Cláudio

Definição

Donald L. Wasson
por , traduzido por Rogério Cardoso
publicado em 18 outubro 2011
Disponível noutras línguas: Inglês, holandês, francês, espanhol, Turco
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Claudius Bust, Milan (by Mark Cartwright, CC BY-NC-SA)
Busto de Cláudio, Milão
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Cláudio foi imperador romano de 41 a 54 d.C. Após a morte do imperador Calígula (r. 37-41 d.C.) e de sua família pelas mãos da Guarda Pretoriana, o futuro imperador Cláudio foi encontrado trêmulo atrás de um conjunto de cortinas, temendo por sua própria vida, mas acabou nomeado imperador. O historiador Cássio Dio escreveu: "De início, os soldados, supondo que ele fosse outra pessoa ou que tivesse consigo algo de valor, arrastaram-no para a frente; depois, quando o reconheceram, saudaram-no como imperador e conduziram-no ao acampamento. Posteriormente, eles, junto com seus companheiros, lhe confiaram o poder supremo..." (60.1).

Vida Pregressa

Cláudio, ou Tiberius Claudius Caesar Augustus (10 a.C. - 54 d.C.), era tio de Calígula (irmão de Germânico) e sempre foi considerado mentalmente incapaz (a sua própria mãe, inclusive, partilhava dessa opinião). Esse seria o motivo pelo qual muitos creem que ele tenha permanecido vivo por tanto tempo. Ele babava, gaguejava e coxeava, tornando-se um alvo fácil para as cruéis piadas do sempre abusivo Calígula. Na obra Vidas dos Doze Césares, o historiador antigo Suetônio disse que a mãe de Cláudio, Antônia (filha de Marco Antônio), considerava seu filho "um monstro, um homem em quem a Mãe Natureza começou a trabalhar, mas depois atirou de lado". Quando ela acusava alguém de ser estúpido, dizia: "Ele é até mais bobo que o meu filho Cláudio" (A Vida de Cláudio, 3.2).

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Sua avó, Lívia Drusila, não suportava olhá-lo no rosto. Quando se prenunciou que Cláudio governaria o império, a irmã dele, Lívila, "orava em voz alta para que o povo romano fosse poupado de um infortúnio tão cruel e imerecido" (3.2). Mais tarde, Cláudio explicou que a sua imbecilidade era uma atuação. Segundo Suetônio, "Em vez de se manter quieto a respeito de sua estupidez, Cláudio explicou, em alguns breves discursos, que havia assumido uma mera máscara para o benefício de Calígula e que devia tanto a vida quanto o trono a isso" (38.3). Embora não tenha recebido nenhum cargo governamental no principado de Augusto, Cláudio foi indicado a um breve cargo de cônsul por Calígula. Como ele tinha poucas responsabilidades, Cláudio passava seu tempo livre lendo e escrevendo histórias. Suetônio disse que tal ociosidade lhe valeu uma má reputação por embriaguez e jogatina.

Cláudio como Imperador

Cláudio trouxe relativa paz a Roma com a restauração do domínio da lei.

Conquanto não fosse a escolha preferida do Senado Romano, Cláudio provou ser um imperador eficiente. O seu primeiro ato foi executar Cássio Quereia e seus co-conspiradores, os assassinos de Calígula. Ele trouxe relativa paz a Roma com a restauração do domínio da lei. Construiu um novo porto em Óstia, estabeleceu um novo culto civil imperial e promoveu uma reforma agrária. Quando revoltas eclodiram nas ruas por causa da fome durante uma prolongada estiagem, ele importou grãos para alimentar os cidadãos. Ele conseguiu mais terras férteis ao drenar o Lago Fucino na Itália central. Além disso, aboliu os julgamentos de traição feitos por Calígula e expandiu o império para regiões mais internas do Oriente Médio e dos Bálcãs. Por último, ele concluiu a conquista da Mauritânia iniciada por Calígula e conquistou a Bretanha. Em busca por glórias militares, Cláudio liderou pessoalmente o seu exército através da Gália e do Canal da Mancha até a Bretanha, onde, sem muita oposição, subjugou boa parte da ilha.

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Mas o homem a quem muitos consideravam demasiado fraco para governar poderia também ser tão impiedoso quanto aqueles que governaram antes dele. Assim como os seus predecessores, ele era paranoico, irascível e não hesitava em mandar matar supostos inimigos. Essa paranoia tinha alguma razão de ser. Conquanto uma revolta liderada por Escribimano, governador da Ilíria Superior, tenha sido facilmente contida, e muitos dos seus participantes tenham sido executados, os elos com os conspiradores se estendiam a vários oficiais de alta patente em Roma. Cláudio ordenou que 35 senadores e outros 400 indivíduos fossem executados ou forçados a cometerem suicídio. Cássio Dio escreveu: "... ele fazia com que todos que se aproximassem dele, homens ou mulheres, fossem igualmente revistados temendo que pudessem ter um punhal, e nos banquetes ele se certificava de que havia soldados presentes" (60.3). Sua paranoia não parou nos conspiradores; assim como Calígula, ele tinha problemas com os judeus em Roma e, para evitar futuras revoltas, expulsou-os da cidade.

Roman Emperor Claudius
O Imperador Romano Cláudio
Carole Raddato (CC BY-SA)

Cláudio e o Casamento

Casado por quatro vezes, Cláudio teve pouquíssima sorte com mulheres. No que diz respeito a esses casamentos e ao seu relacionamento com os seus associados libertos (Narciso e Palas), Dio escreveu: "Não foram essas enfermidades, todavia, que tanto causaram a deterioração de Cláudio quanto os libertos e as mulheres de quem ele se aproximou" (60.2). Ele se casou duas vezes no cargo de imperador, mas nenhum dos casamentos se mostrou uma escolha sábia. Todas as mulheres com que se casou (em particular, Messalina e Agripina) tinham imensa influência sobre ele, assim como os dois libertos. Dio acresceu:

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Além disso, ele era atormentado pela covardia, que tão amiúde o dominava, que não conseguia raciocinar como deveria. Eles (suas esposas e libertos) se aproveitavam desse defeito dele também para realizar muitas de suas próprias ambições. (60.2).

Seu casamento com Messalina terminou com a morte prematura desta. Embora lhe tenha dado um filho, Britânico, Messalina não era das mais fiéis. Quando um potencial pretendente desdenhou dos avanços dela, Narciso contou a Cláudio que o jovem tinha planos de matá-lo. O homem foi executado. Depois, Messalina e seu amante Caio Sílio planejaram matar Cláudio e colocar Britânico no trono, de modo que pudessem servir depois como regentes. O complô foi desbaratado, e Narciso convenceu Cláudio de que Messalina deveria morrer. Conquanto lhe tenham dado a oportunidade de cometer suicídio, ela não conseguiu fazê-lo e acabou apunhalada até a morte. Nos seus Anais, Tácito escreveu:

... pela primeira vez, ela compreendeu o seu destino e pôs a mão no punhal. Atemorizada, ela o estava aplicando inefetivamente à própria garganta e peito, quando o golpe de um tribuno o fez perfurá-la... Cláudio ainda estava no banquete quando lhe contaram que Messalina estava morta... Ele não mostrou qualquer sinal de ódio, prazer, raiva ou tristeza. (11.38).

Claudius as Jupiter
Cláudio como Júpiter
Mark Cartwright (CC BY-NC-SA)

Morte e Sucessor

Seu casamento com Agripina (incitado por Palas a fazê-lo) foi algo de que ele se arrependeu logo após a troca de votos, porque também foi desastroso. A manipuladora Agripina (que era inclusive sua sobrinha), pretendia que o seu filho Nero fosse nomeado para ser o próximo imperador. Inicialmente, ela planejara casar Nero com a filha de Cláudio, Cláudia Otávia, mas mudou de ideia quando Nero foi adotado por Cláudio, tornando-se seu sucessor.

Assim como aqueles que o antecederam, Cláudio não morreria de causas naturais. Agripina é suspeita de sua morte, pois Cláudio morreu logo depois de comer os cogumelos envenenados que lhe foram dados por sua amada esposa. Conforme desejara sua mãe, Nero prontamente ascendeu ao trono do império, dando início a uma nova era de depravação e corrupção.

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Perguntas e respostas

Pelo que Cláudio ficou mais conhecido?

Cláudio ficou mais conhecido por executar os assassinos de Calígula e por conseguir mais terras férteis por meio da drenagem do Lago Fucino na Itália central. Ele expandiu o Império Romano para regiões mais internas do Oriente Médio e dos Bálcãs. Por último, concluiu a conquista da Mauritânia e da Bretanha.

Como Cláudio morreu?

Cláudio morreu logo depois de comer os cogumelos envenenados que lhe foram dados por sua esposa, Agripina, a Jovem.

Qual era a relação entre Cláudio e Calígula?

Cláudio tinha relações de parentesco com Calígula na medida em que era tio do ex-imperador romano.

Bibliografia

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Sobre o tradutor

Rogério Cardoso
Rogério Cardoso nasceu em Manaus, Brasil, onde inicialmente obteve um grau em Letras Portuguesas, e mais tarde se mudou para São Paulo, onde obteve um grau de mestre em Filologia Portuguesa. Ele é um entusiasta da História.

Sobre o autor

Donald L. Wasson
Donald ensina História Antiga, Medieval e dos Estados Unidos no Lincoln College (Normal, Illinois) e sempre foi e sempre será um estudante de história, dedicando-se, desde então, a se aprofundar no conhecimento sobre Alexandre, o Grande. É uma pessoa ávida a transmitir conhecimentos aos seus estudantes.

Citar este trabalho

Estilo APA

Wasson, D. L. (2011, outubro 18). Cláudio [Claudius]. (R. Cardoso, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-674/claudio/

Estilo Chicago

Wasson, Donald L.. "Cláudio." Traduzido por Rogério Cardoso. World History Encyclopedia. Última modificação outubro 18, 2011. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-674/claudio/.

Estilo MLA

Wasson, Donald L.. "Cláudio." Traduzido por Rogério Cardoso. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 18 out 2011. Web. 30 out 2024.