incluindo o grão-mestre Jacques de Molay. Por consequência, o papa ordenou a prisão de todos os templários na Europa Ocidental, e as suas propriedades foram tomadas. Os templários não conseguiram resistir, exceto em Aragão, onde muitos resistiram nos seus castelos até 1308.

Seguiu-se um julgamento em Paris em 1310, após o qual 54 irmãos foram queimados em estacas. Em 1314, o grão-mestre da ordem, Jacques de Molay, e o preceptor da Normandia, Godofredo de Charnay, também foram queimados em Paris; o primeiro ainda clamava por sua inocência enquanto marchava rumo à sua pira funerária. O destino da ordem como um todo, porém, foi decidido pelo Concílio de Viena em 1311. Levaram-se em conta investigações feitas nos três anos anteriores sobre os assuntos da ordem em toda a Europa, e nelas houve confissões (provavelmente adquiridas por meio de tortura), que eram desiguais quanto à sua natureza - a maioria dos cavaleiros na França e na Itália, além de três cavaleiros da Inglaterra, confessaram todos os crimes de que foram acusados, mas nenhum de Chipre ou da Península Ibérica o fez no que diz respeito às acusações mais sérias. Um grupo de cavaleiros chamado para ouvir a sua defesa, no fim, não foi chamado para o evento, e quando Filipe chegou ao concílio, o papa oficialmente declarou extinta a ordem em 3 de abril de 1312, embora o motivo tenha sido a danosa perda de sua reputação, mais do que qualquer veredito de culpa. Evidências físicas para as acusações - registros, estátuas de ídolos, etc. - jamais foram produzidas. Além disso, muitos cavaleiros se retrataram depois de suas confissões, mesmo quando eles já estavam condenados e mesmo que tais retratações não servissem para nada.

A maioria dos antigos cavaleiros templários foi afastada, pensionada e proibida de se juntar a qualquer outra ordem militar. Muitos dos ativos dos templários foram transferidos aos Cavaleiros Hospitalários por ordem do papa em 2 de maio de 1312. Contudo, uma grande quantidade de terras e dinheiro acabou nos bolsos de nobres, especialmente em Castela. O ataque contra os templários, por outro lado, surtiu pouco efeito nas outras ordens militares. A discussão que pretendia combiná-las numa única entidade não deu em nada, e os Cavaleiros Teutônicos, que provavelmente mereciam mais críticas do que qualquer outra ordem, foram salvos por causa das suas estreitas relações com governantes alemães seculares. Os Cavaleiros Teutônicos transferiram a sua sede de Viena para a remota Prússia, enquanto os Cavaleiros Hospitalários sabiamente transferiram a sua sede para um lugar mais seguro em Rodes - ambas as mudanças ocorreram em 1309 e provavelmente asseguraram a existência contínua de ambas as ordens, de uma forma ou de outra, até os dias atuais.

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Sobre o tradutor

Rogério Cardoso
Rogério Cardoso nasceu em Manaus, Brasil, onde inicialmente obteve um grau em Letras Portuguesas, e mais tarde se mudou para São Paulo, onde obteve um grau de mestre em Filologia Portuguesa. Ele é um entusiasta da História.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é um escritor em tempo integral, pesquisador, historiador e editor. Os seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações partilham. Tem Mestrado em Filosofia Política e é o Diretor Editorial da WHE.

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Estilo APA

Cartwright, M. (2018, setembro 28). Cavaleiros Templários [Knights Templar]. (R. Cardoso, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-16900/cavaleiros-templarios/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Cavaleiros Templários." Traduzido por Rogério Cardoso. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 28, 2018. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-16900/cavaleiros-templarios/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Cavaleiros Templários." Traduzido por Rogério Cardoso. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 28 set 2018. Web. 05 dez 2024.