O Dólmen de Maeshowe

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Filipa Oliveira
publicado em 24 Outubro 2012
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês
Maeshowe (by Mali, CC BY-SA)
o Dólmen de Maeshowe
Mali (CC BY-SA)

Maeshowe( pronuncia-se `maze-ow' ou `maze-oo') é um dólmen ou anta Neolítico com câmara, datado entre 3000 a 2800 a.C., localizado em Stenness, nas Ilhas de Órcades, Escócia. De acordo com o Dr. Berit Sanders, da Universidade de Lund, o nome Maeshowe advêm do escandinavo antigo significando 'Monte do prado', devido a esta denominação, pensa-se que o dólmen de Maeshowe e as Maesquoy Standing Stones (Pedras de Maesquoy) tenham sido prados (Orkneyjar. com). Apesar de não se ter encontrado quase nenhuns vestígios de ossadas humanas (apenas vestígios de fragmentos de ossos e parte de um crânio) a construção em monte e o longo corredor levaram os estudiosos a designar o local como uma passagem para o túmulo. O dólmen de Maeshowe está localizado próximo aos outros famosos assentamentos neolíticos nas Ilhas Órcades, como o Assentamento de Barnhouse, o monólito Pedra de Barnhouse (Barnhouse Stone), o Círculo de Pedras de Stenness (The Standing Stones of Stennes), o assentamento de Ness de Brodgar, o Círculo de Brodgar (The Ring of Brodgar), o monólito de Watchstone (The Watchstone), o monólito de Cometstone (Cometsonte) e o dólmen de Unstan (The Unstan Cairn) e a noroeste o Círculo de Bookan (The Ring of Bookan) e o assentamento de Skara Brae.

Em julho de 1861, o antiquário James Farrer procedeu às primeiras escavações arqueologicas do dólmen de Maeshowe, por recomendação de David Balfour (conhecido pelo seu trabalho no assentamento de Skara Brae), e de George Petrie. Citando as medições de George Petrie, James Farrer descreveu o exterior do dólmen (pés adicionados): “O dólment tem cerca de 28 metros (92 pés) de diâmetro, 11 metros (36 pés) de altura e cerca de 91 metros (300 pés) de circunferência de base. É cercado por um anel de contrafortagem de 12 metros (40 pés) de largura e variando em profundidade de 1-2 metros (4 a 8 pés). Situado no lado norte da nova estrada que leva a Stromness, a cerca de 9 km (6 milhas), vindo de Kirkwall, a 14 km (9 milhas). Fica a cerca de 200 metros de distância da estrada e a 2,4 km (uma milha e meia) do Círculo Pedras de Stenness (The Standing Stones of Stennes)” (guternberg. org). James Farrer encontrou a passagem da entrada bloqueada com entulho e, ao que tudo indica, por sugestão de George Petrie, abriu uma entrada na mamoa (uma decisão bastante criticada desde então pelos arqueólogos). Nesta altura, o dólmen tinha um formato cónico, mas, quando em 1910, o governo alçou o local colocou-lhe um telhado de cimento (em parte para fechar o buraco feito por James Farrer) moldado-o na sua forma atual (Orkneyjar. com). O dólmen de Maeshowe é considerado um dos melhores exemplos da arquitetura Neolítica, tendo nomeado todos os túmulos construídos de forma semelhante e que se estendem das ilhas Papa Westray e Sanday, no norte, até às Órcades. Em 1999 o dólmen foi declarado Património da Humanidade e atualmente está sob os cuidados da Historic Sctoland (Agência de preservação natural ou cultural da Escócia).

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Tal como muitos outros locais neolíticos, o dólmen de Maeshowe está alinhado com o solstício de inverno, altura em que o sol poente do inverno ilumina intensamente a passagem da entrada e a câmara principal. A descoberta de um buraco perto do dólmen sugere a existência de um círculo de uma estrutura bem mais antiga tendo o dólmen de Maeshowe sido construído sobre ele. O anel de contrafortagem externo assemelha-se ao anel de contrafortagem de outros círculos, como o do Círculo de Brodgar. Localizado próximo, o monólito Pedra de Barnhouse está alinhado diretamente com a entrada do dólmen de Maeshowe e, no solstício de inverno, o sol põe-se sobre o monólito a iluminar o dólmen. É possível que o monólito Pedra de Barnhouse tenha sido originalmente colocado para desempenhar a mesma função com o círculo que já existiu no local do dólmen de Maeshowe e, se assim for, foi cuidadosamente construído um dólmen que alinha com o assentamento de Barnhouse (construído por volta de 3300 a.C.). Como alternativa, foi sugerido que o monólito Pedra de Barnhouse pode ter sido erguido durante a construção do dólmen de Maeshowe e a estrutura anterior no local era uma casa ou local de rito e não um círculo. A teoria basea-se em que a Estrutura Oito no assentamento de Barnhouse (construído em 2600 a.C), parece ter sido construída para ritos e, tal como o dólmen de Maeshowe, assenta numa plataforma de argila. Pensa-se que a Estrutura Oito substitui uma estrutura anterior construída em Maeshowe. Seja qual for a construção original, o dólmen foi construído com tanta precisão que, vinte e dois dias antes e depois do solstício de inverno, o sol se põe e reaparece nas proximidades de Hoy's Ward Hill (diretamente em linha com o monólito de Pedra de Barnhouse) para criar o que os investigadores do fenómeno chamam de 'Solar Flashings' - flashes de luz lançados na passagem da entrada e na câmara principal. Pensa-se que o dólmen foi construído de propósito para capturar esta luz intermitente (dado não ser a iluminação prolongada do solstício) simbolizando o fim do inverno e o início de dias mais quentes e luminosos.

Maeshowe excavation 1861
Escavações no Dólmen de Maeshowe, 1861
Mr. Gibb (CC BY-SA)

O Corredor, no lado sudoeste do dólmen, percorre 11 metros (36 pés) até à câmara principal e tem a característica interessante de 'pedra de bloqueio', uma enorme placa talhada que pode ser puxada de um recesso na parede para fechar a passagem, talvez durante os ritos. A câmara principal mede 4,7 metros (13 pés) com contrafortes de pedra nos cantos que antes sustentavam um tecto com mísulas (que os desenhos feitos por Gibb of Aberdeen, membro da expedição de James Farrer em 1861, mostram terem caído). Datam do século XII as inscrições rúnicas (o maior conjunto encontrado até agora no mundo) e a gravura de um dragão entalhadas nas paredes da câmara feitas quando um grupo nórdico se refugiou no dólmen durante uma tempestade de inverno. Este grupo poderá ter levado todos e quaisquer objetos de valor ou outro espólio que estivessem na câmara principal ou nas três câmaras menores que se ramificam dela (a leste, a norte e a oeste). A Saga Orkeyinga (escrito c. 1230) descreve o dólmen como tendo sido saqueado pelo conde nórdico Harald Maddadarson and Ragnvald, conde de More, durante o século XII. Os estudiosos consideram lenda muito do que está descrito na saga Orkneyinga, pelo que não se pode ter a certeza se este grupo em particular ou quaisquer outros tenham invadido ou saquado o túmulo. James Farrer certamente parecia pensar que o fizeram, tendo escrito em 1862 que, “[O Dólmen foi] indubitavelmente saqueado num passado remoto, provavelmente pelos nórdicos, que, como é bem sabido, não se dissuadiam por nenhum motivo: fosse por religião ou por superstição, de abrir e saquear qualquer lugar que pudesse recompensá-los pelos seus problemas. Se eles foram os primeiros a invadir o dólmen, ou se o encontraram num estado de relativa ruína, o resultado natural de grande antiguidade, presentemente é uma mera questão de conjectura” (gutenberg. org).

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A possibilidade de haver espólio no ou perto do dólmen é corrobado pelo testemunho escrito na Saga de Orkneyinga e pelas gravuras rúnicas que mencionam o saque de um "grande tesouro" e a existência de um grande tesouro enterrado perto do local. Se alguma vez existiu tal tesouro, ninguém sabe e a ideia de que o dólman de Maeshowe tenha alguma vez tido ossadas humanas e riqueza para a vida após a morte, é pura especulação por parte dos arqueólogos modernos com base nestas evidências e suposições dos escavadores sobre o que o dólmen poderá ter tido. Os únicos artefatos descobertos pelo grupo arqueológico de 1861 foram ossos de cavalos e parte de um crânio humano. Não existe qualquer evidência que apoie a alegação de ter havido um grande tesouro ou de que o dólmen de Maeshowe tenha sido um túmulo. Além disso, referiu-se que a palavra "tesouro" poderia ter um significado para uma comunidade antiga e outro bem diferente para uma mais moderna. O pote de cerámica de loiça de ranhura (Grooved Ware), encontrado na Estrutura Oito do Assentamento de Barnhouse, continha quatorze lamínas de sílex, um tipo de rocha altamente valorizado nas Órcades devido à sua raridade e “uma quantidade que teria sido considerada um tesouro na época” ( Orkneyjar. com).

O fato de que a placa à entrada no dólmen de Maeshowe ter sido colocada por dentro, e não por fora, na passagem de entrada, sugere que a mesma foi usada para selar o dólmen durante algum tipo de rito e o alinhamento do solstício de inverno apoia ainda mais a função do local como de natureza cerimonial. A localização do dólmen, alinhado com o monólito Pedra de Barnhouse, próximo à Estrutura Oito e, talvez mais significativamente, ao local recentemente escavado no assentamento de Ness de Brodgar, que certamente era um assentamento de cáracter de rito, dá maior suporte à teoria de que o dólmen de Maeshowe era um local de rito. Conforme as escavações no assentamento de Ness de Brodgar e áreas circundantes progridem, expondo novas estruturas mais antigas, lançam novas luzes e compreensão ao propósito original do dólmen de Maeshowe.

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Bibliografia

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Sobre o tradutor

Filipa Oliveira
Tradutora e autora, o gosto pelas letras é infindável – da sua concepção ao jogo de palavras, da sonoridade às inumeráveis possibilidades de expressão.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2012, Outubro 24). O Dólmen de Maeshowe [Maeshowe]. (F. Oliveira, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-11452/o-dolmen-de-maeshowe/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "O Dólmen de Maeshowe." Traduzido por Filipa Oliveira. World History Encyclopedia. Última modificação Outubro 24, 2012. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-11452/o-dolmen-de-maeshowe/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "O Dólmen de Maeshowe." Traduzido por Filipa Oliveira. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 24 Out 2012. Web. 29 Abr 2024.