O Estandarte Romano

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Rogério Cardoso
publicado em 19 Fevereiro 2014
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol, Turco
Roman Victory Procession (by The Creative Assembly, Copyright)
Procissão de vitória romana
The Creative Assembly (Copyright)

O estandarte romano (latim: Signum ou Signa Romanum) era um galhardete, uma bandeira ou uma flâmula, suspensa ou anexada a uma haste ou um mastro, que identificava uma legião romana (infantaria) ou os Equites (cavalaria). O estandarte de uma unidade de cavalaria era brasonado com um símbolo da serpente (Draconarius), enquanto uma legião de infantaria era representada por um animal totêmico. O mais famoso desses é a águia (Aquila), mas havia também legiões identificadas pelo javali, pelo lobo, pelo cavalo e pelo minotauro.

O estandarte era importante como um ponto de encontro, como um símbolo de orgulho e, de modo mais prático, como um meio de comunicação na batalha. O ressoar de uma trombeta atrairia a atenção das tropas ao estandarte, que então direcionaria qual ação deveria ser tomada no campo de batalha. O porta-estandarte abaixaria, ergueria, tremularia ou faria algum outro movimento com o estandarte para indicar às tropas qual seria o próximo movimento ou para mudar alguma tática ou formação. Tão importante era o estandarte aos exércitos de Roma, que batalhas eram travadas para recuperá-los. No tempo da República Romana, os estandartes eram estampados com as letras SPQR, que eram uma abreviação para Senatus Populusque Romanus (Senado e Povo Romano). O estandarte, então, representava não só a legião ou a coorte que o carregava, mas os cidadãos de Roma e as políticas que o exército representava.

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Além dos símbolos da serpente e da águia, havia também a Imago (um estandarte que mostrava a imagem do imperador), a Manus (uma mão aberta no topo da bandeira), o Vexillum (um corte de tecido retangular de uma certa cor, às vezes com um número, anexado a um mastro) e bandeiras que designavam hierarquia militar (uma bandeira vermelha, por exemplo, designaria um general). O Vexillum designava o tipo de unidade (legião ou coorte) e que legião era. A Manus da mão aberta simbolizava a lealdade dos soldados e a confiança que eles tinham nos seus líderes. A Imago fazia as tropas lembrarem o imperador pelo qual lutavam e simbolicamente representava a vontade de Roma entre eles. Um estandarte teria em si mais de uma bandeira, à exceção do Vexillum, que era usado para direcionar os movimentos das tropas.

O ESTANDARTE ERA IMPORTANTE COMO UM PONTO DE ENCONTRO, como UM SÍMBOLO DE ORGULHO E, DE MODO MAIS PRÁTICO, COMO UM MEIO DE COMUNICAÇÃO NA BATALHA.

A história da Batalha da Floresta de Teutoburgo (9 d.C.) e a resposta romana a essa derrota enfatizam a importância do estandarte a Roma. No reinado de Augusto, em 12 a.C., as legiões romanas foram ordenadas a entrarem na região da Germânia, onde elas tentaram cumprir o que Júlio César ensaiou fazer aproximadamente quarenta anos antes: a subjugação da terra. Como os povos da Germânia eram tribais, e como não havia uma frente unida contra a qual travar guerra, os exércitos de Roma poderiam não ganhar nenhuma posição na região. Em 9 d.C., o general romano Quintílio Varo foi nomeado à governança da Germânia, embora ela não estivesse conquistada, e pôs-se a tentar coletar impostos e tributos. Isso irritou a muitos na população, mas especialmente a um jovem germânico de nome Armínio, que era um confiável membro da equipe de Varo. Armínio coreografou um elaborado plano por meio do qual as legiões romanas teriam que marchar através da Floresta de Teutoburgo, onde suas táticas e treinamento pouco poderiam ajudá-las, e as emboscou. As legiões foram massacradas no terceiro dia de sua marcha, e todos os três estandartes estavam perdidos para Roma.

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Em 16 d.C., o general romano Germânico (15 a.C.-19 d.C.) conduziu suas tropas à Germânia, a despeito da determinação de Augusto de que o Reno deveria ser a fronteira de Roma, para recuperar os estandartes perdidos na derrota de Varo. Augusto estava morto nessa época, e Tibério governava Roma, mas, ainda assim, a antiga fronteira permaneceu. Os historiadores então concordaram que a campanha de Germânico foi levada a cabo por vingança, pelo seu desejo de reunir as tropas ao redor de si e, como símbolo de lealdade delas para com ele e Roma, para recuperar os estandartes. Ele massacrou a tantos das populações indígenas quanto pôde, em retribuição pela derrota romana, e recuperou dois dos três estandartes perdidos na Batalha da Floresta de Teutoburgo. Enquanto o povo de Roma aplaudia as suas vitórias, ele teve o seu avanço negado por Tibério por agir fora da política estabelecida e também, sem dúvida, por engajar-se numa campanha que teria contribuído para a popularidade de Germânico à custa de Tibério.

Embora não tratem diretamente da campanha na Floresta de Teutoburgo, os atuais filmes de Hollywood, como Centurião (2010) e A Legião Perdida (2011), deram muita importância ao estandarte romano e à sua significância aos militares e ao povo da Roma Antiga. A Legião Perdida, especialmente, retrata o chamado 'Massacre da Nona Legião' na Bretanha e a perda do estandarte de águia. Na realidade, não houve, muito provavelmente, nenhum massacre da Nona Legião. A data mais comum dada para o seu desaparecimento é 117 d.C., mas registros romanos supérstites mostram membros da Nona ainda em serviço após essa data. Se a Nona Legião estava perdida, então foi após 117 d.C., mas tem sido sugerido que ela foi dispensada, e seus soldados, redirecionados a outras legiões. A perda da águia da Nona Legião, no entanto, remanesce como um símbolo do espírito e da vitalidade da unidade militar que ela representava. As histórias e os filmes referentes a tentativas de encontrá-la celebram as distâncias a que se deve ir para preservar a honra da família, do país, dos irmãos de armas de alguém, e, se tais histórias são verdadeiras ou não, elas testificam o potente simbolismo do estandarte romano.

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Sobre o tradutor

Rogério Cardoso
Rogério Cardoso nasceu em Manaus, Brasil, onde inicialmente obteve um grau em Letras Portuguesas, e mais tarde se mudou para São Paulo, onde obteve um grau de mestre em Filologia Portuguesa. Ele é um entusiasta da História.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2014, Fevereiro 19). O Estandarte Romano [Roman Standard]. (R. Cardoso, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-376/o-estandarte-romano/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "O Estandarte Romano." Traduzido por Rogério Cardoso. World History Encyclopedia. Última modificação Fevereiro 19, 2014. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-376/o-estandarte-romano/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "O Estandarte Romano." Traduzido por Rogério Cardoso. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 19 Fev 2014. Web. 18 Abr 2024.