Olympia Fulvia Morata

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 29 Abril 2022
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Disponível noutras línguas: Inglês
Portrait of Olympia Fulvia Morata (by Unknown Artist, Public Domain)
Retrato de Olympia Fulvia Morata
Unknown Artist (Public Domain)

Olympia Fulvia Morata (v. 1526-1555) foi uma acadêmica, poeta e escritora italiana que apoiou a Reforma Protestante na Itália. Considerada como uma das maiores acadêmicas clássicas de sua época, não recebeu o devido reconhecimento profissional pela sua condição de mulher. Atualmente, suas obras são altamente respeitadas.

Seu pai, Fulvio Pellegrino Morato (v. 1483-1548), também atuou como um acadêmico ligado à casa nobre de d'Este, em Ferrara, onde estimulava a educação de suas crianças. Olympia mostrou talento excepcional em idiomas, tornando-se fluente em grego e latim aos 12 anos. Foi selecionada como dama de companhia da jovem princesa Ana d'Este (v. 1531-1607). Por volta de 1546, Olympia converteu-se à fé protestante e perdeu os favores da corte, após Ana d'Este ter se casado e mudado para longe.

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Olympia casou-se com o médico alemão Andreas Grundler (v. c. 1518-1555) em 1550 e o casal se mudou para a terra natal do marido, Schweinfurt, na Bavária. Grundler apoiava e estimulava seus estudos intelectuais, traduções e publicações e Olympia se correspondia livremente com reformadores como Martinho Lutero (v. 1483-1546), Philip Melanchthon (v. 1497-1560), João Calvino (v. 1509-1564) e Matthias Flacius (v. 1520-1575), entre outros, em seu latim fluente.

Assim como outros intelectuais e escritoras da Reforma, como Argula von Grumbach (v. 1490 - c. 1564), Katharina Zell (v. 1497-1562) e Marie Dentière (v. c. 1495-1561), Olympia não recebeu pleno reconhecimento devido a seu gênero mas deixou claro, desde a mais tenra idade, que perseguiria seus interesses literários e filosóficos tão livremente quanto qualquer homem. Ela perdeu quase todas as suas obras durante o Cerco de Schweinfurt (1553-1554) e fugiu para Heidelberg, onde morreu, possivelmente vítima da praga, em 1555.

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Por volta de 1546, Olympia converteu-se à fé protestante.

Seu marido enviou os trabalhos sobreviventes da falecida esposa para o acadêmico humanista Celio Secondo Curione (v. 1503-1569), um amigo da família, que os publicou postumamente, junto com as obras reunidas e cartas. As publicações ficaram esquecidas até serem redescobertas no século XVIII e popularizadas no século seguinte. Nos tempos atuais, Olympia Fulvia Morata é considerada como uma das maiores acadêmicas, poetas e escritoras de sua época.

Início da Vida e a Corte

Olympia Morata nasceu em Ferrara, Itália, por volta de 26 de outubro de 1526, de um pai altamente educado, que servia como tutor na corte de Afonso I d’Este, duque de Ferrara (v. 1476-1534) e lecionou na universidade local. Sabe-se que sua mãe se chamava Lucrezia Gozi Morata, mas nada além disso. Olympia tinha três irmãs (só se conhece o nome de uma delas, Vittoria) e um irmão mais novo, Emilio. Seu pai estimulou a educação das crianças, ainda que, nesta época, educar meninas era considerado, na melhor das hipóteses, um desperdício de tempo e, na pior, uma influência corruptora.

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The Este Castle, Ferrara
O Castelo Este, Ferrara
Massimo Baraldi (CC BY)

Aos 12 anos, a menina falava fluentemente grego e latim, apreciava a leitura de literatura clássica e compunha sua própria poesia. A estudiosa Kirsi Stjerna cita uma passagem de um de seus poemas iniciais, na qual ela se define como uma acadêmica e rejeita os tradicionais papéis assinalados às mulheres:

Nunca a mesma coisa agradou aos corações de todos,

E nunca Zeus concedeu a mesma mente a todos…

E eu, nascida mulher, deixei as coisas femininas,

Fio, lançadeira, tear e cestas de trabalho.

Admiro o prado florido das Musas,

E os coros agradáveis do Parnaso de picos gêmeos.

Outras mulheres talvez se deliciem com outras coisas.

Estas são minha glória, estas são meu deleite. (198)

Olympia aprendeu grego e latim (possivelmente também hebraico) através de dois irmãos acadêmicos – Johann and Killian Senf, amigos de seu pai –, bem como do próprio pai e de seu amigo e estudioso Celio Secondo Curione. Em algum momento a família se mudou para Veneza, onde o Fúlvio lecionou por alguns anos antes de retornar para Ferrara, convocado pelo filho de Afonso I e sucessor, Hércules II d'Este, duque de Ferrara (v. 1508-1559) e sua esposa Renée da França (ou Renata da França, v. 1510-1574). Nesta época, Olympia se tornou dama de companhia e tutora da princesa Ana d'Este.

Reforma na Itália

Em seus estágios iniciais, a Reforma Protestante na Itália não avançou como em outros locais, em vista da efetiva repressão e censura dos “novos ensinamentos” pela Igreja. O frade dominicano Girolamo Savonarola (ou Jerônimo Savonarola, v. 1452-1498), considerado como um pré-reformador, começou a pregar contra o que ele via como políticas antibíblicas da Igreja por volta de 1490 e suas obras influenciariam tanto Martinho Lutero como Huldrych Zwingli (v. 1484-1531), mas não teve o mesmo impacto em seu próprio país.

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Savonarola, enforcado e queimado como herege em 1498, lançou as sementes da reforma através de suas pregações, cartas, obras teológicas e amizade com Hércules I d'Este, duque de Ferrara (v. 1431-1505), pai de Afonso I, que tentou salvar o frade da execução. Após a morte de Savonarola, os esforços na reforma cessaram ou se tornaram clandestinos até a década de 1520, quando as 95 Teses de Martinho Lutero e algumas de suas cartas foram traduzidas para o italiano. Mesmo então, porém, as autoridades da Igreja agiram rapidamente para apreender e queimar a literatura luterana, além de executar quem a distribuísse.

Martin Luther at the Diet of Worms
Martinho Lutero na Dieta de Worms
Emile Delperée (Public Domain)

Hércules II não compartilhava os sentimentos de seu avô em relação à reforma e permaneceu um católico devoto, mas sua esposa Renée, uma intelectual com interesse nas Escrituras e em filosofia, entretinha vários acadêmicos e escritores favoráveis à reforma na corte, incluindo João Calvino. Renée foi responsável por distribuir uma obra de Calvino, Institutos da Religião Cristã, uma das mais significativas obras reformistas, e estimulava o debate e discussão religiosas. Olympia e Ana, encorajadas por Renée, participavam destes debates e, através deles, a primeira tornou-se cada vez mais interessada em ler as Escrituras. Stjerna comenta:

Olympia beneficiou-se da vida cultural da corte e sua associação com homens eruditos que a ensinavam e os que encontrou através de seu pai. Ela absorveu conhecimento e influências não somente dos livros, mas também destas estimulantes interações com indivíduos educados e interessados em novas ideias e na reforma religiosa. Cada vez mais, as Escrituras se tornaram a principal fonte de interesse e o principal objetivo de seu trabalho. A corte em Ferrara estimulava a vida cultural e, sob as asas da duquesa Renée, formou-se um núcleo do círculo de reformadores e um abrigo seguro no qual franceses huguenotes perseguidos e outros "dissidentes" podiam se reunir. (199-200)

Por volta de 1546, Olympia converteu-se à fé protestante mas, então, precisou deixar a corte e voltar para casa devido a uma doença. Ela retornou à corte por pouco tempo, partindo novamente quando seu pai adoeceu, permanecendo longe até a morte dele, em 1548. Quando retornou, o antigo espírito inquiridor da corte desaparecera. Ana d’Este casou-se com Francisco, duque de Guise (v. 1519-1563) e se mudou para a França, enquanto Hércules II desencadeou a Inquisição romana em Ferrara para descobrir hereges, eliminando os salões intelectuais de Renée. A antiga liberdade que Olympia desfrutava de ler e escrever o que lhe agradava foi severamente restringida e, como Ana se fora e não havia mais necessidade oficial para sua presença, começou a ser ignorada na maior parte do tempo. Renée estava sob suspeita de heresia e o mesmo ocorria com a antiga dama de companhia.

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Isolamento e Casamento

Olympia permaneceu na corte, com poucas oportunidades de ver Renée, que neste período permaneceu essencialmente sob prisão domiciliar pelo encorajamento à reforma (apesar de não ser oficialmente acusada de heresia) e passava o tempo como tutora de suas irmãs mais novas e de seu irmão. Stjerna comenta:

Ela escreveu para Curione que sua “princesa” desertara dela e que inclusive não tinha permissão de ler o Velho e Novo Testamentos. Ela sentia que fora “arrojada no abismo” e deixou a corte quando sentiu que sua salvação estava em perigo. (201)

Não está claro para onde foi ao deixar a corte, mas concentrou-se em estudos bíblicos, deixando de lado a longa devoção às obras de literatura clássica. A visão reformada do cristianismo como um relacionamento vivo, vibrante e pessoal com um Deus amoroso inspirou um interesse ainda maior na Bíblia do que qualquer outra obra e ela começou (ou continuou) uma série de traduções dos salmos, diálogos e comentários sobre temas religiosos, além de escrever algumas das cartas que compõem a maior parte de seu trabalho que sobreviveu.

Olympia Fulvia Morata
Olympia Fulvia Morata
Universitätsbibliothek Leipzig (Public Domain)

Em 1550, casou-se com o médico Andreas Grundler, da Bavária, com quem tinha se encontrado em 1549, quando ele chegou a Ferrara para terminar sua graduação em medicina. Como Olympia entendia somente um pouco de alemão, acredita-se que os dois conversavam em latim – a mesma linguagem que usava na correspondência. Tratava-se de um casamento por amor, não pré-arranjado, e o casal devotava-se um ao outro. Grundler, também protestante, não se sentia ameaçado pela esposa intelectual que debatia temas bíblicos, ao contrário de tantos reformistas da época. Ele estimulou seus estudos e a atividade como escritora, dando-lhe condições de desfrutar da liberdade de expressão que conhecera na corte de Renée. Stjerna afirma:

Assim como seus pais tinham apoiado a ambição de Olympia pelo aprendizado, seu marido e a instituição do casamento proporcionaram-lhe novos meios de proteção. Tanto a sociedade quanto a Igreja achavam as mulheres emancipadas e educadas, que escapavam do casamento e evitavam discretamente o controle masculino, como o maior problema de seu sexo. Havia sempre a possibilidade de que estas mulheres intelectualmente independentes estenderiam o domínio de seu autocontrole além da mente para o corpo, buscando determinar por conta própria seu papel social. Numa época em que aprendizado e castidade eram vistas como incompatíveis para as mulheres, e na qual mulheres educadas e não-domésticas apresentavam uma ameaça, o papel de uma esposa protestante pode na verdade ter protegido Olympia em sua “posição anômala como uma acadêmica casada” e seus interesses. Isso não era necessariamente o caso para a maior parte das mulheres, para as quais o casamento significava o fim da atividade intelectual: casar-se e estudar não era uma combinação provável para uma mulher. Olympia foi excepcional neste aspecto; assim como excepcional em sua paixão e determinação de ser uma acadêmica. (202-203)

Muitas mulheres educadas na época de Olympia enfrentavam desafios no lar, bem como oposição pública às suas obras. O marido de Argula von Grumbach rejeitou sua fé protestante e o casal vivia um matrimônio tenso, enquanto o cônjuge de Marie Dentière parece ter se sentido ofuscado pela esposa e, embora a defendesse contra os outros, não está claro se realmente a apoiava. Grundler, no entanto, apoiou completamente Olympia e a auxiliava em seu trabalho.

Obras e Evangelismo

As obras sobreviventes de Olympia reúnem 52 cartas, traduções de sete salmos e partes do Decameron de Giovanni Boccaccio, dois diálogos, onze poemas e explicações sobre os textos Paradoxos Estoicos e Elogio a Múcio Cévola, de Cícero. Seu trabalho sobre Cévola, o jovem romano que se dizia ter desafiado no rei etrusco Porsena, no Cerco de Roma de 508 a.C., foca na coragem e sofrimento pessoais por uma causa nobre, dois temas que perpassam as demais obras, bem como as cartas.

A fama de Olympia reside em grande parte nas suas cartas, que estimulam a fé e defendem o ativismo na consolidação da Reforma.

Os diálogos são dedicados a uma amiga de longa data, Lavinia della Rovere, e a trazem como uma das personagens, Filotima (“aquela que ama a honra”). Olympia aparece como Teófila (“aquela que ama a Deus”), num discurso encorajando a fé em Cristo como o mais importante aspecto da vida. Estas obras, que seguem o modelo clássico dos diálogos greco-romanos, enfatizam a coragem ao confrontar obstáculos, na crença de que Deus encontrará o crente no meio do caminho e o assistirá na superação de qualquer desafio.

No entanto, a fama de Olympia reside em grande parte nas suas cartas, que estimulam a fé dos destinatários, expõem questões teológicas e defendem o ativismo na consolidação da Reforma na Itália. Em 1553, ela escreveu ao reformista Matthias Flacius, pedindo-lhe para traduzir as obras de Lutero para o italiano e se oferecendo para auxiliá-lo. Também manteve correspondência com Ana D’Este, pedindo-lhe que interviesse na perseguição empreendida pelo marido desta contra os huguenotes franceses. Em outras cartas, ela escreve para sua irmã, Vitória, Curione e outros, discutindo os casos do momento e a importância da devoção diária para se manter centrado na fé.

Anna d'Este
Ana d'Este
Unknown Artist (Public Domain)

Por volta de 1550, a Reforma firmou raízes na Itália e, embora nunca se tornasse uma força impulsora, tal como na Alemanha e em outros lugares, atraiu muitos seguidores, inclusive com a contribuição de Olympia (embora esta alegação seja contestada). Ela leu as obras de Lutero, Calvino e Zwingli, correspondeu-se com os dois primeiros e ficou convencida da verdade da predestinação, pois isso garantia que, apesar das aparências em contrário, Deus estaria sempre no controle. Sua fé no amor de Deus e a afirmação de que tudo acontece por alguma razão seria testada em Schweinfurt, como Olympia mais tarde destacou em cartas, mas ela se recusou a abandonar Deus quando parecia que ele a havia desamparado.

Schweinfurt e Heidelberg

Olympia, Andreas e o irmão dela, Emilio, chegaram a Schweinfurt em algum momento em 1550. À medida que viajavam através da Alemanha para seu novo lar, sua fama como acadêmica a precedia e recebeu livros de presente de outros estudiosos, além de assistência na viagem. Uma vez instalados em Schweinfurt, Olympia retomou sua obra de tradução, ensinou literatura clássica e a Bíblia para Emílio e continuou sua correspondência diária. Andreas a auxiliava em seu trabalho e compôs músicas para as traduções dos salmos.

Em 1553, Schweinfurt foi invadida pelas forças de Alberto Alcibíades, Marquês de Brandemburgo-Kulmbach (1522-1557) durante o curso da Segunda Guerra Margrave (1552-1555). As tropas de Alcibíades saquearam a cidade e então fugiram diante da chegada do exército de Maurice, Eleitor da Saxônia (1521-1553), que incendiou Schweinfurt. Olympia e a família tiveram de se esconder numa adega de vinhos durante o conflito e agora se juntavam a outros cidadãos para fugir da cidade. A acadêmica Rebecca VanDoodewaard afirma:

O povo apressou-se aos portões para escapar, mas foram obrigados a voltar. Alguns fizeram seus próprios preparativos para o funeral em casa. Outros caíram de joelhos, implorando em vão por piedade. Uma multidão buscou a igreja como um local de refúgio, apenas para morrer quando o edifício desabou com o incêndio. Olympia e sua família foram arrastados pela multidão que estava se dirigindo à igreja, onde poderiam ter morrido, não fosse um soldado inimigo dizer-lhes para fugir ou serem sepultados nas cinzas do povoado. Eles deixaram seu lar sem nada. (104)

Parece que devem ter fugido apenas com o que vestiam e alguns dos manuscritos de Olympia, mas a maior parte de sua obra foi perdida para o fogo e quaisquer itens salvos perderam-se mais tarde. Depois de interpelados do lado de fora da cidade, Andreas foi retido para o pagamento de resgate. Olympia explicou que a família perdera tudo, inclusive dinheiro, e conseguiu a libertação do marido, mas o grupo perdeu suas roupas. Eles viajaram por milhas, descalços e quase despidos, até alcançarem a propriedade do duque de Erbach, que os acolheu, dando-lhes assistência.

The Plague by Arnold Bocklin
A Peste, por Arnold Bocklin
Arnold Böcklin (Public Domain)

O duque era simpático à Reforma e aos três refugiados que apareceram à sua porta e, assim, conseguiu um cargo para Andreas na Universidade de Heidelberg. A saúde de Olympia declinou durante a jornada e ela ficou de cama por mais de um mês, até se fortalecer o suficiente para viajar. A família chegou a Heidelberg em agosto de 1554 e retomou suas vidas. Andreas dava aulas na universidade e Olympia ensinava Emílio, enquanto trabalhava em traduções e voltava à sua correspondência. Quando amigos e admiradores souberam que ela perdera todos os seus livros e manuscritos, enviaram-lhe substitutos e cópias do seu trabalho.

As cartas deste período mencionam com frequência a saúde precária, morte iminente e a expectativa de vida eterna com Cristo. Em uma delas, ela escreve que “Anseio por ser dissolvida, tão grande é a confiança em minha mente, e para estar com Cristo, no qual minha vida floresceu” (Stjerna, 207). Numa carta a Curione, diz que “Minha força corporal se foi. Não tenho apetite para a comida”, e menciona febre e congestão constantes, além da dor que a impedia de dormir, mas ainda assim faz um esforço para estimulá-lo em sua fé, como fazia com os demais. Olympia morreu, possivelmente da praga ou tuberculose, em outubro de 1555, com apenas 29 anos.

Conclusão

Andreas enviou as obras sobreviventes da falecida esposa para Curione, que as publicou em Basileia, mas o marido de Olympia e Emílio não viveram muito após a morte dela, ambos sucumbindo à praga. Os três foram sepultados no cemitério da Igreja de São Pedro, em Heidelberg. A reputação de Olympia como acadêmica de destaque continuou, mas ela foi esquecida no século XVII e somente redescoberta no século seguinte, quando o poeta alemão Goethe (1718-1749) a popularizou em sua obra. Seus escritos foram traduzidos a partir do final do século XIX e, atualmente, é reconhecida como uma das mais importantes vozes do início da Reforma.

As obras de Olympia Fulvia Morata, especialmente as cartas, encontraram seu público nos dias atuais por causa da profundidade de sua fé, seu compromisso com o bem-estar dos demais e seu vasto conhecimento, que compartilhava sem restrições. Stjerna cita o estudioso Rabil, observando:

O aprendizado não era um ornamento usado por Morata; era sua identidade. Ela foi reprimida durante toda sua breve vida adulta por eventos que poderiam ter detido um espírito inferior […] mas nada silenciava sua pena. (211)

Como todas as autoras e ativistas da Reforma, Olympia não recebeu pleno reconhecimento por causa de seu gênero, mas continuou seu trabalho independente da opinião alheia sobre o que deveria estar fazendo. Tivesse vivido mais tempo, ela poderia até ter encontrado um espaço na faculdade da Universidade de Heidelberg, que a homenageia atualmente com o Programa Olympia Morata, concedendo financiamento para pesquisadoras de pós-graduação. Um ginásio em Schweinfurt foi renomeado em sua homenagem em 1956 e suas obras foram traduzidas para vários idiomas, ressoando junto às pessoas da atualidade assim como ocorreu com os seus primeiros leitores.

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Perguntas e respostas

Quem foi Olympia Fulvia Morata?

Olympia Fulvia Morata foi uma acadêmica italiana, fluente em grego e latim aos 12 anos, que defendeu a Reforma Protestante na Itália por intermédio de uma série de cartas.

Olympia Fulvia Morata é famosa pelo quê?

Olympia Fulvia Morata tornou-se famosa pelas cartas, nas quais estimula a fé cristã e que também representam relatos em primeira mão dos eventos de sua época.

Quantas obras de Olympia Fulvia Morata sobreviveram até os dias de hoje?

As obras de Morata que sobreviveram são 52 cartas, onze poemas, dois diálogos, traduções de sete salmos e traduções/comentários sobre outras obras.

Como Olympia Fulvia Morata morreu?

Olympia Fulvia Morata morreu, por causa da praga ou tuberculose, com apenas 29 anos.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2022, Abril 29). Olympia Fulvia Morata [Olympia Fulvia Morata]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20654/olympia-fulvia-morata/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "Olympia Fulvia Morata." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação Abril 29, 2022. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20654/olympia-fulvia-morata/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "Olympia Fulvia Morata." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 29 Abr 2022. Web. 29 Abr 2024.