O Massacre do Campo de Marte

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Harrison W. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 07 setembro 2022
Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
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Champ de Mars Massacre (by Unknown Artist, Public Domain)
Massacre do Campo de Marte
Unknown Artist (Public Domain)

O Massacre de Campo de Marte foi um incidente ocorrido em 17 de julho de 1791, quando soldados da Guarda Nacional, sob o comando do Marquês de Lafayette, abriram fogo contra a multidão de manifestantes que reivindicava um referendo sobre a abdicação do rei e o estabelecimento da república. Foi um dos momentos decisivos da Revolução Francesa (1789-99).

Ainda que a ideia de uma república francesa fosse praticamente impensável no início da Revolução, a Fuga para Varennes do rei Luís XVI da França (r. 1774-92), na noite de 20-21 de junho de 1791, popularizou a ideia, pois muitos cidadãos passaram a acreditar que o rei havia traído a França e não era mais confiável. Estimulados pelo radical Clube dos Cordeliers, mais de 50.000 pessoas se reuniram no Campo de Marte para assinar uma petição requerendo a abdicação do rei e que o povo decidisse se deveria haver outro monarca para substituí-lo. O prefeito de Paris, Jean Sylvain Bailly, buscando restaurar a ordem, instituiu a lei marcial e ordenou que a Guarda Nacional dispersasse os manifestantes, o que resultou no massacre. O incidente manchou permanentemente a reputação de Bailly e Lafayette e prejudicou a causa da facção monarquista constitucional.

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O Rei Escapa

Para os criados do Palácio das Tulherias, em Paris, a manhã de 21 de junho de 1791 começou como qualquer outra. Exatamente às 7h, dois dos criados reais, Lemoine, o mais velho, e um menino, Hubert, entraram nos aposentos de Luís XVI para iniciar a rotina matinal do rei. Quando abriram o dossel da cama, veio a surpresa: o leito real estava vazio. Tomados pelo nervosismo, eles então se dirigiram ao aposento do delfim, também deserto. Com crescente apreensão, Hubert sugeriu que eles deveriam soar o alarme ou, pelo menos, informar a rainha. Lemoine ficou chocado com esse pensamento; como um servidor sênior da realeza, ele sabia que o protocolo da corte era sagrado. Seria necessário esperar mais meia hora para despertar a rainha. No entanto, quando o momento chegou, descobriu-se que também Maria Antonieta desaparecera, o que levou até o empertigado Lemoine a entrar em pânico (Fraser, 333).

A Assembleia precisava salvar a reputação do rei daquele pesadelo de relações públicas ou correr o risco de um desastre maior.

Às 11h, a notícia da partida da família real se espalhou por toda Paris. Grandes multidões se reuniram do lado de fora dos portões das Tulherias, gritando insultos enraivecidos às paredes do palácio, contidos em sua fúria apenas pela convocação da Guarda Nacional. O comandante da Guarda, Gilbert du Motier, marquês de Lafayette (1757-1834), ficou especialmente mortificado, pois estava encarregado da segurança do rei. "Os pássaros voaram", disse um ansioso Lafayette a seu amigo, o radical inglês Thomas Paine, naquela manhã. Em resposta, Paine, um republicano que se tornou célebre por conclamar as 13 colônias americanas a se livrar da tirania do domínio britânico, apenas deu de ombros. "Deixe-os ir", respondeu (Fraser, 333).

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Mais tarde, naquele mesmo dia, a família real seria flagrada no povoado de Varennes-en-Angonne e, em 25 de junho, estaria de volta a Paris, escoltada por um grupo de guardas nacionais e devotados patriotas franceses. A tensão aumentava cada vez mais entre os parisienses, à medida que centenas de silenciosos cidadãos observavam seu suposto rei-cidadão passar. O silêncio havia sido orquestrado pelo exasperado Lafayette, que instalou placas por toda a cidade que alertavam: "Qualquer um que aplauda o rei será açoitado; Qualquer um que o insulte será enforcado" (Fraser, 344). Mesmo assim, não era possível disfarçar o sentimento de traição dos parisienses. Luís XVI tinha sido flagrado a caminho da fronteira com os Países Baixos austríacos. Ele pretendia se reunir ao exército austríaco? Seria capaz de comandar aquele exército contra seu próprio povo? Uma carta encontrada nos aposentos do rei denunciava com veemência os jacobinos, a revolução e as reformas realizadas até aquele momento. Como um rei que se comportava desta forma podia ser digno de confiança novamente?

Return of Louis XVI to Paris After Varennes
O Retorno de Luís XVI a Paris após a Fuga para Varennes
Jean Duplessis-Bertaux (Public Domain)

Ficou a cargo da Assembleia Nacional Constituinte a tarefa de controlar os danos. Sua posição oficial, divulgada ao público numa proclamação no dia 22 de junho, dava conta de que o rei fora sequestrado contra sua vontade e que a contundente carta antirrevolucionária que deixara para trás havia sido plantada por ministros desonestos. Tal alegação, um completo absurdo que contrariava todas as evidências, era uma mentira considerada necessária pelos integrantes da instituição. A Assembleia estava perto de terminar a constituição na qual vinha trabalhando há dois anos, um documento centrado na instituição de uma monarquia enfraquecida. Em uma única noite, o rei colocou em risco essa constituição, bem como todas as conquistas da Revolução. A Assembleia, portanto, precisava salvar a reputação do rei desse pesadelo de relações públicas ou correr o risco de um desastre.

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A Petição

Ainda assim, nem todos estavam convencidos de que a monarquia constitucional seria o caminho certo para a França ou que o rei voltaria a agir em boa fé. A declaração de Paine a Lafayette, de que eles deveriam simplesmente deixar o rei ir, despertava uma questão interessante: a França precisava mesmo de um rei? Afinal, durante os poucos dias em que Luís XVI tentou escapar, o governo continuou a funcionar como se nada tivesse acontecido. A implantação de uma República Francesa tinha sido uma ideia marginal durante toda a Revolução até aquele momento, em geral discutida apenas em conversas casuais nos cafés e quase nunca levada a sério. De acordo com a linha de pensamento prevalente, tal instituição era viável numa sociedade relativamente pequena e nova, como os Estados Unidos, mas impensável para a mais populosa potência europeia, uma sociedade com mais de mil anos de existência.

Depois de Varennes, o republicanismo ainda representava uma opinião minoritária, mas deixou de ser um tabu.

Depois de Varennes, o republicanismo ainda representava uma opinião minoritária, mas deixou de ser um tabu. Um clube político pouco conhecido, o Círculo Social, conseguiu convocar 4.000 pessoas para invadir uma reunião dos jacobinos e exigir que eles aceitassem o apelo pela república. O Clube Jacobino, de longe o maior dos clubes políticos revolucionários, hesitava em ir tão longe, embora alguns membros ainda desejassem ver o rei punido de alguma forma. Maximilien Robespierre (1758-1794), que recentemente passara da obscuridade para a proeminência entre os jacobinos, discursou acusando o rei e a Assembleia Nacional de traição, mas se absteve de oferecer ideias do que deveria ser feito, defendendo, em vez disso, deixar essa decisão para o povo. Outros, como Louis-Marie Stanislas Fréron, eram menos ambíguos; depois de assistir a uma peça representando o lendário estabelecimento da República Romana por Lúcio Júnio Bruto (século VI a.C.), Fréron supostamente exclamou: "Franceses, por que não há Brutos entre vocês?" (Schama, 564).

Eventualmente, a Assembleia decidiu punir o rei e suspendeu seus poderes restantes até que a constituição fosse concluída. Naturalmente, isso representava o equivalente a um tapinha na mão, o que muitos consideravam insuficiente. O Clube dos Cordeliers, um clube político populista fundado e liderado por Georges Danton (1759-1794), destacava-se na defesa de medidas mais enérgicas. Nos dias seguintes a Varennes, membros do clube redigiram uma petição exigindo que a Assembleia Nacional removesse o rei ou, na falta disso, autorizasse que o futuro da monarquia fosse submetido a um referendo nacional. Apoiados por figuras influentes como Danton, Jacques-Pierre Brissot e até Thomas Paine, os Cordeliers declararam que, ao fugir de Paris, o rei havia efetivamente abdicado e que era responsabilidade do povo escolher sua própria forma de governo. Nas palavras do historiador William Doyle, tratava-se essencialmente de um manifesto republicano (154).

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Portrait of Georges Danton, 1790
Retrato de Georges Danton, 1790
Anonymous (Public Domain)

Os Cordeliers levaram sua petição inicialmente aos jacobinos, na esperança de obter seu endosso. Os jacobinos mais radicais deram sua aprovação alegremente, mas a proposta era extrema demais para a maioria dos membros. Liderados por Antoine Barnave, Alexandre de Lameth e Lafayette, a maioria dos membros ativos dos jacobinos protestou contra a aceitação da petição por seus colegas, desfiliando-se do clube. Robespierre, cuja base de poder residia no comando dos jacobinos, entrou em pânico e tentou fazer com que apoiadores da petição voltassem atrás. No entanto, era tarde demais; os antigos jacobinos fixaram residência no antigo convento dos Feuillants, declarando-se como um clube alternativo aos jacobinos e aos Cordeliers. Embora a iniciativa tivesse o objetivo de enfraquecer os jacobinos, efetivamente os radicalizou ainda mais, já que restaram somente os mais extremistas.

Como monarquistas constitucionais, os Feuillants condenaram a petição dos Cordeliers. Em 15 de julho, um dia após o segundo aniversário da Bastilha, Barnave fez um discurso apaixonado no qual advertiu que qualquer mudança drástica na constituição seria perigosa e que prolongar a Revolução levaria à calamidade. Chegara o momento, argumentou Barnave, da Assembleia finalmente aprovar a constituição e pôr fim à Revolução. No entanto, os Cordeliers ainda estavam determinados a avançar com a petição. O clube anunciou em seu jornal, o Bouche de Fer (Boca de Ferro), que haveria uma manifestação em 17 de julho, no Campo de Marte, na época uma área aberta destinada a exercícios militares. A manifestação era um evidente tapa na cara na antiga monarquia francesa e nos que a apoiavam; só poderia terminar, é claro, num banho de sangue.

"Conspiradores Malignos"

A manifestação seria realizada no "altar da pátria mãe", que havia sido instalado para a celebração da queda da Bastilha. Na manhã de 17 de julho, uma multidão de signatários chegou ao local, conduzida por Danton e pelo jornalista Camille Desmoulins (1760-94), outro líder dos Cordeliers que havia instigado a Tomada da Bastilha, quase dois anos antes. Dois homens desgrenhados foram encontrados dormindo sob o altar; suspeitos de intenções traiçoeiras, como, por exemplo, serem espiões realistas, estes infelizes acabaram linchados pela multidão exaltada. Deve ser observado que a maior parte dos manifestantes nada teve a ver com estes assassinatos, já que os linchamentos ocorreram de manhã cedo, antes da chegada da maior parte da multidão. Não demorou, no entanto, para que mais de 50.000 pessoas se reunissem no Campo de Marte. Grande parte vinha das regiões mais pobres de Paris, mais afetadas pelos recentes episódios de escassez de comida e pelo desemprego; provavelmente, muitos eram analfabetos.

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Quando as informações sobre a manifestação alcançaram Lafayette, o general rapidamente decidiu agir. Desde 15 de julho de 1789, quando recebeu o comando da Guarda Nacional, ele havia levado seu novo cargo muito a sério; considerava seu dever sagrado defender a lei, a constituição e as recém-conquistadas liberdades de seus compatriotas. No caos que sobreveio após a queda da Bastilha, Lafayette reprimiu a violência nas ruas na tentativa de restaurar a ordem. Desde então, ele estava bastante consciente de que a paz em Paris repousava em bases muito frágeis; em 28 de fevereiro de 1791, posteriormente chamado Dia dos Punhais, ele se encontrava nos subúrbios de Paris controlando um tumulto quando soube que centenas de nobres, armados com punhais, iam em direção do Palácio das Tulherias. Temendo uma trama para sequestrar o rei, Lafayette retornou bem a tempo de desarmar e dispersar os nobres. Incidentes como estes o levaram a escrever a um amigo: "Reino em Paris, mas reino sobre uma população enfurecida, estimulada por conspiradores malignos" (Unger, 239).

Portrait of Lafayette, as Commander of the National Guard
Retrato de Lafayette como comandante da Guarda Nacional
Jean-Baptiste Weyler (Public Domain)

Tais "conspiradores malignos" eram os mesmos homens que instigavam a revolta no Campo de Marte, o mesmo local onde, no ano anterior, o próprio Lafayette havia liderado 300.000 cidadãos num juramento de lealdade à "nação, à lei e ao rei". Eles o atacavam pessoalmente; nos dias seguintes a Varennes, Danton fez um discurso no plenário da Assembleia, acusando o general de falhar em seu dever de proteger o rei:

E você, senhor Lafayette, que recentemente garantiu a pessoa do rei nesta assembleia sob pena de perder a cabeça, está aqui para pagar sua dívida? Você jurou que o rei não partiria. Ou você vendeu seu país ou é estúpido por ter se comprometido com uma pessoa em quem não podia confiar... Você realmente quer ser grande? Torne-se um simples cidadão novamente e pare de 'ajudar' o povo francês. (Unger, 273)

Os Cordeliers distribuíram milhares de cópias do discurso de Danton, enquanto o jornalista incendiário Jean-Paul Marat pedia a cabeça do general. Não muito tempo depois, a Guarda Nacional dispersou uma multidão que marchava em direção à casa de Lafayette, carregando lanças afiadas. Tudo isso, juntamente com o pesado fardo de sua posição, certamente seria um peso sobre os ombros de Lafayette quando se encontrou com o prefeito de Paris, Jean Sylvain Bailly. Ele pressionou Bailly para instituir a lei marcial, citando como justificativa os assassinatos dos dois homens pelos manifestantes no Campo de Marte. O prefeito, que hesitara em tomar tais medidas antes, concordou finalmente e colocou a cidade sob lei marcial. Seria uma decisão fatal, que acabaria custando a carreira de Lafayette e a cabeça de Bailly. Nenhum deles sabia disso ainda, é claro, quando Lafayette montou em seu cavalo branco e conduziu pessoalmente seus homens ao Campo de Marte.

Massacre

A Guarda Nacional logo chegou à manifestação, claramente como uma convidada indesejada. Um ano antes, a aparição de Lafayette exatamente naquele local inspirou aplausos durante o Festival da Federação. Agora, recebia apenas um silêncio severo e olhares hostis. Os Guardas Nacionais carregavam a bandeira vermelha de advertência, uma indicação clara de que seria melhor que os manifestantes dispersassem, sob pena de enfrentar as consequências. O próprio Bailly chegou com tropas adicionais e as tensões aumentaram. Longe de se dispersar, a multidão recebeu os soldados inicialmente com vaias e insultos e, em seguida, com rajadas de pedras. Embora a maioria estivesse desarmada, alguns tiros soaram da multidão, errando Lafayette, mas acertando um dragão [soldado de cavalaria]. A Guarda Nacional respondeu com disparos contra a multidão.

Lafayette Fires on the Cordeliers Club
Lafayette Dispara sobre os manifestantes no Campo de Marte
Ary Scheffer (Public Domain)

Homens, mulheres e crianças caíam enquanto a Guarda avançava. O ambiente deve ter sido tomado pela fumaça espessa e pelos gritos aterrorizados, enquanto 50.000 pessoas tropeçavam umas nas outras na tentativa de escapar. Quanto tudo terminou, pelo menos 13 pessoas estavam mortas, embora algumas fontes contemporâneas aumentem esse número para até 50 pessoas. Dezenas ficaram feridas.

Nas semanas que se seguiram, Lafayette reprimiu os ativistas republicanos e antimonarquistas. Cerca de 200 dos mais conhecidos líderes destes movimentos foram presos. Danton fugiu para a Inglaterra, enquanto os jornalistas Desmoulins e Marat se esconderam. Até Robespierre, que não participou da manifestação, mas havia condenado a Guarda Nacional e o massacre, ficou quieto por um tempo. Por um momento, parecia que Bailly e Lafayette tinham esmagado o nascente movimento republicano num só golpe. Com os jacobinos se desfazendo e os Cordeliers fugindo, os Feuillants reinavam supremos.

Consequências

Com as reivindicações pela república e para a abdicação do rei temporariamente contidas, a Assembleia Constituinte continuou a realizar seu trabalho. Liderados por Barnave, os Feuillants fizeram emendas de última hora à constituição para fortalecer a posição real e torná-la mais aceitável para o soberano. Ainda que insatisfeito com o resultado, Luís XVI concordou com os termos do documento apresentado em setembro. A França tornava-se oficialmente uma monarquia constitucional, com Luís XVI como seu rei-cidadão. No entanto, era um sistema com o qual muitas pessoas estavam descontentes, baseado num rei que planejava a contrarrevolução a portas fechadas. Como se sabe, o frágil sucesso dos Feuillants não durou muito tempo; dentro de um ano, a França estaria em guerra com a Áustria e a Prússia, período em que os jacobinos subiriam ao poder. Em 21 de setembro de 1792, a monarquia constitucional foi abolida em favor da Primeira República Francesa.

O massacre do Campo de Marte, porém, não foi esquecido nem perdoado pelo povo de Paris. Um ano antes, Lafayette e Bailly eram adorados como campeões da Revolução. Os eventos de 17 de julho mancharam suas reputações de maneira irrecuperável. Não mais visto como o ousado herói que arriscara tudo para lutar pela liberdade na Guerra Revolucionária Americana, Lafayette passou a ser olhado com desconfiança pelo povo e, posteriormente, se tornaria um alvo popular para os discursos incendiários de Robespierre e Danton. Embora Lafayette tenha recebido o comando de um exército em 1792, a pressão dos jacobinos o levou a fugir da França. Ele acabou preso nos Países Baixos austríacos enquanto tentava partir para os Estados Unidos, passando o restante da Revolução numa cela austríaca. Bailly, nesse meio tempo, não teve tanta sorte. Após renunciar à prefeitura em novembro de 1791, mudou-se para Nantes, mas acabou sendo reconhecido e preso. Em 12 de novembro de 1793, Bailly foi guilhotinado - principalmente pelo seu papel no massacre - exatamente no Campo de Marte.

Bailly on His Way to the Guillotine
Bailly a Caminho da Guilhotina
Unknown Artist (Public Domain)

Junto com a Fuga para Varennes, o Massacre do Campo de Marte marcou um momento decisivo na Revolução Francesa. Atemorizada pela traição do rei, a população começou a questionar a utilidade da constituição vindoura na proteção de seus direitos. Estas dúvidas certamente aumentaram quando soldados da Guarda Nacional, ostensivamente no local para protegê-los, abriram fogo contra cidadãos desarmados. O massacre, portanto, teve o efeito de completar o que Varennes havia iniciado, afastando a opinião pública do rei e de seus aliados. Se antes muitos haviam enxergado o fim da Revolução à vista, não havia como voltar atrás após o ocorrido. A Revolução ainda tinha um longo caminho pela frente e seus dias mais sombrios ainda estavam por vir.

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Perguntas e respostas

O que aconteceu no Massacre do Campo de Marte?

O Massacre do Campo de Marte ocorreu quando a Guarda Nacional de Paris abriu fogo contra uma multidão de 50.000 manifestantes no Campo de Marte. Os manifestantes reivindicavam a abdicação do rei Luís XVI e um referendo sobre a próxima forma de governo da França.

Quantas pessoas foram mortas no Massacre do Campo de Marte?

Pelo menos 13 manifestantes foram mortos no Massacre do Campo de Marte, embora algumas fontes indiquem um total de até 50. Dezenas ficaram feridos.

Qual foi o significado do Massacre do Campo de Marte?

O Massacre do Campo de Marte reforçou o crescente movimento republicano durante a Revolução Francesa, pois líderes monarquistas constitucionais proeminentes, como Jean Sylvain Bailly e o Marquês de Lafayette foram demonizados por seus papéis no massacre.

Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Harrison W. Mark
Harrison Mark é graduado pela SUNY Oswego, onde estudou história e ciência política.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, H. W. (2022, setembro 07). O Massacre do Campo de Marte [Champ de Mars Massacre]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Recuperado de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-21038/o-massacre-do-campo-de-marte/

Estilo Chicago

Mark, Harrison W.. "O Massacre do Campo de Marte." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação setembro 07, 2022. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-21038/o-massacre-do-campo-de-marte/.

Estilo MLA

Mark, Harrison W.. "O Massacre do Campo de Marte." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 07 set 2022. Web. 11 dez 2024.