O Massacre Indígena de 1622

Definição

Joshua J. Mark
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 02 Março 2021
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
Jamestown Massacre, 1622 (by Internet Archive Book Images, Public Domain)
O Massacre de Jamestown, 1622
Internet Archive Book Images (Public Domain)

O Massacre Indígena de 1622 foi um ataque aos povoados da Colônia da Virgínia pelas tribos da Confederação Powhatan, lideradas por Opchanacanough (1554-1646) e seu irmão, Opitchapam (m. c. 1630), resultando na morte de 347 colonos. O crédito a estes resultados é sempre dado a Opchanacanough, com Opitchapam atuando num papel secundário.

O ataque foi cuidadosamente planejado e executado com tal velocidade e precisão que somente um povoado, Jamestown, recebeu o alerta e foi capaz de preparar suas defesas. De um total de aproximadamente 1.250 colonos ingleses, 347 foram mortos em 22 de março de 1622, a maioria antes do meio-dia, e outras centenas morreriam nos meses seguintes de desnutrição, fome e doença, devido à destruição de suas plantações, bem como aos novos conflitos periódicos com os nativos.

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O ataque foi uma completa surpresa e uma vitória militar total para a Confederação Powhatan. A paz havia sido estabelecida entre os colonos e os nativos desde o fim da Primeira Guerra Powhatan, em 1614. Nativos e colonos faziam parcerias comerciais, visitavam-se mutuamente e os nativos tornaram-se convidados frequentes nas casas dos colonos. Desde 1610, porém, os europeus começaram a sair dos limites de seu povoado original, em Jamestown, tomando mais e mais terras da Confederação, cometendo abusos, roubando comida e permitindo que animais de criação destruíssem plantações e profanassem sítios sagrados onde aconteciam rituais nativos. O ataque de Opchanacanough tinha três objetivos:

  • Demonstrar o poderio militar da Confederação Powhatan.
  • Desmoralizar os colonos ingleses.
  • Encorajá-los a reunir seus pertences e retornar à terra natal.

Os dois primeiros objetivos foram cumpridos, mas, em vez de ir embora, os colonos se entrincheiraram e contra-atacaram na Segunda Guerra Powhatan (1622-1626), que acabaram vencendo. Em consequência, o comércio com certas tribos foi desencorajado e mais terras foram tomadas para plantações de tabaco. Opchanacanough lançou outra ofensiva em 1644, deflagrando a Terceira Guerra Powhatan (1644-1646), que terminou somente quando foi capturado e morto.

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Em seguida a este conflito, o Tratado de 1646 dissolveu a Confederação Powhatan e resultou no sistema de reservas para as tribos nativas americanas na região. O massacre de 1622 também influenciou as relações anglo-nativas em todas as colônias inglesas do continente, contribuindo para as políticas inglesas e campanhas militares durante a Guerra Pequot (1636-1638) e a Guerra do Rei Filipe (1675-1678), na Nova Inglaterra, e na elaboração das leis referentes aos nativos americanos subsequentes.

Jamestown e a Confederação Powhatan

A Colônia de Jamestown da Virgínia foi fundada pelos ingleses em 1607 e sem demora entrou em conflito com as tribos nativas da Confederação Powhatan. Estas tribos viviam na região que conheciam como Tsenacommacah (“terra densamente povoada”) há milhares de anos, e suas tradições culturais estavam estreitamente relacionados a ela. Os espanhóis chegaram às Índias Ocidentais em 1492 e então colonizaram as Américas Central e do Sul, estendendo seu alcance até o moderno estado da Flórida e reivindicando a posse da costa oeste da América do Norte até o atual estado de Nova York. Porém, não colonizaram acima da Flórida, e limitavam-se a ataques rápidos ao longo da costa, sequestrando nativos para vendê-los como escravos.

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As relações ficaram mais tensas devido aos contínuos abusos dos colonos, que roubavam comida e terras dos nativos.

Os ingleses, que chegaram tarde em suas iniciativas de colonização do chamado Novo Mundo, fundaram a Colônia Roanoke em 1585 e novamente em 1587, na Virgínia, mas não sobreviveram além de 1590. Os nativos, portanto, já conheciam os europeus por volta de 1607 e os contatos não haviam sido nada agradáveis. A Confederação Powhatan, liderada pelo Chefe Powhatan (também conhecido como Wahunsenacah, c. 1547 - c. 1618) não se importou com os ingleses a princípio, porque eles tinham escolhido um pântano de terras inutilizáveis para seu assentamento e, além disso, pensou que os recém-chegados poderiam servir como aliados contra os espanhóis e outras tribos hostis. Portanto, ordenou a seu povo que suprisse os colonos mal equipados e ineptos com comida e outros suprimentos.

Os colonos passaram a esperar este tipo de assistência, em vez de aprender a se virar sozinhos. O capitão John Smith (1580-1631) estabeleceu um bom relacionamento funcional com o Chefe Powhatan em 1607, mas, por volta de 1609, graças aos contínuos abusos dos colonos, através do roubo de terras e comida dos nativos, as relações se deterioraram. O próprio Smith, a despeito de seus esforços iniciais em beneficiar as tribos, com o tempo participou do roubo de comida e deixou a colônia em outubro de 1609, rumo à Inglaterra, sem informar ao líder tribal sobre a partida.

Com Smith fora da colônia, os colonos aumentaram o roubo de alimentos e ocuparam ainda mais terras fora dos limites de Jamestown, pois consideravam os nativos como súditos do monarca inglês, como eles próprios. Estas ações levaram o Chefe Powhatan a ordenar que permanecessem dentro do povoado e a dar aos seus guerreiros permissão para matar qualquer um que encontrassem fora das fortificações. A ordem do Chefe Powhatan contribuiu para o que é conhecido como o Tempo da Fome na história de Jamestown, durante o qual mais de 80% dos colonos morreram.

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Jamestown Settlement - English Homes
Povoado de Jamestown - Casas Inglesas
Bill Barber (CC BY-NC)

Em maio de 1610, o novo governador, Sir Thomas Gates (c. 1585-1622) chegou e, logo depois, o aristocrata Thomas West, Lorde De La Warr (1577-1618). West discordou da abordagem inicial de Smith no trato com os nativos e instituiu uma política sem acordos que levou à Primeira Guerra Powhatan (1610-1614), uma série de ataques de guerrilha e contra-ataques que resultou em muitas mortes em ambos os lados.

Paz de Pocahontas

Os nativos eram melhores guerrilheiros e seus arcos mais efetivos do que os mosquetes dos colonos, que levavam mais tempo para recarregar do que o necessário para o arqueiro powhatan disparar outra flecha. Os europeus, porém, tinham um aparentemente infinito suprimento de pessoas que continuavam chegando para substituir os mortos, enquanto as tribos da confederação não podiam se dar a este luxo. Os colonos continuamente despojavam os nativos de suas terras, atacando uma vila, matando seus habitantes e a fortificando, desta forma privando as populações nativas de terra e recursos que seriam úteis na guerra, além de alargar a zona de amortecimento entre os povoados ingleses e as vilas dos indígenas.

Enquanto a guerra prosseguia, mais e mais colonizadores chegavam com mosquetes e canhões e povoados começaram a ser fundados no interior. Um dos colonos que chegaram em maio de 1610, com Gates, foi John Rolfe (1585-1622), trazendo sementes híbridas de tabaco, com as quais iniciou suas plantações. Seu tabaco tornou-se a cultura mais lucrativa da colônia e, por volta de 1614, ele estava rico, com um grande latifúndio além do rio, na Colônia Henricus, ao norte de Jamestown. West adoeceu em 1613 e retornou à Inglaterra, após transferir o poder para Sir Samuel Argall (c. 1580-1626), que manteve sua política. Naquele mesmo ano, Argall sequestrou Pocahontas (c. 1596-1617), filha do Chefe Powhatan, mantendo-a em troca de resgate em Henricus.

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Reconstruction of a Colonist's Home, Henricus Colony
Reconstituição de uma Casa de Colono da Colônia Henricus
Jerrye & Roy Klotz, MD (CC BY-SA)

O Chefe Powhatan concordou com os termos de sua libertação e enviou a Argall as ferramentas, armas e prisioneiros exigidos, mas, ainda assim, o inglês alegou que ele não tinha honrado o acordo e manteve Pocahontas na colônia. Ela se converteu ao cristianismo, adotando o nome de Rebeca, e se casou com John Rolfe em abril de 1614. O Chefe Powhatan e as autoridades coloniais aprovaram a união e, graças a isso, a Primeira Guerra Powhatan chegou ao fim. Os oito anos seguintes tornaram-se conhecidos como a Paz de Pocahontas, durante a qual o comércio entre colonos e nativos floresceu e as transações envolvendo terras tiveram, em sua maior parte, concordância de ambos os lados.

A Preparação para o Massacre

Pocahontas, Rolfe e seu jovem filho, Thomas Rolfe (1615 - c. 1680) partiram para a Inglaterra em 1616, numa excursão promocional para gerar novos investimentos na colônia. Pocahontas morreu em 1617, quando estavam voltando para a Virgínia, e Thomas ficou sob os cuidados do irmão de Rolfe, na Inglaterra. O Chefe Powhatan manteve a paz em honra ao seu neto, mas abdicou da chefia logo após a morte da filha. Seu irmão, Opitchapam, o substituiu na chefia, mas não era tão poderoso ou popular entre as tribos quanto o meio-irmão de Wahunsenacah, Opchanacanough. Este tornou-se então o Chefe Powhatan e Wahunsenacah morreu logo depois, em algum momento no ano de 1618.

Quando Pocahontas viajou para a Inglaterra, Wahunsenacah havia enviado com ela vários membros de sua família e da tribo, incluindo seu cunhado Tomocomo, um de seus homens santos e conselheiros. Ele deveria observar os ingleses em sua própria terra e fazer um relatório quando retornasse. De acordo com os relatos coloniais ingleses, Tomocomo criticou duramente os ingleses perante o conselho de anciãos e chefes, afirmando que não se podia confiar neles mas, após ser contestado em suas alegações por uma delegação colonial, teria voltado atrás, envergonhado. Estes relatos tornam-se suspeitos, porém, já que foram escritos pelos colonos – de fato, pouco confiáveis – em justificativa para as atrocidades cometidas contra os nativos posteriormente.

Opchanacanough parece ter aceitado as palavras de Tomocomo como verdade e planejou de acordo. A Paz de Pocahontas ainda se mantinha em 1619 e os acordos comerciais estimulavam as relações amigáveis entre os imigrantes e as tribos indígenas. Em 1611, após a fundação da colônia de Henricus por Sir Thomas Dale (c. 1560-1619), a primeira instituição de ensino da América do Norte foi criada nas proximidades, com o propósito de educar os jovens nativos americanos no cristianismo e na cultura europeia. A conversão de Pocahontas encorajou a esperança de que mais nativos viessem a seguir seu exemplo e houve esforços renovados para evangelizar os nativos.

Baptism of Pocahontas
Batismo de Pocahontas
John Gadsby Chapman (Public Domain)

Opchanacanough aproveitou estas iniciativas, estimulando seu povo a demonstrar interesse na conversão - e ele próprio deu o exemplo -, o que levou os colonos a acreditar ainda mais nas intenções pacíficas dos nativos. Os Registros da Companhia da Virgínia (o grupo que financiou a expedição de Jamestown em 1607 e ainda controlava a colônia) deixam claro que, em 1621, as relações entre colonos e nativos eram melhores do que nunca. O relatório, escrito após o massacre, descreve o período que o antecedeu:

[Recebemos informações de Opchanacanough de que] ele mantinha a paz tão firmemente que seria mais fácil o céu desmoronar do que ela se dissolver. Sim, tal foi a dissimulação traiçoeira daquele povo que tinha tramado nossa destruição, que mesmo dois dias antes do massacre, alguns de nossos homens foram conduzidos através da floresta por eles em segurança [...] e muitas outras passagens semelhantes, que antes aumentaram nossa confiança anterior, de alguma forma, sem gerar a menor suspeita da violação da paz ou do que se seguiu imediatamente; Sim, eles pediram emprestado nosso próprios botes para se transportar através do rio a fim de promover o assassinato demoníaco que se seguiu para nossa total extirpação, que Deus, em sua misericórdia, evitou. (550)

John Rolfe estava casado novamente naquela época e de volta à sua plantação, fazendo viagens regulares através do rio para Henricus. A primeira pauta de debates da Câmara dos Burgueses, criada em 1619, foi a análise de uma infração cometida por um rico proprietário de terras contra nativos americanos. Em 1621, o chefe da guerra de Opchanacanough, Nemattanew (m. 1621), acabou morto pelos colonos após ser acusado de assassinar e pegar as roupas de um deles. Opchanacanough não tomou providências, afirmando que seu homem havia sido morto de forma justa (ainda se debate sobre o que exatamente ele quis dizer com isso) e deixando o assunto de lado.

O Massacre

Mais ou menos da mesma época, ele e seu irmão Opitchapam adotaram "nomes de guerra" em preparação para o ataque e convocaram as tribos para participar de uma cerimônia em homenagem póstuma a Wahunsenacah. Este evento não despertou suspeitas entre os colonos na época mas, depois, eles chegaram à conclusão de que se tratava de um pretexto para que o Chefe Powhatan pudesse reunir todos os chefes tribais e coordenar o ataque. Neste período, conforme se conjecturou posteriormente, os nativos reuniram informações sobre em quais povoados estariam certos colonos, quem estaria trabalhando nos campos e quanto tempo um ataque em larga escala levaria para ser completado etc.

Indian Massacre of 1622
Massacre Indígena de 1622
Matthaeus Merian (Public Domain)

A manhã de 22 de março de 1622, Sexta-Feira Santa, começou como qualquer outra, com os colonos indo trabalhar em suas fazendas ou lojas. O estudioso Charles C. Mann descreve os eventos que se seguiram:

Bem cedo naquela manhã, os indígenas infiltraram-se nos povoados europeus, batendo nas portas e pedindo que os deixassem entrar. Em sua maioria, eram visitantes frequentes. Vieram desarmados. Muitos aceitaram uma refeição ou uma bebida. Então apanharam qualquer utensílio que estivesse à mão – faca de cozinha, panela do cozido, as armas dos colonos – e mataram todos na casa. O assalto foi brutal, amplo e bem planejado. Tão ligeiros foram os golpes que muitos colonos morreram sem saber que estavam sob ataque. Famílias inteiras caíram. Casas queimavam através do que havia sido Tsenacomoco. No último minuto, vários indígenas contaram a seus amigos ingleses sobre o ataque, dando-lhes condições de organizar a defesa de Jamestown. Ainda assim, os atacantes mataram pelo menos 325 pessoas. (89)

O número exato de mortos é difícil de determinar, mas geralmente citam-se 347 vítimas. A faculdade, hospital e a colônia de Henricus foram completamente destruídos e todos os habitantes assassinados (incluindo, presumivelmente, John Rolfe). Povoados queimavam por toda a região e os colonos sobreviventes ficaram em estado de choque e incapazes de reagir. Tinham se acostumado a pequenos conflitos que irrompiam e rapidamente eram resolvidos; nenhum deles podia conceber a escala daquilo que haviam sofrido.

Consequências e Resposta

Opchanacanough esperava que a resposta ocorreria com os colonos voltando para sua terra natal com rapidez, mas tinha julgado mal seu oponente.

Neste ponto, Opchanacanough poderia ter eliminado os sobreviventes com facilidade. Aqueles do lado de fora de Jamestown seriam facilmente mortos, pois não dispunham de defesas, e o povoado podia ser incendiado, matando-se os colonos à medida que tentavam escapar das chamas; em vez disso, ele aguardou por uma resposta. Era sua esperança de que esta resposta tomasse a forma da partida ligeira dos colonos de volta à terra natal - ou seja, o que uma tribo nativo americana faria -, mas tinha julgado mal o seu oponente.

Os colonos começaram a se reagrupar e reconstruir e a fazer negócios novamente com as tribos que os haviam atacado. Na prática, não tinham muitas opções, já que suas plantações haviam sido queimadas. Mann comenta:

Como resultado [do massacre], mais setecentas pessoas pereceram. O ataque prejudicou o plantio de primavera e, com isso, a safra de milho foi ainda menor do que o normal. Enquanto isso, ela [Companhia da Virgínia] tentava reconstruir Jamestown enviando mil novos colonos. Incrivelmente, eles vieram para a Virgínia sem suprimentos alimentícios. (90)

Os reforços não podiam ajudar contra as táticas de guerrilha dos nativos na Segunda Guerra Powhatan, e, assim, os colonos decidiram trapacear. Convocaram uma conferência de paz na qual envenenaram o vinho e, com os chefes caídos, atacaram os guarda-costas e participantes, matando mais de 200 deles. A guerra continuou até que Opchanacanough pediu a paz em 1626, mas as hostilidades continuaram até 1629 e mesmo no ano seguinte, em algumas regiões.

Conclusão

As notícias sobre o massacre chegaram à Inglaterra em junho de 1622 e o rei Jaime I da Inglaterra (r. 1603-1625) ficou ultrajado. Ele dissolveu a Companhia da Virgínia e assumiu o controle direto da colônia através de uma Carta Régia, afirmando que protegeria melhor os colonos do que a companhia. Se Jaime I realmente tinha esse objetivo não se sabe; é mais provável que quisesse controle direto das lucrativas exportações de tabaco das colônias.

Em 22 de março de 1624, a Câmara dos Burgueses reuniu-se e aprovou um decreto criando um feriado em 22 de março para lembrar o massacre. Ao tornar a data um feriado solene – durante o qual os eventos do massacre seriam recontados – os colonos asseguravam-se de que os recém-chegados vivenciariam tudo através dos relatos em primeira mão dos sobreviventes e também via histórias baseadas nestes relatos. A animosidade entre os colonos e os tribos indígenas piorou à medida que as histórias do Massacre de 1622 eram contadas e recontadas. Estes relatos receberam acréscimos após Opchanacanough lançar outro ataque em 1644, matando mais de 500 colonos e iniciando a Terceira Guerra Powhatan. Este conflito terminou em 1646, com a captura do chefe e seu assassinato por um guarda da prisão, que atirou nele pelas costas.

Quando a Guerra Pequot irrompeu na Nova Inglaterra em 1636 ou a Guerra do Rei Philip, em 1675, a selvageria dos ataques coloniais foi baseada, em parte pelas histórias do Massacre Indígena da Virgínia de 1622. Os nativos passaram a ser considerados perigosos e inconfiáveis, capazes de altos níveis de dissimulação e ansiosos por matar europeus desarmados – homens, mulheres e crianças. Na verdade, os nativos tinham apenas aprendido dos colonizadores como aperfeiçoar a arte da dissimulação e trapaça.

O massacre de 1622 não foi, como os colonos o caracterizaram, um ato de “selvagens ingratos”, que tinham se beneficiado da gentileza cristã e cortesia inglesa; foi uma resposta cuidadosamente planejada e executada em resposta a anos de abuso e roubo de colonizadores ingleses fanáticos religiosos, racistas e ávidos por terras, que pouco se importavam com as almas dos indígenas pelas quais diziam orar e que, por suas próprias palavras, mal os consideravam como seres humanos. Por volta de 1622, os colonos já tinham cometido atrocidades suficientes contra os nativos para gerar uma resposta deste vulto. Ao final do século XVII, os colonos continuavam a cometer ainda mais atrocidades e, novamente, justificavam o contínuo roubo de terras dos nativos americanos e o morticínio de tribos indígenas invocando o Massacre Indígena de 1622.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Joshua J. Mark
Escritor freelance e ex-professor de filosofia em tempo parcial no Marist College, em Nova York, Joshua J. Mark viveu na Grécia e na Alemanha e viajou pelo Egito. Ele ensinou história, redação, literatura e filosofia em nível universitário.

Citar este trabalho

Estilo APA

Mark, J. J. (2021, Março 02). O Massacre Indígena de 1622 [Indian Massacre of 1622]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19446/o-massacre-indigena-de-1622/

Estilo Chicago

Mark, Joshua J.. "O Massacre Indígena de 1622." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação Março 02, 2021. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-19446/o-massacre-indigena-de-1622/.

Estilo MLA

Mark, Joshua J.. "O Massacre Indígena de 1622." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 02 Mar 2021. Web. 27 Abr 2024.