Copán

Definição

Mark Cartwright
por , traduzido por Ricardo Albuquerque
publicado em 23 Janeiro 2015
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Disponível noutras línguas: Inglês, francês, espanhol
Ball Court, Copan (by Adalberto Hernandez Vega, CC BY)
Quadra de Jogo de Bola, Copán
Adalberto Hernandez Vega (CC BY)

Copán está situada na planície inundável do rio do mesmo nome, na atual Honduras. Foi o mais meridional dos centros do Período Clássico Maia e, a uma altitude de 600 metros, o mais elevado. A cidade alcançou o auge do poder no século VIII, quando ostentava 20.000 habitantes. Seu centro é formado por uma plataforma artificial com 30 metros de altura, que forma uma acrópole com área de 12 acres. Outras plataformas menores a circundam, compondo um impressionante conjunto de distritos com palácios monumentais e pirâmides. Somando-se a área residencial de elite e habitações mais modestas nos arredores, Copán estendia-se por cerca de 250 acres. Está listada pela UNESCO como um Patrimônio Mundial.

Panorama Histórico

Povoado ocupado por agricultores desde cerca de 1000 a.C., Copán emergiu como um centro de maior porte no Período Clássico Inicial maia (250-550), quase certamente a partir da influência de Teotihuacan. Os governantes da cidade alegavam que sua própria dinastia teria sido fundada em 331, mas não há registro dos nomes destes antepassados. O fundador tradicional de Copán que se conhece foi na verdade K'inich Yax K'uk Mo' ("Grande Sol Arara-Quetzal"), que reinou de 426 a cerca de 437 e que provavelmente não era originário da cidade, mas de outro povoado maia, talvez Tikal. Ele foi o primeiro de uma linhagem de 16 governantes e recebeu o crédito por tornar Copán um centro de maior expressão, baseado na conquista regional e controle do lucrativo comércio local de obsidiana e jade.

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O fundador tradicional de Copán foi K’inich Yax K'uk Mo'.

O rei Fumaça Imix (o décimo-segundo governante, que reinou de 628 a 695) também administrou um período de grande prosperidade no século VII. Já o líder conhecido como Rei 18 Coelho ou Waxaklahun Ubah K'awiil (r. 695-738), novamente engrandeceu a cidade no início do século VIII. O último governante bem documentado foi Yax Pasaj Chan Yopaat, cuja mãe provinha de Palenque e que teve seu reino encerrado em 820. Apesar do declínio subsequente, não há grandes sinais de destruição e existem evidências (embora controvertidas) de que os membros da elite governante de Copán teriam sobrevivido ao colapso geral maia, que ocorreu entre c. 760 e c. 910, mantendo seu poder até o ano 1000.

Copán fundou e acabou competindo por séculos com uma cidade próxima, Quirigua. O rei Dezoito Coelho acabou capturado e decapitado por Chan Yopaat, líder da cidade rival, em 738, possivelmente enquanto fazia campanhas para obter vítimas sacrificiais. A cidade conseguiu se recuperar deste golpe e inclusive expandiu a acrópole, mas a longo prazo Quirigua ganhou em proeminência e Copán nunca mais desfrutou do poder e prosperidade do período das dinastias Yak K'uk Mo'.

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Copan Site Plan
Planta do Sítio de Copán
Arjuno3 (CC BY-SA)

Arquitetura

De forma singular, o centro de Copán abriga poucos edifícios, construídos com a utilização de materiais locais - tufo, andesite e blocos de calcário -, cimentados com lama e decorados com estuque. Existem várias estruturas piramidais, um campo de jogo de bola e a Escadaria dos Hieróglifos, tudo seguindo um eixo norte-sul. Muitas das estruturas foram deliberadamente instaladas para aproveitar panoramas específicos dos vales próximos, notavelmente o campo de jogo de bola, com seus marcadores de pedra no formato de araras. A ação do rio Copán removeu uma porção considerável do lado leste do sítio principal, especialmente a grande escadaria, mas o que permaneceu é suficiente para indicar uma grande prosperidade.

A Escadaria dos Hieróglifos é uma larga série de 63 degraus que dá acesso ao palácio principal e centro cerimonial da cidade, que data do século VI. Foi construída na primeira metade do século VIII e é rica tanto em relevos quanto em esculturas arredondadas, uma característica de Copán. Seu nome deriva dos 2.500 glifos que a adornam e que narram a história da dinastia do Período Clássico Tardio, constituindo um dos mais longos textos maias que restaram. Os degraus são interrompidos por cinco governantes de Copán e prisioneiros, enquanto no topo há um santuário para Yax K'uk Mo'.

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Os reis de Copán do século VIII construíram túmulos com elaboradas decorações em estuque, os quais eram então deliberadamente cobertos por pirâmides menos ornamentadas, em alguns casos por várias vezes. Um exemplo é a Estrutura 16, o maior edifício e o mais antigo monumento funerário. Trata-se de uma pirâmide de nove níveis, dentro da qual há dois edifícios funerários, conhecidos como Rosalila e Margarita. O Templo 16 teve escavações adicionais em 1996-7 e em seu interior descobriu-se a estrutura mais antiga na pirâmide, um pequeno templo em plataforma no estilo de Teotihuacan, dentro do qual havia o túmulo de um homem com mais de 50 anos. Como se sabe agora que o templo era dedicado ao culto de Yax K'uk Mo', os restos mortais são considerados como sendo deste próprio grande líder. A análise isotrópica dos dentes sugere que o homem veio das proximidades de Tikal. O túmulo vizinho de Margarita, o mais rico de Copán, é atualmente considerado como sendo da viúva de Yax K'uk Mo'.

Outra construção importante de Copán é o retangular Templo 22, com sua estreita entrada em degraus. Ele tem fachadas com máscaras em todos os quatro lados e está datado de antes de 780. A entrada é emoldurada por uma máscara de serpente gigante, de forma que o portal parece ser a boca aberta da criatura, com presas no umbral e dos lados. Esta é uma técnica comum entre os maias para reproduzir os acessos a cavernas sagradas e pode representar especificamente a entrada da montanha sagrada ao submundo de Xibalba, o mundo subterrâneo mitológico. As esquinas foram decoradas adicionalmente com deuses do milho. Também pode-se destacar a Estrutura 22a, construída como um popol na ou casa do conselho, na qual os nobres aconselhavam o rei e que possui um peixe na fachada, possivelmente o símbolo de uma família da nobreza.

Stela D at Copan by Catherwood
Estela D de Copán, por Catherwood
N/A (CC BY-SA)

Arte e Cerâmica

A arte de Copán está bem representada por 14 altares, alguns dos quais comemoraram unidades do calendário maia, e por mais de 60 estelas esculpidas de forma elaborada, retratando líderes da cidade (especialmente o Rei Dezoito Coelho). Várias das estelas mais novas estão postadas acima de um pequeno aposento cruciforme que contém oferendas votivas. Algumas foram instaladas de forma a criar linhas de visão conectadas a datas solares importantes no ano agrícola. Um excelente exemplo de escultura em três dimensões produzidas pelos artistas de Copán inclui um deus escriba macaco com meio metro de altura e um busto em pedra do jovem deus do milho do Templo 22.

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A partir de c. 800, Copán começou a produzir seu próprio estilo de cerâmica, exportado e até mesmo imitado, notavelmente na região ocidental de El Salvador. Este estilo, chamado de cerâmica Copador, distingue-se pela superfície brilhante (pela presença de hematita nos pigmentos) e figuras estilizadas humanas e de pássaros. Outras descobertas incluem o "Deslumbrante", um recipiente redondo com tampa e três pés que retrata um governante de Copán e um templo. O vasilhame é brilhantemente colorido e a argila veio do distante México Central. O Altar Q possui figuras em relevo de 16 reis de Copán, incluindo Yax Kúk Mo' (usando uma espécie de óculos típicos de um deus da guerra de Teotihuacan), entregando o cetro do poder para Yax Pasaj Chan Yopaat, que o inaugurou em 776. Finalmente, há vários objetos relacionados ao jogo de bola mesoamericano que indicam influência de Veracruz.

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Sobre o tradutor

Ricardo Albuquerque
Ricardo é um jornalista brasileiro que vive no Rio de Janeiro. Seus principais interesses são a República Romana e os povos da Mesoamérica, entre outros temas.

Sobre o autor

Mark Cartwright
Mark é autor, pesquisador, historiador e editor em tempo integral. Seus principais interesses incluem arte, arquitetura e descobrir as ideias que todas as civilizações compartilham. Ele possui mestrado em Filosofia Política e é diretor editorial da WHE.

Citar este trabalho

Estilo APA

Cartwright, M. (2015, Janeiro 23). Copán [Copan]. (R. Albuquerque, Tradutor). World History Encyclopedia. Obtido de https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12563/copan/

Estilo Chicago

Cartwright, Mark. "Copán." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. Última modificação Janeiro 23, 2015. https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-12563/copan/.

Estilo MLA

Cartwright, Mark. "Copán." Traduzido por Ricardo Albuquerque. World History Encyclopedia. World History Encyclopedia, 23 Jan 2015. Web. 26 Abr 2024.